Bolsonaro repete ameaças golpistas e fala em ‘enquadrar’ ministros do STF no feriado da Independência

Manifestações acontecerão na próxima terça-feira (07) em Brasília e São Paulo

Postado em: 04-09-2021 às 14h23
Por: Maria Paula Borges
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Manifestações acontecerão na próxima terça-feira (07) em Brasília e São Paulo | Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) repetiu ameaças golpistas, neste sábado (04/09). Às vésperas das manifestações do feriado de 7 de setembro, o presidente falou sobre uma ‘ruptura que nem eu nem o povo deseja’, além de defender que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) deveriam ser ‘enquadrados’ pela população.

Sem citar nomes, mencionando apenas ‘um ou dois’ ministros, segundo a Folha de São Paulo, os ataques foram direcionados a Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, sendo este presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “O STF não pode ser diferente do Poder Executivo ou Legislativo. Se tem alguém que ousa continuar agindo fora das quatro linhas da Constituição, o poder tem que chamar aquela pessoa e enquadrá-la. Se assim não ocorrer, qualquer um dos três Poderes… A tendência é acontecer uma ruptura”, afirmou.

Além disso, o presidente afirmou que, apesar de não concordar com a ruptura, a responsabilidade cabe a cada poder. “Ruptura essa que eu não quero nem desejo. Tenho certeza, nem o povo brasileiro assim o quer. Mas a responsabilidade cabe a cada poder. Apelo a esse poder, que reveja a ação dessa pessoa que está prejudicando o destino do Brasil”, discursou diante de centenas de apoiadores.

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Bolsonaro se prepara para participar de manifestações de raiz golpista e pautas autoritárias em seu favor, marcados para o dia da Independência do Brasil (07/09). Os protestos acontecerão na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e na grande avenida Paulista, em São Paulo.

De acordo com o próprio presidente, ele busca nesses protestos uma foto ao lado de milhares de apoiadores para ganhar fôlego na crise institucional provocada. Bolsonaro perdeu apoio das classes política e empresarial, e apareceu distante do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em diversas pesquisas de opinião para as eleições de 2022.

Neste sábado, o presidente afirmou que as fotos das manifestações serão a ‘marca do que o povo deseja’. “Enquanto juristas ficam procurando quem é o poder moderador do Brasil, eu digo a todos eles: o poder moderador é o povo brasileiro. […] Temos um ou outro saindo da normalidade. Temos um ou dois jogando fora das quatro linhas da Constituição. Nós jogamos dentro das quatro linhas. Mas o povo, como poder moderador, não pode admitir que nenhum de nós jogue fora dessas quatro linhas”.

Na sexta-feira (03/09), o presidente afirmou que as manifestações servirão como um ultimato a ministros do STF. Sem citar nomes, o presidente afirmou que não faz críticas a instituições ou Poderes no geral, mas a pontuais pessoas. “Nós não criticamos instituições ou Poderes. Somos pontuais. Não podemos admitir que uma ou duas pessoas que usando da força do poder queiram dar novo rumo ao nosso país. […] Essas uma ou duas pessoas têm que entender o seu lugar. E o recado de vocês, povo brasileiro, nas ruas, na próxima terça-feira, dia 7, será um ultimato para essas duas pessoas”.

Na última terça-feira (31), Bolsonaro afirmou que a população brasileira nunca teve uma oportunidade como a que terá com os atos do 7 de setembro, porém não deu detalhes sobre esta ‘oportunidade’.

Na quinta-feira (02/09), os presidentes do STF e do Congresso mandaram alertas para rechaçar condutas autoritárias. O presidente disse que o Brasil ‘está em paz’ e que não é necessário temer aos protestos.

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