Ministro da Educação cita calote do Fies para justificar fala polêmica

Na última semana, Milton Ribeiro afirmou que universidade deveria ser “para poucos”.

Postado em: 17-08-2021 às 14h00
Por: Luan Monteiro
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Na última semana, Milton Ribeiro afirmou que universidade deveria ser “para poucos” | Foto: Reprodução

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, citou nesta terça-feira (17/08), o calote no programa de Financiamento Estudantil (FIES), para justificar fala de que universidade deveria “ser para poucos”. As declarações ocorreram em um evento online de uma associação que representa faculdades privadas.

Ribeiro afirmou que sua fala foi tirada de contexto, mas voltou a justificar o entendimento. Ele disse que a educação pública fornece ao ensino superior alunos analfabetos e que não sabem fazer regra de três.

“Nós temos hoje 1 milhão estudantes de inadimplentes no Fies, isso pode prejudicar no futuro a questão de novos financiamentos. É por isso que falei que universidade não é para todos”, afirmou Milton.

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“Temos que tomar cuidado ao oferecermos vagas porque algumas pessoas com intuito de terem ascensão ao ensino superior, talvez alguns são os primeiros da família. Eles não têm ideia de que o fato de terem um diploma de ensino superior não é suficiente, é sim uma ferramenta importante, mas não suficiente no Brasil como hoje vivemos de ter garantido seu emprego, e depois elas não conseguem pagar o compromisso que fizeram”, continuou.

As declarações do ministro ocorreram durante a abertura de seminário sobre educação híbrida, promovido pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES).

Durante quase toda sua fala no seminário, Milton tentou justificar as declarações dadas durante uma entrevista ao programa “Sem Censura”, da TV Brasil. Na época, o ministro afirmou “universidade na verdade deveria ser para poucos nesse sentido de ser útil à sociedade”, o que gerou revolta no meio acadêmico.

Ainda durante sua apresentação no seminário, Ribeiro mencionou o ex-presidente Lula (PT), o chamando de “ex-presidiário” e disse que há uma tentativa de prejudicar o governo. “Queren causar mal-estar no governo do nosso presidente Bolsonaro, como um governo elitista, que quer educação apenas para as pessoas de uma classe média e alta”.

Por fim, Milton tentou mais uma vez justificar suas falas ao dizer que elas foram tiradas de contexto. “É claro que foi tirada dentro de um contexto em que eu estava comparando ensino técnico ao ensino superior de graduação, mostrando de uma maneira muito clara que aquela ilusão que foi passada num passado tão recente, de que bastasse diploma de nível superior a pessoa automaticamente passaria de um patamar social para outro com emprego garantido”, disse.

Relembre

Em entrevista ao programa “Sem Censura”, da TV Brasil na última segunda-feira (09/08), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que as universidades deveriam ser para poucos e que elas não são tão úteis para a sociedade. “Universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade”, disse.

Segundo Milton, as ‘vedetes’ do futuro são institutos federais, que formarão técnicos. “Tem muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande”, continuou.

Ainda durante a entrevista, o ministro da Educação abordou a política de cotas, empregadas no ingresso de universidades. Segundo ele, esta política desconstrói a crítica de que só ‘filhinho de papai’ estuda em universidades federais.

“A crítica que havia no passado, de que só ‘filhinho de papai’ estuda em universidade pública, se desconstrói com essa lei”, explicou. “Pelo menos nas federais, 50% das vagas são direcionadas para cotas. Mas os outros 50% são de alunos preparados, que não trabalham durante o dia e podem fazer cursinho. Considero justo, porque são os pais dos ‘filhinhos de papai’ que pagam impostos e sustentam a universidade pública. Não podem ser penalizados.”, afirmou.

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