Sem consenso, PEC do Teto de Gastos fica para semana que vem

Líder do governo na Assembleia busca diálogo com parlamentares contrários à matéria para viabilizar a aprovação da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa

Postado em: 05-05-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Sem consenso, PEC do Teto de Gastos fica para semana que vem
Líder do governo na Assembleia busca diálogo com parlamentares contrários à matéria para viabilizar a aprovação da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa

MARDEM COSTA JR.

Continua na estaca zero a proposta de Emenda à Constituição (PEC) que impõe um teto nos gastos públicos e um regime fiscal austero para os próximos três anos. Sem consenso entre parlamentares da própria base governista, a votação da PEC na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) foi adiada para que os pontos em conflito possam ser negociados entre os deputados e o governo estadual.  

A expectativa é que o diálogo prossiga até a próxima semana e que, aparadas as arestas, a PEC seja votada na CCJ e no plenário, em seguida. Até lá, o líder do governo na Casa, Francisco Oliveira (PSDB), continuará negociando modificações com os parlamentares e a equipe do governador Marconi Perillo (PSDB). Na semana passada, Perillo fez um apelo para que os deputados estaduais votassem a PEC do Teto dos Gastos de modo a garantir o equilíbrio fiscal da máquina pública.

Continua após a publicidade

Chiquinho Oliveira, como é conhecido, deveria ter devolvido a matéria ontem à Comissão após ter pedido vistas. Porém, ao perceber o clima desfavorável, preferiu adiar a entrega e, consequentemente, a votação foi suspensa. “Estamos conversando com os deputados e com a equipe técnica e financeira do governo estadual para avaliarmos onde é possível ceder para atender aos colegas, mas eles também precisam compreender a importância da votação [da PEC] e até onde é possível negociar”, pontua. 

Composto por Carlos Antonio (PSDB), Francisco Junior (PSD), Henrique Arantes (PTB), Lissauer Vieira (PSB), Simeyzon Silveira (PSC) e Virmondes Cruvinel (PPS), o chamado G-6 apresentou um voto em separado ao relatório feito por Gustavo Sebba (PSDB), relator da matéria na CCJ. Os componentes do “bloquinho” não pretendem mudar o posicionamento enquanto o Palácio das Esmeraldas não atenuar os pontos por eles levantados relacionados à saúde, educação e segurança.

“Uma matéria que mexe com a estrutura do Estado, do orçamento e do funcionalismo público não pode ser votada à revelia, no atropelo. É natural que [a PEC] precise de ajustes, seja amplamente dialogada e é isto que estamos fazendo”, avalia Silveira. A contrariedade dos seis deputados governistas foi elogiada por José Nelto, líder do PMDB na Casa. “Isso [o adiamento] sinaliza uma derrota para o governo”, enfatiza.

Resistências

Nos bastidores, os parlamentares reclamam da falta de diálogo do governo Marconi com a Assembleia e que não podem assumir o desgaste que terão ao aprovarem as medidas de austeridade sem uma contrapartida política. A principal queixa é a falta de pagamentos das emendas parlamentares por parte do governo estadual, algumas da última gestão do tucano. Os palacianos, por sua vez, já sinalizaram que a questão será solucionada em breve.

Para evitar esse tipo de situação, tramita desde o final do ano passado na CCJ uma proposta do deputado Henrique Arantes (PTB) que torna impositiva a execução das emendas parlamentares ao orçamento goiano. O chamado orçamento impositivo determina que o Executivo seja obrigado a executar as emendas parlamentares em até 1,2% da receita corrente líquida realizada no ano anterior. 

“O orçamento hoje é uma peça de ficção. Não há uma obrigatoriedade de cumprimento do que executar a despesa aprovada. Com o orçamento impositivo, há a obrigação de executar as emendas aprovadas pelo Parlamento. Os deputados rodam o Estado, conhecendo as demandas de cada cidade, e a proposta dá ao parlamentar a autonomia de indicar as obras que precisam ser feitas para melhorar a vida das comunidades”, assevera. 

A ação ainda prevê que metade do percentual terá que ser destinado a ações e serviços públicos de saúde, proibindo a destinação para pagamento de pessoal ou encargos sociais. A matéria, relatada por Simeyzon Silveira, teve o relatório apresentado ontem e recebeu um pedido de vista de Francisco Júnior (PSD), e deve ser apreciada pela comissão na quinta-feira da próxima semana.  

Deputados criticam colegas faltosos 

A ausência de alguns deputados nas últimas sessões ordinárias da Alego foi muito criticadas por parlamentares tanto da base governista  quanto da oposição. 

Na visão de Humberto Aidar (PT), o corte de ponto é a única solução. “Tem deputado aqui que eu não decorei o nome até hoje porque nunca está presente. O pior é que todo mundo é colocado na vala comum, como se não trabalhasse. No mínimo tem que se apresentar aqui para votar a favor ou contra, para discutir, opinar”, disse. 

A opinião do petista é comungada por Santana Gomes (PSL). “Temos que ter um posicionamento. É um desrespeito com o Poder a falta dos deputados. Se formos ao Executivo vamos achar o governador, se formos ao Judiciário o juiz estará lá, mas aqui os trabalhadores fogem do trabalho”, argumenta.

Ao contrário do antecessor, Helio de Sousa, o presidente da Assembleia Legislativa, José Vitti (PSDB), já deixou claro que não pretende ter uma postura enfática em relação aos “gazeteiros”, como são conhecidos os parlamentares faltosos, buscando medidas paliativas. 

Veja Também