Com aliança DEM-MDB, base se movimenta em busca de espaço

Ex-emedebistas que apoiaram Caiado em 2018 são os mais insatisfeitos

Postado em: 21-08-2021 às 09h51
Por: Marcelo Mariano
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Ex-emedebistas que apoiaram Caiado em 2018 são os mais insatisfeitos | Foto: Reprodução

A aliança entre o governador Ronaldo Caiado (DEM) e o ex-deputado federal Daniel Vilela (MDB), que já era dada como certa nos bastidores, ficou ainda mais próxima no final da última semana.

Caiado participou, na sexta-feira (20), de uma reunião do MDB, presidido em Goiás por Daniel, que tende a ser o candidato a vice na chapa do governador em busca da reeleição em 2022.

Dessa forma, a base governista acelerou suas movimentações, sendo a mais visível a de ex-emedebistas, que, em 2018, deixaram o MDB para bancar o apoio a Caiado. Traição não é uma palavra usada abertamente, mas o sentimento, no fundo, é próximo disso.

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Um dos principais ex-emedebistas, o deputado federal José Nelto (Podemos), caso a aliança entre DEM e MDB se confirme, não deu certeza se permanecerá na base de Caiado.

De acordo com ele, ainda é cedo para tomar qualquer definição. “Tenho a paciência de Jó e a sabedoria de Salomão”, disse o parlamentar, em uma referência bíblica, à reportagem do O Hoje. “E também precisamos ver como ficará a possível volta das coligações.”

Recentemente, o prefeito de Catalão, Adib Elias, anunciou sua saída do Podemos. A situação, porém, ainda não está 100% resolvida. Ele é outro ex-emedebista insatisfeito com a aproximação entre Caiado e Daniel. No momento, o Progressistas desponta como o destino mais provável.

Senado

Com a vaga de vice praticamente encaminhada para Daniel, falta a de senador na chapa majoritária de Caiado. E uma outra movimentação perceptível é a do PSC.

Em busca da reeleição, o senador Luiz Carlos do Carmo (MDB) está cada vez mais próximo do ex-senador Wilder Morais (PSC).

Como o MDB não terá as duas vagas da chapa, Luiz Carlos do Carmo pode se filiar ao PSC, que deve reivindicar ele ou Wilder como candidato ao Senado. Há, ainda, a possibilidade de disputarem uma vaga de suplente ou de deputado federal.

Vale reforçar que, no caso do PSC, não se trata de uma movimentação para sair da base, mas, sim, em busca de espaço por meio da provável filiação de um senador em vias de deixar o MDB.

Por sua vez, o PSD tenta emplacar a candidatura de Henrique Meirelles ao Senado. Um dos principais nomes do partido em Goiás, o senador Vanderlan Cardoso garante estar ao lado de Caiado em 2022 em retribuição ao apoio recebido do governador durante a disputa pela Prefeitura de Goiânia em 2020.

No entanto, Vanderlan não esconde seu descontentamento com a aproximação entre DEM e MDB por dois motivos. Primeiro, porque o senador se desentendeu com o MDB, e especialmente com Daniel, nas eleições do ano passado.

Como desentendimentos políticos são considerados normais e até certo ponto passíveis de serem superados ao longo do tempo, o segundo motivo é o que realmente importa: Vanderlan quer ser candidato a governador em 2026. 

Com Daniel de vice, ele também se coloca como postulante ao cargo, ainda mais se Caiado deixar o governo seis meses antes da eleição para concorrer a senador, o que, consequentemente, significa que o emedebista assumirá como titular.

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