“Poderíamos ter sido o primeiro país do mundo a ser vacinado”, Dimas Covas

Nesta quinta-feira (27/05), o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, é a testemunha depoente na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Covid-19,

Postado em: 27-05-2021 às 11h44
Por: Pedro Jordan
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Diretor do Butantan aponta indefinição junto ao governo federal sobre acordo para compra de vacinas. Foto: Reprodução

Nesta quinta-feira (27/05), o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, é a testemunha depoente na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Covid-19, no senado. Em depoimento, ele afirma que em dezembro de 2020, o Butantan tinha 5,5 milhões de doses prontas e outros 4 milhões em processamento.

De acordo com Covas, até então, o contrato não havia sido assinado, o que impossibilitou que já começasse a imunização em território nacional ainda naquele mês. “O mundo começou a vacinar no dia 8 de dezembro. No final de dezembro, o mundo tinha aplicado mais de 4 milhões de doses, e tínhamos no Butantan 5,5 milhões, e mais 4 milhões em processamento. Sem contrato com o ministério. Nos podíamos ter começando antes? O Brasil poderia ter sido o primeiro pais do mundo a iniciar a vacinação, se não fossem esses percalços, tanto contratuais como de regulamentação”, reforça.

Ele comenta que os embaraços do governo federal na questão diplomática com a china, a demora da Anvisa para aprovar e a demora no fechamento do contrato contribuíram diretamente para o atraso no começo da imunização. Dimas comenta que as tratativas para compra começaram ainda no dia 20 de outubro, porém, as conversas que deveriam seguir no dia seguinte não prosseguiram. “Houve uma manifestações do presidente dizendo que a vacina não seria incorporada”, salienta.

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A primeira oferta do Butantan para o governo federal de imunizantes foi de 60 milhões, realizada em julho de 2020, porém, não foi obtida a confirmação da compra.

O contrato só foi firmado no mês de janeiro deste ano, seis meses após a primeira tentativa de acordo do Instituto Butantan com o governo federal, segundo Covas. “O Butantan poderia ter entregue 100 milhões de doses para o governo federal até este mês de maio, mas com a demora na assinatura do contrato, o prazo teve que ir para setembro”, segundo ele.

O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB – AL) indagou Dimas sobre se houve algum pedido ou de fato ajuda do governo federal quanto a investimento para poder produzir ou importar vacinas. O presidente revelou que solicitou apoio financeiro ao Ministério em agosto para estudo clínico: “Solicitei recursos, R$ 80 milhões”. Dimas reforça que não houve o apoio, mesmo com a vacina aprovada, e que para a Fio Cruz (que produz a vacina Astrazeneca) foi liberada a ajuda, antes mesmos da aprovação da Anvisa.

“O primeiro contrato de 46 milhões foi cumprido e já iniciamos o fornecimento do segundo contrato de 54 milhões de doses”, quando perguntado sobre quanto foi acordado e distribuído pelo Butantan.

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