Bolsonaro chama de ‘canalha’ quem é contra o tratamento precoce para a covid-19

Presidente voltou a defender medicamentos sem comprovação cientifica para tratar a doença

Postado em: 05-05-2021 às 15h42
Por: Luan Monteiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Bolsonaro chama de ‘canalha’ quem é contra o tratamento precoce para a covid-19
Presidente voltou a defender medicamentos sem comprovação cientifica para tratar a doença | Foto: Reprodução

Luan Monteiro

O presidente Jair Bolsonaro (Sem partido), voltou a defender medicamentos sem comprovação cientifica para tratar o novo coronavírus. Nesta quarta-feira (05/05), o presidente caracterizou quem é contra o conhecido “tratamento precoce” como ‘canalhas’.

“Canalha é aquele que é contra o tratamento precoce e não apresenta alternativa. Esse é um canalha. O que eu tomei [para tratar a Covid], todo mundo sabe. Ouso dizer que milhões de pessoas fizeram esse tratamento. Por que é contra?”, disse Bolsonaro na manhã desta quarta-feira (05).

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O presidente disse, também, que espera que o Senado investigue o resultado do uso da Hidroxocloroquina durante o colapso da saúde em Manaus. “Espero que a experiência de Manaus com doses cavalares de hidroxicloroquina seja completamente desnudada pelos senadores. Por que não se investe em remédio? Por que é barato demais? É lucrativo para empresas farmacêuticas ou para laboratórios investir no que é caro? Nós conhecemos isso”, complementou.

Ao fim do discurso, Bolsonaro insinuou que o novo coronavírus pode ter nascido em laboratório, na China. “É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês”, concluiu.

Decreto

Durante o discurso, Bolsonaro disse que avalia editar um decreto para que ele garanta direito de “ir e vir” à população.

“Nas ruas, já se começa a pedir, por parte do governo, que se baixe um decreto. Se eu baixar um decreto, ele vai ser cumprido. Não será contestado por nenhum tribunal”, afirmou Bolsonaro.

O texto seria um instrumento para garantir que o Artigo 5º da Constituição seja respeitado por estados e municípios, e que seja assegurada a liberdade de ir e vir, trabalhar e realizar atividades econômicas no contexto da pandemia, explicou o presidente.

“Queremos a liberdade de fluxo. Queremos a liberdade para poder trabalhar. Queremos o nosso direito de ir e vir. Ninguém pode contestar isso”, acrescentou.

“O que o povo quer de nós é que sigamos o norte dado para esse povo, e todo o Artigo 5º. Eles querem trabalhar. Isso é crime? Querem o direito de ir e vir, ir à praia, ver um amigo. Querem o direito de ver um pastor, ir à igreja, ver seu padre. Que poder é esse dado a governadores e prefeitos?”, questionou.

CPI

No último dia 27 de abril, o Senado instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigar as omissões do Governo Federal na pandemia da Covid-19. Na última terça-feira (04/05), o ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, prestou depoimento por mais de 7 horas no Senado.

Durante seu depoimento, o ex-ministro apresentou uma carta enviada ao presidente Jair Bolsonaro em março de 2020, onde suspostamente alerta sobre os perigos da pandemia do novo covid-19. “Em que pese todo o esforço empreendido por esta pasta par a proteção da saúde da população e preservação de vidas no contexto da resposta à pandemia do Covid 19, as orientações e recomendações não receberam apoio deste governo federal”, diz trecho do documento.

Já nesta quarta-feira (05), o também ex-ministro, Nelson Teich, depôs na Comissão. Durante o depoimento, Teich disse que não tinha autonomia para gerir o ministério da saúde. “As razões da minha saída do ministério são públicas, elas se devem basicamente a constatação de que eu não teria autonomia e liderança que imaginava indispensáveis ao exercício do cargo. Essa falta de autonomia ficou mais evidente em relação às divergências com o governo quanto à eficácia e extensão do uso do medicamento cloroquina para o tratamento da Covid-19”, disse o ex-ministro.

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