Falta de provas fragiliza denúncias contra Marconi

Reportagem da Folha de S. Paulo fez comparação de vídeos com depoimentos de delatores da Odebrecht

Postado em: 08-05-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Reportagem da Folha de S. Paulo fez comparação de vídeos com depoimentos de delatores da Odebrecht

Da redação

As citações do nome do governador Marconi Perillo (PSDB), por delatores de empreiteira Odebrecht, de recebimento de recursos para campanhas eleitorais de caixa dois, perdem força diante de falta evidente de provas e de contradições nos depoimentos.

O assunto ganhou destaque em reportagem da Folha de S. Paulo, na edição deste domingo, com base em análise dos vídeos dos delatores. Para o periódico paulista, a inconsistência nas denúncias estaria nas peças colhidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, diante de versões divergentes sobre o assunto. Tanto Marconi quanto o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) estariam dentro de denúncias contraditórias.

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O ex-presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Luiz Ayres da Cunha Reis diz, por exemplo, em seu depoimento, que a empreiteira fez doações de campanha ao governador goiano, mas que nada teria acontecido. Este depoimento está dentro do contexto de que o tucano teria se beneficiado por conta da subdelegação de serviços da Saneago à empreiteira.

Além de Fernando Reis, também citaram o nome do governador Alexandre José Lopes Barradas, João Antônio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz, de que ele teria recebido valores não declarados oficialmente na prestação de contas à Justiça Eleitoral.

Marconi garante que sua campanha eleitoral recebeu R$ 3,5 milhões da empreiteira, depositado na conta do PSDB, e declarado à Justiça Eleitoral.

No caso de Barradas, ele narra, no vídeo, dificuldades de a empresa operacionalizar no Estado. Uma das tentativas se dava em torno da implantação do VLT; outra se referia à concessão de rodovias. Também não se concretizou a investida para contrato de obras de saneamento em cidades goianas localizadas no entorno do Distrito Federal.

O executivo confessou que chegou a lamentar o fato de a Odebrecht Ambiental ter gasto R$ 2 milhões em projeto executivo. Ainda mais porque não havia nenhum aceno de Marconi em concretizar o contrato. Hoje ela atua por contrato, com a Saneago, em Rio Verde, Aparecida de Goiânia, Trindade e Jataí.

Da mesma forma, o depoimento mostra que Barradas, por exemplo, não teria prova do eventual repasse de dinheiro, via caixa dois, nem o valor para a campanha do tucano. Ou seja, não conseguiu comprovar pagamento de propina na campanha eleitoral.

Um dos ministros do STF ouvidos pela reportagem da Folha, cujo nome não foi revelado, considerou que as contradições nos depoimentos contra Marconi tornam frágeis as acusações de recebimento de propina, e que, por isso mesmo, essas delações teriam que ser novamente analisadas por órgãos judiciais colegiados.

De acordo com a reportagem, também há fragilidade e falta de provas em citações dos nomes do governador do Maranhão, Flávio Dino (PSDB), o deputado federal Celso Russomano (PRB), e do ministro de Relações Exteriores, Aloizio Nunes Ferreira. No entanto, várias declarações contraditórias só envolvem Marconi e Alckmin. 

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