Em depoimento a CPI, diretor da Fib Bank nega relação com Ricardo Barros e dono da Precisa

A Fib Bank foi usada pela Precisa Medicamentos para oferecer uma "carta de fiança" ao Ministério da Saúde.

Postado em: 25-08-2021 às 15h39
Por: Luan Monteiro
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A Fib Bank foi usada pela Precisa Medicamentos para oferecer uma "carta de fiança" ao Ministério da Saúde | Foto: Reprodução

Em depoimento a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia nesta quarta-feira (25/08), o diretor da Fib Bank, Roberto Pereira Ramos Junior, apresentou contradições em relação ao capital social da empresa, avaliado em R$ 7,5 bilhões. A Fib foi usada pela Precisa Medicamentos para oferecer “carta de fiança” ao Ministério da Saúde.

O depoente disse que a FIB BanK, apesar do nome, não é um banco, e apesar de ser uma pequena empresa, tem seu capital social na forma de terrenos em São Paulo e no Paraná.

O questionamento da CPI concentrou-se na falta de credenciais da empresa para avalizar um negócio da ordem de R$ 1,6 bilhão com o Ministério da Saúde, diante de várias possíveis ilegalidades em sua constituição e operação. Também indagou-se sobre o papel do advogado Marcos Tolentino, apontado como verdadeiro dono da FIB BanK e ligado ao líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR). O nome de Barros foi citado em negociações de vacinas com o governo brasileiro suspeitas de irregularidades.

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Em diversos momentos, Roberto Pereira afirmou desconhecer pessoas envolvidas nos negócios da FIB Bank (como Francisco Maximiano, dono da Precisa), ou não dispor dos documentos necessários para responder as perguntas do relator, encaminhando as solicitações aos departamentos comercial e jurídico de sua empresa. Ao lhe perguntarem sua remuneração na empresa, o depoente pediu para prestar a informação por escrito após a reunião.

A ouvir Ramos dizer que se tratava de uma “empresa de estrutura pequena” com capital social de R$ 7,5 bilhões, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), se mostrou abismado. “Só falta ele ter pedido um Pronampe”, brincou o senador Jorginho Mello (PP-SC).

O governista destacou que uma microempresa possui capital social de até R$ 360 mil, uma média, de R$ 4,8 milhões e uma grande, acima disso. “O que é uma empresa com capital social de R$ 7,5 bilhões?”, pergunta Aziz a Jorginho Mello. “Isso vende a cura para qualquer doença”, ironizou.

Roberto Pereira reconheceu que a FIB Bank nasceu como shelf company. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) explicou que o termo em inglês (que significa “empresa de prateleira”) designa empresas constituídas em cartório, mas sem atividade, criadas apenas para serem revendidas a quem queira possuir uma pessoa jurídica sem enfrentar a burocracia de criação de uma empresa. 

A senadora Simone Tebet fez uma detalhada exposição das aparentes fraudes nas atividades da FIB BanK ao longo dos anos, a começar pelo uso de “laranjas” como sócios. Um dos momentos mais surpreendentes da reunião foi a exibição de um vídeo de Geraldo Rodrigues Machado, morador do município alagoano de Pão de Açúcar. No vídeo, Araújo contou que, ao tentar financiar uma moto em 2015, descobriu que era sócio da empresa.

“O contrato da Covaxin era fraudulento. Faltavam partes, [havia] valores para serem pagos em paraíso fiscal por quem não fazia parte da assinatura do contrato, e garantia de um banco que não era banco”, afirmou Simone. “O Ministério da Saúde é tão ou mais responsável por isso”, completou.

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