Alta no preço da gasolina une oposição contra Caiado

ICMS dos combustíveis adianta debate das eleições em 2022

Postado em: 20-08-2021 às 08h16
Por: Marcelo Mariano
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ICMS dos combustíveis adianta debate das eleições em 2022 | Foto: Reprodução

A mais de um ano das eleições, o atual clima político em Goiás está como se as campanhas já tivessem começado. De um lado, o governador Ronaldo Caiado (DEM). Do outro, oposicionistas liderados pelo prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (MDB).

Ao lado de Mendanha, posicionaram-se principalmente o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel (MDB).

O que todos eles têm em comum? Críticas a Caiado em razão do preço da gasolina em Goiás, um dos mais altos do Brasil, exacerbadas a partir de uma publicação do prefeito de Aparecida de Goiânia nas redes sociais.

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Em 2018, o então candidato a governador prometeu reduzir o ICMS dos combustíveis, o que, depois de eleito, não foi feito. O próprio Caiado admitiu o erro. E o discurso da oposição, agora, é de que ele mentiu na campanha.

Uma mensagem encaminhada por Marconi à reportagem do O Hoje dá o tom: “Caiado tenta jogar a culpa de não cumprir a promessa de reduzir o ICMS da gasolina nos governos passados. Piada de mau gosto. Mentiu na campanha”.

Nas redes sociais, Caiado disse, em um claro recado a Mendanha, que “muitos prefeitos não tiveram a sorte de suceder Maguito Vilela”. Nas entrelinhas, lê-se que o governador percebeu o movimento da oposição, caso contrário não teria se dirigido diretamente ao prefeito de Aparecida de Goiânia.

Ao citar Maguito positivamente, o recado de Caiado pode ter sido direcionado também ao seu filho, o presidente estadual do MDB em Goiás, Daniel Vilela, que está em vias de declarar apoio oficial ao governador na disputa pela reeleição no ano que vem.

Com isso, para ser candidato, Mendanha terá que mudar de partido. E o seu destino tende a ser o mesmo de Mabel, outro personagem que tem se posicionado sobre o alto preço da gasolina.

“[Caiado] prefere atacar o competente prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, quando deveria cumprir a promessa de baixar o valor do ICMS na gasolina”, escreveu no Twitter o presidente da Fieg, entidade que, aliás, é abertamente crítica ao governo estadual.

Cálculo

Afinal, cortar o ICMS tem, de fato, algum impacto no preço da gasolina? Para entender o cálculo, a reportagem do O Hoje procurou o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto).

O presidente do Sindiposto, Márcio Andrade, afirmou que, “para o revendedor, qualquer tipo de redução é bem-vinda porque o preço realmente está muito alto”.

Apesar disso, segundo ele, o ICMS não é o principal culpado pela situação atual. “O motivo realmente é a Petrobras, basicamente por causa do dólar e do barril do petróleo. O dólar tem subido muito e tornado o preço inacessível.”

Márcio Andrade disse que o Sindiposto ainda não foi convidado para participar do grupo que discute a redução do ICMS, até o momento restrito a representantes do governo estadual, Assembleia Legislativa, Federação Goiana dos Municípios (FGM) e Associação Goiana dos Municípios (AGM). “Pode ser que em uma próxima etapa a gente seja convidado.”

O cálculo do preço, de acordo com tabela repassada pelo Sindiposto à reportagem do O Hoje, é feito a partir da somatória da gasolina tipo c (49,31%) com tributos (39,97%) e margem do posto, distribuidora e frete (10,72%).

Os tributos são três: Cide (1,16%), Pis/Cofins (9,68%) e ICMS (29,13%). Diante desse cenário – em que o ICMS é importante, mas não determinante –, vale questionar se a oposição de hoje não está com uma postura similar a de Caiado em 2018 e, se eventualmente chegar ao poder, verá que o efeito de reduzir o imposto não será tão grande.

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