Inquérito contra Daniel Vilela preocupa PMDB

Lideranças peemedebistas temem que presidente estadual do partido não consiga provar inocência a tempo da disputa majoritária de 2018

Postado em: 04-05-2017 às 10h10
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Inquérito contra Daniel Vilela preocupa PMDB
Lideranças peemedebistas temem que presidente estadual do partido não consiga provar inocência a tempo da disputa majoritária de 2018


Mardem Costa Jr.

Uma grande interrogação paira o PMDB goiano após o presidente estadual da legenda, deputado Daniel Vilela, ter sido relacionado como um dos investigados da chamada “Lista do Fachin”, divulgada no dia 11 de abril pelo jornal O Estado de S. Paulo. Apesar de o partido demonstrar apoio publicamente ao deputado, pré-candidato ao Governo de Goiás em 2018, nos bastidores há a preocupação de Vilela não conseguir provar a inocência a tempo da disputa majoritária e vir a desistir da postulação.

Continua após a publicidade

Além do deputado, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia e pai do parlamentar, Maguito Vilela (PMDB), também é investigado pela Procuradoria Geral da República (PGR). Em uma das delações, o diretor da Odebrecht Ambiental, Alexandre Barradas, afirmou que a empreiteira doou R$ 1,5 milhão em caixa dois para as campanhas de Maguito e Daniel  nos anos de 2012 e 2014 – R$ 500 mil na primeira e R$ 1 milhão na segunda. Ambos negam as acusações. 

Líder do PMDB na Assembleia Legislativa, José Nelto (PMDB) admite que a delação dos 78 executivos e ex-executivos da empreiteira Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato prejudica todos os políticos, mas garante que a legenda terá candidato a governador, sendo Daniel Vilela ou não. “O PMDB é forte, coeso, e tem uma base sólida. Se o Daniel não conseguir provar sua inocência a tempo de colocar sua candidatura para a sociedade, o partido tem outros nomes e vai trabalhar para a viabilização de um nome próprio”, assevera. 

Para o presidente municipal do PMDB de Goiânia, deputado Bruno Peixoto, Daniel não possui motivos para ser investigado. “Ele sequer conhece os delatores e nem era gestor para assinar algum ato para beneficiar esta ou aquela empresa. Nós acreditamos na palavra e na inocência dele, que acredito sairá ainda mais fortalecido do processo, pois está sendo acusado injustamente”, assinala.

Sobre os possíveis nomes do PMDB para 2018 em substituição à Vilela, Nelto citou os prefeitos de Catalão, Adib Elias, e de Formosa, Ernesto Roller. Questionado por O HOJE se colocaria o seu próprio nome, o peemedebista admitiu a possibilidade. “Não tenho medo de enfrentar o candidato do governo”, pontua. Entretanto, Peixoto avalia que este não é o momento para esta discussão. “Precisamos fortalecer Daniel Vilela e é isso que devemos fazer”, diz.

Apesar de um silêncio sepulcral, o senador Ronaldo Caiado (DEM) pode vir a ser um dos principais beneficiados do possível desgaste da candidatura de Daniel. Caiado conta com o apoio do prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), e pretende ser candidato a governador com o apoio do PMDB, fundamental para sua eleição ao Senado em 2014.

Procurada pela reportagem de O HOJE, a assessoria do deputado Daniel Viela garante que o deputado mantém a pré-candidatura a governador e que está tranquilo quanto à sua inocência e que dará prosseguimento aos encontros regionais, onde dialoga com as lideranças peemedebistas do interior.  

Odebrecht ganhou subdelegação de esgoto em Aparecida 

O objetivo da Odebrecht Ambiental, de acordo com Alexandre Barradas era obter obras de saneamento em Aparecida de Goiânia e em uma possível privatização do serviço de abastecimento de água municipal, hoje a cargo da Saneamento de Goiás (Saneago). 

A empresa venceu um processo de licitação em 2013, ganhando a subdelegação do serviço de esgotamento sanitário de Aparecida. O prefeito à época era Maguito Vilela, então no segundo mandato conquistado um ano antes, Outras três cidades – Trindade, Rio Verde e Jataí – também tiveram o esgoto subldelegado até 2041, e a expectativa de investimentos é de cerca de R$ 1 bilhão de reais para garantir que 90% da população destes municípios contem com a coleta e tratamento do esgoto sanitário. 

A cidade possui hoje um dos piores índices de saneamento básico entre as 100 maiores cidades brasileiras, ocupando a posição 85ª, de acordo com relatório divulgado pelo Instituto Trata Brasil – 20,9% da população tem acesso à coleta de esgoto e 66,3% recebem água tratada. À época, a Saneago alegou que não possuir condições de viabilizar as obras de universalização do esgoto com a celeridade necessária e que o contrato traria vantagens sem custo a mais ao usuário, que já arca com uma tarifa de esgotamento na fatura mensal.

Com os efeitos da Lava Jato, a Odebrecht vendeu 70% do braço de saneamento para a gestora de fundos canadense Brookfield, por R$ 2,8 bilhões no final de abril. No entanto, o negócio ainda precisa passar por procedimentos regulatórios e acordos com as cidades onde possui presta serviços ao poder público.

Lista do Fachin

Ao todo foram abertos 83 inquéritos após o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ter homologado as delações premiadas dos 78 executivos e ex-executivos do Grupo Odebrecht, implicando 108 políticos – entre eles 42 deputados, 29 senadores, nove ministros do presidente Michel Temer (PMDB), três governadores e os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado Federal, Eunício de Oliveira (PMDB-CE). 

Veja Também