CPI da Covid: após agitação de Flávio Bolsonaro, Witzel abandona sessão e encerra depoimento

Durante as declarações, o ex-governador culpou o governo federal pela falta de cooperação com os governantes estaduais

Postado em: 16-06-2021 às 17h14
Por: Redação
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Durante as declarações, o ex-governador culpou o governo federal pela falta de cooperação com os governantes estaduais | Foto: reprodução

Após 5 horas de depoimento para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) abandonou a sessão, nesta quarta-feira (16/6), sem encerrar sua fala. A retirada se deu após um bate-boca com o Senador Flávio Bolsonaro (Patriota), antes da saída, Witzel disse que não era “porteiro” para ser intimidado pelo parlamentar – fazendo uma suposta referência ao caso da vereadora Marielle Franco.

Em depoimento, Witzel disse que a situação da pandemia de covid-19 no Brasil poderia ser melhor caso houvesse um diálogo entre os poderes estaduais e federal. Segundo o ex-governador, houve, por parte do Ministério da Saúde (MS) “zero falta de cooperação”. Para ele, se o Brasil tivesse investido e negociado com o governo norte-americano, chinês e alemão na compra de insumos e equipamentos para a contenção do vírus, o país não estaria, hoje, à mercê dos preços dos mercados internacionais.

“Os governadores, prefeitos de grandes capitais e pequenos ficaram totalmente desamparados do apoio do governo federal, isso é realidade inequívoca documentada em várias cartas que encaminhamos ao presidente da República”, afirmou. Com a fala, Witzel sugeriu ao relator, senador Renan Calheiros (MDB), que todos os contatos realizados fossem documentos na CPI e também declarados no relatório da comissão.

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Em relação aos Hospitais de Campanha, ele declarou no depoimento que havia sofrido uma série de sabotagens por parte de alguns deputados estaduais. O ex-governador, declarou que não tinha nenhuma participação na gestão dos leitos dos hospitais no Rio de Janeiro, pois, segundo ele, os mesmos têm dono. “Os hospitais federais são intocáveis. Se a CPI quebrar os sigilos das OS que gerem os hospitais, vai descobrir quem é o dono dos hospitais”, afirmou.

Apesar do ex-governador ter sido liberado de comparecer à comissão por conta de uma convocação para falar sobre fatos os quais já é investigado, ele decidiu comparecer ao depoimento na CPI. O documento permitia que Witzel ficasse calado, assim, não precisando assumir compromisso de dizer a verdade, podendo também ser acompanhado por um advogado. O político é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em fraudes que cometidas na área da saúde durante a pandemia.

Aos senadores, Witzel reforçou que corre risco de vida ao depor na CPI, em decorrência das milícias ligadas à gestão de Saúde no Rio de Janeiro. De acordo com ele, sua crucificação teve início quando aprofundaram nas investigações do caso do assinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O ex-governador reforçou, ainda, que o motivo de seu impeachment teria sigo ocasionado, também, por mandar investigar o assassinato da vereadora.

Antes de bater-boca com Flávio Bolsonaro e abandonar a sessão da CPI, Witzel estava sendo questionado pelo senador Eduardo Girão (Podemos) sobre suspeitas de desvio de dinheiro na compra de respiradores na sua gestão. No momento, o ex-governador teria pedido ao presidente da comissão, Omar Aziz (PSD) para deixar o colegiado.

João Gabriel Palhares – Especial para O Hoje

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