Defesa de Temer desiste de recurso no Supremo

Após o deferimento de perícia, a defesa diz está satisfeita e não quer mais o julgamento do recurso

Postado em: 23-05-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Após o deferimento de perícia, a defesa diz está satisfeita e não quer mais o julgamento do recurso

A defesa do presidente Michel Temer (PMDB) desistiu ontem (22) do recurso no qual solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão das investigações relacionadas ao presidente. A medida foi tomada após o anúncio de que a Corte autorizou a Polícia Federal a realizar uma perícia no áudio entregue pelo empresário Joesley Batista em seu depoimento de delação premiada.

De acordo com um dos representantes de Temer, o advogado Gustavo Guedes, após o deferimento de perícia, a defesa está satisfeita e não quer mais o julgamento do recurso. Guedes também anunciou que a defesa contratou uma perícia particular para analisar o áudio. Segundo o advogado, foram encontrados “70 pontos de obscuridade no material”.

“A defesa do presidente apresentou petição dizendo agora: nos sentimos atendidos com o deferimento da perícia [oficial] e a partir desse laudo que nós juntamos agora, que nos dá segurança, nós queremos agora que isso se resolva o mais rapidamente possível”, disse.

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A abertura do inquérito sobre Temer por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça foi autorizada pelo ministro Edson Fachin na quinta-feira (18), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo o Ministério Público Federal, em encontro com o empresário Joesley Batista, Temer deu aval para que ele continuasse a pagar uma espécie de mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro, ambos presos, para que continuassem em silêncio. O áudio da conversa, gravada por Joesley, foi disponibilizado na última quinta-feira (18).

No fim de semana, em pronunciamento à nação, Temer anunciou um recurso ao Supremo, questionou a legalidade da gravação e disse que há muitas contradições no depoimento de Joesley, dono do grupo JBS, como a informação de que o presidente teria dado aval para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba. Temer classificou a gravação de clandestina, manipulada e adulterada, “com objetivos nitidamente subterrâneos”.


Conversa

Michel Temer recebeu três parlamentares da base aliada ao governo, ontem. Segundo o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), o encontro serviu para dar sequência a alguns pontos conversados durante a reunião de domingo (21), no Palácio da Alvorada, entre o presidente e integrantes da base governista.

“Tratamos de questões gerais, principalmente sobre o andamento dos trabalhos parlamentares, conforme pedido ontem durante o jantar”, disse Marun, recebido ontem (22) por Temer, acompanhado do líder do governo, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e do líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (PMDB-SP).

De acordo com Marun, o presidente pediu que sua base avance com as reformas em tramitação no Legislativo. “Ele [Temer] ficou muito contente com o grande número de pessoas que foram ontem ao jantar que, na verdade, foi uma reunião. Também ficou contente pelo fato de o encontro ter contado com a presença de representantes de todos os partidos da base”, acrescentou.

O objetivo da reunião de ontem foi discutir a crise política decorrente da delação dos donos do grupo JBS, Joesley e Wesley Batista, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e que inclui a gravação de uma conversa de Joesley com o presidente. A delação motivou a abertura de inquérito contra Temer. (Agência Brasil)

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