Oito ministros serão investigados por terem recebido quase R$ 50 milhões

Relator da Operação ministro Edson Fachin, ordenou abertura de inquéritos contra Moreira Franco, Eliseu Padilha, Gilberto Kassab, entre outros

Postado em: 15-04-2017 às 08h00
Por: Renato
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Relator da Operação ministro Edson Fachin, ordenou abertura de inquéritos contra Moreira Franco, Eliseu Padilha, Gilberto Kassab, entre outros

Os oito ministros citados por delatores da Operação Lava
Jato serão investigados por terem recebido pelo menos R$ 48,8 milhões de forma
ilegal. Todos foram citados como envolvidos no esquema de corrupção investigado
pela força-tarefa da Lava Jato, nos depoimentos de 17 delatores da empresa
Odebrecht, que assinaram acordos de colaboração premiada com a Justiça.

O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato
no Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou a abertura de inquéritos contra os
oito ministros.

Moreira Franco e Eliseu Padilha

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O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o ministro
da Secretaria de Governo, Moreira Franco, serão investigados em um mesmo
inquérito, no qual o Ministério Público Federal apontou indícios de que ambos
pediram recursos ilegais para campanhas eleitorais do PMDB.

Eles foram citados nos depoimentos de seis delatores da
Odebrecht, incluindo o do ex-presidente-executivo do grupo, Marcelo Odebrecht.
Moreira Franco teria pedido R$ 4 milhões para a campanha de 2014, garantindo em
troca a inclusão de cláusulas favoráveis à empresa nos editais de concessão de
aeroportos. O dinheiro teria sido entregue a uma pessoa com o codinome “Primo”,
em endereços que correspondem ao escritório pessoal de Eliseu Padilha.

Padilha também será investigado em um segundo inquérito,
ligado a irregularidades em obras do Trensurb, em Porto Alegre. Segundo as delações,
ele solicitou o pagamento de 1% do valor do contrato, em decorrência de sua
possível interferência no processo licitatório, o que corresponde a R$ 3,2
milhões.

Em nota, Padilha disse que confia nas instituições
brasileiras e tem certeza de que “com a abertura das investigações lhe
será garantida a oportunidade para exercer amplamente seu direito de defesa”.
Moreira Franco disse que não comentará as informações divulgadas.

Gilberto Kassab

A maior quantia apontada nas delações teria sido recebida
pelo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto
Kassab. Ele foi apontado por quatro delatores por ter recebido cerca de R$ 20
milhões em vantagens indevidas entre 2008 e 2014, enquanto foi prefeito de São
Paulo e, depois, quando ocupou os cargos de ministro das Cidades e da Ciência e
Tecnologia do governo Dilma Rousseff.

Kassab está sendo investigado por corrupção ativa e passiva
e lavagem de dinheiro. Em nota, o ministro disse não ter tido acesso
oficialmente às informações contra ele, mas que é necessário ter cautela com
depoimentos de colaboradores. Ele afirmou que “os atos praticados em suas
campanhas foram realizados conforme a legislação”.

Blairo Maggi

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),
Blairo Maggi, é apontado pelos delatores por ter recebido R$ 12 milhões da
Odebrecht quando ele ainda era governador de Mato Grosso. O valor seria para a
campanha de reeleição do político em 2006.

Em nota, Blairo Maggi informou que não recebeu doações da
Odebrecht em suas campanhas eleitorais e não tem qualquer relação com a empresa
ou os seus dirigentes. Maggi também afirmou que tem a consciência tranquila de
que nada fez de errado.

Marcos Pereira

O ministro da Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira,
é acusado pelos delatores de ter recebido R$ 7 milhões. O dinheiro seria para
manter o apoio do partido do ministro, o PRB, à coligação que elegeu Dilma
Rousssef e Michel Temer em 2014.

O ministro Marcos Pereira disse estar à disposição da
Justiça para prestar todos os esclarecimentos necessários e que sempre agiu
dentro da lei enquanto presidente de partido, buscando doações empresariais
respeitando as regras eleitorais.

Helder Barbalho

Os delatores da Odebrecht também acusam Helder Barbalho,
ministro da Integração Nacional, de receber R$ 1,5 milhão em vantagens
indevidas não contabilizadas para sua campanha ao governo do Pará, em 2014.

Barbalho nega que tenha cometido ilegalidades e diz que todos
os recursos que recebeu como doações para sua campanha em 2014 foram
devidamente registradas junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PA), que
aprovou todas as suas contas.

Bruno Araújo

Os ex-executivos da Odebrecht dizem que pagaram R$ 600 mil
para o ministro das Cidades, Bruno Araújo, a pretexto das campanhas eleitorais
em 2010 e 2012. O dinheiro não teria sido contabilizado pela Justiça, o que
configuraria caixa 2.

O ministro das Cidades será investigado por corrupção ativa,
passiva e lavagem de dinheiro. Em nota, Bruno Araújo afirma que pediu doações a
diversas empresas, inclusive à Odebrecht, o que era permitido. E que sempre
atuou, durante o mandato, em prol dos interesses coletivos.

Aloysio Nunes

O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, é acusado
de receber R$ 500 mil para campanha ao Senado de 2010. Os delatores afirmam que
o pedido foi feito enquanto Nunes era secretário da Casa Civil do governo de
José Serra, em São Paulo. Em troca, o atual ministro teria se comprometido a
ajudar a empresa na negociação de contratos de obras de infraestrutura no
estado.

Aloysio Nunes está sendo investigado por corrupção passiva e
ativa, lavagem de dinheiro, crime contra ordem tributária e fraude em
licitação. Em nota, o ministro disse que só irá se manifestar quando tiver
acesso ao teor do inquérito. (Agência Brasil)

Foto: Marcos Oliveira (Fotos Públicas) 

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