Mayra Pinheiro, a capitã Cloroquina, nega que defendeu imunidade de rebanho

Durante o depoimento à CPI da Covid no Senado, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde,

Postado em: 25-05-2021 às 11h26
Por: Pedro Jordan
Imagem Ilustrando a Notícia: Mayra Pinheiro, a capitã Cloroquina, nega que defendeu imunidade de rebanho
Secretária do Ministério da Saúde se contradiz em depoimento da CPI do Covid-19. Foto : Reprodução

Durante o depoimento à CPI da Covid no Senado, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, nega que tenha apoiado o uso da tese de imunidade de rebanho. Conhecida como “Capitã Cloroquina”, a médica pediatra foi contraditória no depoimento, pois foi mostrado durante a CPI um vídeo onde ela afirma que o isolamento atrapalhou a estratégia do Ministério da Saúde, pois ela defende na fala deste vídeo que as escolas e comércios deveriam continuar abertos, e só os idosos se isolarem em casa.

De acordo com Mayra, as escolas deveriam continuar funcionando, pois segundo ela, as crianças pegariam a doença de maneira assintomática, e que elas não precisavam se isolar. “Eu falo como pediatra que os pequenos poderiam perder, eu acho que o efeito rebanho não pode ser usado com toda a população”, salienta.

O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSB – AM) perguntou a ela se houve alguma influência de alguns dos ministros que passaram pela pasta, ou do presidente sobre adotar a medida de imunidade de rebanho ou do uso da cloroquina como protocolo. Ela afirmou que sobre a imunidade não foi repassada essa orientação, e que sobre a cloroquina, foi adotado apesar da orientação diferente da Organização Mundial de Saúde (OMS), por conta de que cada país tem autonomia em suas ações.

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Quando indagada pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB AL), sobre o uso de medicamentos como cloroquina, invermectina, dentre outros, e sua recomendação para o protocolo de uso no SUS. Ela falou que é contra o uso nos casos já mais graves, pois há comprovação que não há eficácia nessas situações, mas que no começo da contaminação pode contribuir e tem sido utilizado em alguns países.

Renan indagou sobre quais pesquisas que foram utilizadas para adotar esse uso dos medicamentos de tratamento precoce, e Mayra cita que foram administradas doses seguras para garantir que não houvesse riscos aos pacientes que fossem submetidos aos mesmos.

Crise de Manaus

A secretária foi autorizada pelo Superior Tribunal Federal (STF) a ficar em silêncio quando houverem perguntas sobre a crise do oxigênio no estado do Amazonas, que ocorreu no período de dezembro de 2020 e janeiro de 2021, pois ela é réu nesse inquérito.

Renan perguntou sobre a questão de transferência dos pacientes de Manaus para outros municípios do país, pedindo números de pacientes transportados, de quantos foram vitimados sem leito de UTI, porém, a secretária não sabia responder a quantidade exata.

De acordo com documento lido pelo relator, um documento enviado ao governo do Amazonas em que diz como “inadmissível” a não adoção do uso da Cloroquina como medicamento no tratamento do Coronavírus. Mayra confirmou a informação, e que a culpa da crise foi a não adoção das orientações do ministério da saúde. “Foram muitos problemas, não vim para apontar responsabilidades, só para relatar o que eu vi”, reforça

Mayra afirmou que o Ministério da Saúde não tem nenhuma responsabilidade sobre essa crise, pois segundo ela, no Amazonas não havia nenhum planejamento, não haviam testes, pacientes com e sem covid-19 ficavam misturados, e ela reforça que, os agentes de saúde de Manaus foram dispensados, eram mais de 1.200 segundo ela.

Outra contradição no depoimento de Mayra é que ela cita que tomou conhecimento sobre o desabastecimento de Oxigênio pelo Ministro no dia (08/01/21), porém, o Pazuello “que era o ministro na época” afirmou na CPI que ficou sabendo do problema no dia (10/01/21). “O próprio ministro falou aqui que soube da falta de oxigênio na capital amazonense no dia 10, a senhora fala que ele lhe falou no dia oito, não tem como ele ter lhe falado dois dias antes da data em que ele afirma ter ficado sabendo”, comenta Calheiros.

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