Insatisfação com aliança entre DEM e MDB pode gerar outro candidato a governador
Base governista dá sinais de ruptura com a aproximação entre Ronaldo Caiado e Daniel Vilela
Por: Marcelo Mariano
O evento marcado para a tarde desta sexta-feira (24) deve sacramentar a aliança entre o governador Ronaldo Caiado (DEM) e o ex-deputado federal e presidente do MDB em Goiás, Daniel Vilela, que tende a ocupar a vaga de vice na chapa caiadista em 2022.
No entanto, há setores da base do governo insatisfeitos com a aproximação entre Caiado e Daniel, rivais nas últimas eleições. Existe, inclusive, a possibilidade de essa insatisfação gerar um outro candidato a governador.
“Já ouvi essa conversa”, admite o deputado federal José Nelto (Podemos), um dos principais insatisfeitos, à reportagem do jornal O Hoje.
Em 2018, José Nelto estava no MDB, e fez parte de um grupo de hoje ex-emedebistas que apoiaram Caiado mesmo com a candidatura de Daniel.
Agora, esse grupo, que conta também com o prefeito de Catalão, Adib Elias (Podemos), enxerga a aliança entre DEM e MDB quase como uma traição, embora esta palavra não seja dita publicamente.
Questionado sobre nomes que poderiam disputar o Palácio das Esmeraldas no ano que vem como um representante desse grupo de insatisfeitos, José Nelto não pensou duas vezes: “Renato de Castro é candidato a governador”.
Atualmente, Renato de Castro, que já foi deputado estadual, é presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego), órgão pertencente à estrutura do governo estadual.
Nas eleições de 2018, ele era prefeito de Goianésia e declarou apoio a Caiado. No ano passado, tinha a intenção de disputar a reeleição pelo MDB, mas sua candidatura foi barrada por Daniel.
Renato de Castro, então, apoiou seu primo Leonardo Menezes, que foi eleito prefeito de Goianésia pelo DEM de Caiado e com o nome “Leozão do Renatão” registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Um outro insatisfeito, mas por razões diferentes, é o senador Vanderlan Cardoso (PSD), que não esconde de ninguém o desejo de ser candidato a governador em 2026 com o apoio de Caiado.
O problema é que, com Daniel na vice, o presidente estadual do MDB surge como uma opção da base caiadista para suceder Caiado, que, se reeleito, pode deixar o governo para concorrer a outro cargo, como o de senador, fazendo com que o emedebista assuma seis meses antes das eleições de 2026.
Por sua vez, o presidente do PSD em Goiás, Vilmar Rocha, declarou que nunca conversou com Vanderlan sobre isso. “Nosso foco é a eleição de Henrique Meirelles para o Senado.”
A reportagem do jornal O Hoje entrou em contato com a assessoria de comunicação de Vanderlan, mas, até o fechamento desta edição, o senador não encontrou agenda disponível para entrevista. Renato de Castro foi procurado por meio de ligações telefônicas e mensagem em aplicativo. Ele também não respondeu. (Especial para O Hoje)