Odebrecht usou de 30 a 40 contas no exterior para pagar propina, diz delator

Informação consta em depoimentos de delação premiada do ex-diretor, que tiveram sigilo retirado por decisão do ministro Edson Fachin

Postado em: 17-05-2017 às 08h00
Por: Renato
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Informação consta em depoimentos de delação premiada do ex-diretor, que tiveram sigilo retirado por decisão do ministro Edson Fachin

O ex-executivo da empreiteira Odebrecht Fernando Migliaccio
confirmou aos investigadores da Operação Lava Jato que a empresa usou de 30 a
40 contas no exterior para o pagamento de propina. A informação consta nos
depoimentos de delação premiada do ex-diretor, que tiveram o sigilo retirado ontem (17) por decisão do ministro Edson Fachin, relator da operação no Supremo
Tribunal Federal (STF).

No primeiro dos 15 depoimentos prestados à
Procuradoria-Geral da República (PGR), Fernando Migliaccio também confirmou que
criou uma cópia do sistema de informática Drousys, criado pela empreiteira para
gerenciar o pagamento de propina, para tentar fechar as contas e remeter os
valores para a empreiteira após a deflagração da Lava Jato. O sistema foi
mantido até janeiro do ano passado, quando o delator foi preso na Suíça.

Segundo o delator, o sistema Drousys funcionou até o final
de 2014, quando o sistema foi retirado do ar porque as investigações estavam
avançadas. Após o encerramento do sistema, foi criado um espelho, chamado
Riadec, para que as operações pudessem continuar. Conforme o depoimento, o
objetivo era encerrar as contas que estavam ativas no exterior e remeter os
valores de volta para a empreiteira.

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“Que o depoente utilizou o sistema Riadec até
aproximadamente janeiro de 2016, pouco tempo antes da prisão do depoente. Que
nessa época o depoente ainda não havia concluído o pagamento de todas as
dívidas e o fechamento de todas as contas vinculadas ao Setor de Operações
Estruturadas”, diz o depoimento.

Segundo o acordo assinado com a PGR no ano passado, Migliaccio
pagará multa de R$ 5 milhões aos cofres públicos. O valor será depositado
em uma conta da Caixa Econômica Federal localizada no Supremo, por determinação
do ministro. Além disso, a PGR confiscou oito quilos de ouro que foram
apreendidos com o ex-diretor. 

No mês passado, o ministro Edson Fachin autorizou a abertura
de 76 inquéritos para investigar políticos com foro privilegiado citados em
depoimentos de delação premiada de investigadores. (Agência Brasil) 

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