Caiado repete estratégia derrotada de seus adversários em 2018

Apoio de prefeitos e chapa majoritária forte podem não ser garantias de sucesso

Postado em: 25-08-2021 às 08h39
Por: Marcelo Mariano
Imagem Ilustrando a Notícia: Caiado repete estratégia derrotada de seus adversários em 2018
Apoio de prefeitos e chapa majoritária forte podem não ser garantias de sucesso | Foto: Reprodução

O governador Ronaldo Caiado (DEM) está com negociações avançadas para tentar a reeleição em 2022. No entanto, usa estratégias que foram derrotadas em 2018 e, mais do que isso, diferentes de sua própria campanha três anos atrás, essa sim vitoriosa.

Nas últimas eleições, a grande maioria dos prefeitos goianos apoiou o candidato do PSDB, José Eliton, que ficou na terceira posição, enquanto Caiado, o vencedor da disputa, teve poucos chefes de Executivo municipal ao seu lado.

O governador, agora, age para atrair prefeitos para sua base. Seu partido já tem 80, e pode haver novas filiações em breve.

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Além disso, prefeitos de outros partidos, como o MDB, já anunciaram apoio à reeleição de Caiado. Quase todos os emedebistas, com a exceção do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, aprovam Daniel Vilela como candidato a vice.

Chapa forte

A provável ida de Daniel, presidente estadual de um partido importante como o MDB, para a chapa de Caiado mostra como o governador busca uma aliança forte.

As negociações sobre a vaga de candidato a senador, que devem passar por uma articulação a nível nacional com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), reforçam o argumento. Progressistas e Republicanos são alguns dos partidos mais cotados.

Porém, mais uma vez, vale retornar a 2018, quando a chapa vitoriosa de Caiado não teve partidos pesados, além do DEM.

A vice ficou com o Pros. Naquela disputa, havia duas vagas para o Senado, sendo que uma ficou com o hoje extinto PRP e a outra com o próprio DEM.

Na coligação de Caiado, aliás, havia quatro partidos com candidato a presidente – PSL, PDT, Podemos e DC. Uns mais fortes. Outros, mais fracos. De qualquer forma, nenhum esteve presente na chapa majoritária.

Ao articular uma chapa mais encorpada para 2022, o governador, assim como no caso dos prefeitos, adota uma estratégia da qual não precisou para ser eleito em 2018.

Novo grupo

Apesar de ter passado a maioria dos anos como aliado do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), Caiado foi eleito três anos atrás como uma ruptura do grupo tucano, naturalmente desgastado depois de tanto tempo no poder.

Um dos principais objetivos do governador, atualmente, é estruturar um novo grupo em Goiás. Para isso, será necessário conquistar alguns bastiões que restam do tucanato, como as regiões nordeste e do entorno do Distrito Federal. Por esse lado, faz sentido atrair prefeitos para sua base e montar uma chapa com partidos fortes.

Outro momento

Mais um possível argumento para justificar as estratégias de Caiado é o de que o momento de 2018 não será o mesmo de 2022.

Nas eleições passadas, o Brasil, de uma maneira geral, passou por uma onda conservadora e de negação da política.

Político experiente e de uma família tradicional da área, o governador está longe de ser um outsider, ou seja, uma pessoa de fora da política.

Entretanto, assim como Bolsonaro conseguiu incorporar o sentimento antipetista, Caiado fez o mesmo com o PSDB em Goiás.

A dúvida é se esse sentimento permanecerá no ano que vem, algo que só pesquisas qualitativas podem mostrar, como evidenciado no livro “A eleição disruptiva: por que venceu”, dos pesquisadores Maurício Moura e Juliano Corbellini.

Ainda segundo o livro, uma coisa é fato: as campanhas não são mais as mesmas. Fazer alianças com tempo de propaganda em rádio e televisão em mente ficou para trás com WhatsApp, YouTube e outras mídias digitais.

De um jeito ou de outro, com mandato, Caiado terá que mostrar resultados de sua gestão aos eleitores, pouco interessados em saber como o governador pegou o estado quatro anos antes. O foco, na verdade, deve ser muito mais nos eleitores do que nas alianças político-partidárias.

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