Pazuello diz que informou Bolsonaro sobre negociações com a Pfizer

Ex-ministro revelou que contatos com a empresa começaram em maio de 2020, mas contrato só foi fechado em março de 2021.

Postado em: 19-05-2021 às 14h15
Por: Luan Monteiro
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Ex-ministro revelou que contatos com a empresa começaram em maio de 2020, mas contrato só foi fechado em março de 2021 | Foto: Senado

Durante depoimento a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta quarta-feira (19/05), o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que informou o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido), “o tempo todo”, sobre as negociações com a Pfizer.

“O presidente da República era informado o tempo todo sobre as minhas conduções. Todas elas, não só da Pfizer. Quando eu ia despachar com ele. Durante todo o processo eu despachava com o presidente periodicamente e, nessas conversas, eu falava como estavam as negociações, inclusive com a Pfizer. Ele foi informado por mim, em todo o processo, que começou em julho [de 2020] até março [de 2021], quando contratamos a Pfizer”, afirmou Pazuello.

Pazuello disse que o governo não aceitou as ofertas da farmacêutica em 2020 porque considerou o preço das doses caros em relação a outras negociações que estavam sendo realizadas. O ex-ministro detalhou, também, o contrato oferecido pela farmacêutica e disse que cláusulas não agradavam o governo federal. “A Pfizer trouxe 10 dólares a dose, e estávamos negociando 3,75 dólares [com outros laboratórios]. Era três vezes mais caro. Uma vacina três vezes mais cara, com todas essas cláusulas e com quantitativos que eram, a meu ver, muito inferiores”, explicou.

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Carta

Na última quinta-feira (13), o executivo da Pfizer, Carlos Murillo, revelou a CPI que a farmacêutica fez seis ofertas ao governo federal, sendo, a maior delas, a que previa 70 milhões de doses, que não foi respondida pelo governo.

“Nossa oferta de 26 de agosto, como era vinculante, e como estávamos nesse processo com todos os governos [de outros países] tinha validade de 15 dias. Passados esses 15 dias, o governo do Brasil não rejeitou, mas tampouco aceitou”, afirmou executivo.

O governo só fechou contrato com a empresa em 19 março de 2021, ápice da pandemia no país. As primeiras doses do imunizante fabricados pela Pfizer só começaram a chegar ao país no fim de abril.

Segundo Murillo, a empresa ofereceu, em agosto, três propostas para o governo. Todas elas ficaram sem resposta. Estas ofertas previam um contrato de 30 ou 70 milhões de doses da vacina.

1ª proposta, feita em 14 de agosto de 2020

  • 500 mil doses ainda em 2020
  • 1,5 milhão de doses no 1º trimestre de 2021
  • 5 milhões de doses no 2º trimestre de 2021
  • 33 milhões de doses no 3º trimestre de 2021
  • 30 milhões de doses no 4º trimestre de 2021

2ª proposta, feita em 18 de agosto de 2020

  • 1,5 milhão de doses ainda em 2020.
  • 1,5 milhão de doses no 1º trimestre de 2021
  • 5 milhões de doses no 2º trimestre de 2021
  • 33 milhões de doses no 3º trimestre de 2021.
  • 29 milhões de doses no 4º trimestre de 2021

3ª proposta, feita em 26 de agosto de 2020

  • 1,5 milhão de doses para 2020
  • 3 milhões de doses para o 1º trimestre de 2021
  • 14 milhões de doses para o 2º trimestre de 2021
  • 26,5 milhões de doses para o 3º trimestre de 2021
  • 25 milhões de doses para o 4º trimestre de 2021

Em todas as ofertas, o preço estabelecido pela empresa foi de US$ 10 por dose.

No depoimento, Carlos Murillo afirmou, também, que a empresa voltou a fazer propostas ao governo em novembro, que também não foram aceitas pelo governo.

Proposta de 11 de novembro

  • 2 milhões de doses para o 1º trimestre de 2021
  • 6,5 milhões de doses para o 2º trimestre de 2021
  • 32 milhões de doses para o 3º trimestre de 2021
  • 29,5 milhões de doses para o 4º trimestre de 2021

Proposta de 24 de novembro

  • Mesma previsão de doses da proposta de 11 de novembro

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