Durante CPI, senador dá lição contra frase homofóbica do empresário Otávio Fakhoury. Confira

O senador pediu ainda que a Polícia Legislativa apure o crime de homofobia cometido pelo empresário bolsonarista em postagem na internet, e exigiu um pedido de desculpas do depoente à comunidade LBGTQIA+

Postado em: 30-09-2021 às 17h09
Por: Giovana Andrade
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O senador pediu ainda que a Polícia Legislativa apure o crime de homofobia cometido pelo empresário bolsonarista em postagem na internet, e exigiu um pedido de desculpas do depoente à comunidade LBGTQIA+. | Foto: Reprodução

No início do depoimento do empresário bolsonarista acusado de financiar canais de informação conhecidos por disseminar notícias falsas, Otávio Fakhoury, à CPI da Pandemia nesta quinta-feira (30/09), o senador Fabiano Contarato (REDE-ES), primeiro senador assumidamente homossexual do Brasil, fez um discurso contra uma ofensa homofóbica feita pelo depoente nas redes sociais.

A ofensa se deu em uma publicação no Twitter, onde Fakhoury ironizou um erro gramatical de Contarato, que usou a palavra “fragrancial” em vez de “flagrancial”. O empresário, se aproveitando da orientação sexual do senador, insinuou que ele teria se “cativado” por algum outro parlamentar.

“O delegado, homossexual assumido, talvez estivesse pensando no perfume de alguma pessoa ali daquele plenário… Quem seria o ‘perfumado’ que lhe cativou?”, escreveu o empresário.

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Em seu discurso, feito da cadeira da presidência da CPI após o presidente, Omar Aziz (PSD-AM), ceder o lugar para dar destaque à fala, Contarato relembrou que, quando tomou posse, muitas pessoas o perguntavam sobre o respeito que recebia dos colegas. “Todos têm o respeito, carinho, deferência por mim, como se deve ter por qualquer pessoa”, disse.

O senador destacou ainda que não é fácil para ele se expor e expor sua família, mas isso era necessário. Disse também ter orgulho de sua família e de seu esposo. “O senhor não é um adolescente. O senhor é casado, tem filhos. A sua família não é melhor que a minha”, afirmou.

“Eu aprendi que a orientação sexual não define caráter, a cor da pele não define o caráter, poder aquisitivo não define caráter”, continuou Contarato. “Eu sonho com o dia em que eu não vou ser julgado por minha orientação sexual. Sonho com o dia que meus filhos não serão julgados por ser negros”.

Contarato afirmou ainda que, se Fakhoury fosse realmente a favor da legalidade, saberia que a Constituição determina o fim de todo o tipo de discriminação.

“Se o senhor obedecesse ao princípio da legalidade, o senhor saberia que no art. 3º, inciso IV, da Constituição Federal está expresso que um dos princípios, que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é promover o bem-estar de todos e abolir toda e qualquer forma de discriminação, toda e qualquer forma de discriminação”, declarou o parlamentar.

Mais adiante, Contarato exigiu que o depoente fizesse um pedido de desculpas não só a ele, mas a toda a comunidade LGBTQIA+. “Se o senhor faz isso comigo como senador, imagine no Brasil que mais mata a população LGBTQIA+. O mínimo que o senhor deveria fazer é pedir desculpas a toda a população LGBTQIA+”, disse.

“Nada te dá direito de fazer o que o senhor fez. Não tem dinheiro que pague isso”, complementou.

Após o discurso do senador, Fakhoury pediu desculpas, afirmando que não teve a intenção de ofender e que sua postagem foi infeliz.

Contarato pediu à Polícia Legislativa que apure o crime de homofobia, e a CPI também encaminhou a denúncia ao Ministério Público Federal. 

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