PMDB de volta à periferia do poder político

O PMDB começou a perder o seu rumo a partir de 1985, com a morte do presidente eleito Tancredo Neves

Postado em: 13-06-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O PMDB começou a perder o seu rumo a partir de 1985, com a morte do presidente eleito Tancredo Neves

Venceslau Pimentel 

Quando 2019 chegar, o PMDB, ao que tudo indica, voltará ao seu lugar de sempre, reassumindo o papel de coadjuvante na estrutura do poder político central. E mais uma vez o processo se dará por amarrações casuísticas, como a que se vê a que está sendo engendrada agora pelo presidente Michel Temer.

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Em troca de sua permanência no poder por mais um ano e seis meses, em meio a um tsunami, Temer articula para mais um vez colocar o seu partido na periferia do poder. Para tanto, oferece, de bandeja, o apoio da legenda ao também cambaleante PSDB, para 2018, sem sequer saber quem será o presidenciável tucano. À vista, nada de projeto de governo, como seria natural de um grande partido, a oferecer ao país que carece neste momento de entrar nos trilhos do desenvolvimento. Motivo? Apenas salvar a sua pele.

O PMDB começou a perder o seu rumo a partir de 1985, com a morte do presidente eleito Tancredo Neves, que nem chegou a tomar posse. Ficou José Sarney que, sem norte, acenou ao centrão para garantir a governabilidade, dando início ao embrião do que se pode chamar do “toma lá, dá cá”. Antes, a legenda havia protagonizado embates homéricos contra a ditadura, tendo ainda como sigla MDB, nos idos de 1960.

Sem chances de disputar a Presidência da República, diante de sucessivos governantes impostos pelo regime de exceção, e também nos estados da federação, a saída foi investigar no Congresso Nacional. Antes, porém, em 1970, a legenda elegeu Chagas Freitas, para comandar o hoje extinto Estado da Guanabara. Lá estava o medebista cercado de arenistas por todos os lados.

Quatro anos depois o partido elegeu uma forte bancada no Senado, com nomes como Paulo Brossard, Itamar Franco, Mauro Benevides, Saturnino Braga, Orestes Quércia e o goiano Lázaro Barbosa, entre outros. O reforço veio nas eleições seguintes, com Tancredo Neves, Humberto Lucena, Nelson Carneiro, Franco Montoro e o também goiano Henrique Santillo, entre outros.

O partido ganhou fôlego nas eleições de 1982, quando elegeu nove governadores, incluindo Iris Rezende, em Goiás, Francos Montoro, em São Paulo, e Tancredo, em Minas. E foi com o ex-governador mineiro que os peemedebistas, enfim, chegariam à Presidência da República, mesmo que pela via indireta. Tancredo morreu antes de tomar posse. Assumiu Sarney, ex-arenista, na época filiado ao PMDB.

Em 1989, o PMDB tentou chegar ao Palácio do Planalto com Ulysses Guimarães, que amargou a sétima posição; veio o ano de 1994, com Orestes Quércia. Ficou na quarta colocação. De lá para cá não lançou mais candidato. Ficou a reboque do PSDB e PT.

No plano estadual, não tem sido muito diferente. Ficou no poder de 1983 a 1998. Foram 16 anos no Palácio das Esmeraldas, incluindo a gestão de Henrique Santillo. Desde então, sofreu sucessivas derrotas para o PSDB (Marconi Perillo por quatro vezes) e o PP (Alcides Rodrigues com um mandato), sempre com Iris Rezende e Maguito Vilela na disputa.

O certo é que 2018 desponta num cenário ainda nebuloso para os peemedebistas. Tanto no plano federal – lembrando que o mandato de Temer pode ser encurtado por um eventual processo de impeachment, e assim, a Ponte para o Futuro se transformar numa pinguela – quanto aqui em Goiás. É esperar a movimentação da peças do xadrez. 

 Foto: Marcos Corrêa/PR 

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