Vereador dos servidores ‘fantasmas’ retorna à Câmara com assento na CCJ

Ainda titular da Sedec na gestão de Rogério Cruz, Paulo Henrique da Farmácia teve exoneração adiada após reportagens do Hoje sobre irregularidades

Postado em: 15-10-2021 às 09h40
Por: Redação
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Ainda titular da Sedec na gestão de Rogério Cruz, Paulo Henrique da Farmácia teve exoneração adiada após reportagens do Hoje sobre irregularidades | Foto: Reprodução

Por Yago Sales

Prestes a deixar a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec) e reassumir o gabinete 18 na Câmara Municipal de Goiânia, o secretário e vereador licenciado Paulo Henrique da Farmácia (PTC) retoma ao cargo. E, sem surpresa, com prestígio raro para alguém que há menos de um mês foi alvo de denúncias graves por manter servidores fantasmas e suspeita de rachadinha dentro da Casa Legislativa. A blindagem inegável, inclusive com afagos e sorrisos do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) em público e em redes sociais, deu certo.

A história escandalosa do gabinete 18 foi revelada com exclusividade por duas reportagens investigativas do jornal o Hoje em setembro. A primeira, publicada no dia 21, flagrou comissionados, em horário de expediente da Câmara, exercendo atividades particulares. Dos sete servidores identificados, cinco doaram quantias à campanha eleitoral de Paulo Henrique da Farmácia.

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A segunda reportagem, publicada no dia 23, ouviu dois motoristas que prestaram serviços ao gabinete 18, mesmo antes de Paulo Henrique deixar a vereança para assumir a Sedec. No lugar dele, assumiu o suplente, Célio Silva (PTC), o que não opta em nada.

Um dos motoristas, que exercia a função de maneira ilegal, já que não era nomeado – inclusive usando crachá provisório da Câmara e dirigindo carros oficiais -, disse à reportagem que recebia por meio de suposta rachadinha, dinheiro que os fantasmas supostamente devolviam ao gabinete. Outro motorista, devidamente nomeado, afirmou que ouviu de um assessor sobre a suposta devolução de salários que podiam chegar a R$5 mil. Ambos os motoristas afirmam que Paulo Henrique da Farmácia sabia de tudo.

Fontes afirmam que a saída de Paulo Henrique estava acertada antes da publicação do material jornalístico, que provocou constrangimento, buchicho, reuniões e a decisão de instalar ponto biométrico e exigir relatórios de atividades externas. A proposta ainda não foi apresentada oficialmente na Câmara. Embora silenciado pelas conveniências políticas e diplomáticas, o presidente da Casa, Romário Policarpo (Patriota), não deve deixar de dar respostas às denúncias. Assim que ele voltar de licença, talvez semana que vem, o martelo será batido às novas regras de controle de atividades dos servidores.

Outra reportagem do jornal constatou que a Câmara Municipal de Goiânia, com seus 35 vereadores, gastou entre janeiro e setembro deste ano uma cifra milionária: R$ 80.857.834. O valor é 5,56% superior ao gasto comparado com o mesmo período do ano passado, quando a Casa Legislativa custou ao contribuinte R$ 76 milhões. A previsão é que os gastos podem aumentar, tendo em vista que em todo o ano passado a Câmara desembolsou R$ 115.754.360 milhões.

Em sessão plenária no dia 13 de outubro, os vereadores aprovaram projeto de lei que aumenta as verbas destinadas a cada gabinete. De acordo com a proposta apresentada pela mesa diretora, o valor passaria de R$62 mil para R$78 mil, para todos os 35 gabinetes.

Voltando à nem tão conturbada vida de Paulo Henrique da Farmácia, o secretário tinha apenas uma pedra em seu caminho, com claras intenções de vê-lo longe da Sedec: o secretário de Governo Arthur Bernardes. Segundo fontes, desde que assumiu a pasta, em abril, em conversas em bares em noites e madrugadas, Paulo Henrique se preocupava com os pedidos da “cabeça” por parte de Bernardes. O assunto pesava o clima entre um ou outro copo de chopp.

O secretário executivo da Secretaria Municipal de Planejamento (Seplanh), Michel Magul, deve deixar o segundo escalão para ocupar a vacância de Paulo Henrique da Farmácia na Sedec.O político de primeiro mandato deve retornar, como dizem alguns vereadores sobanonimato, quase com tapete vermelho. As idas entusiasmadas, até abraçado como prefeito Rogério Cruz (Republicanos), deram resultados. Quando retornar ao gabinete 18, Paulo Henrique deverá assumir uma das vagas criadas na poderosíssima Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “Lá é onde o vereador usa para pressionar o Executivo. Onde a matéria passa ou empaca”, disse um parlamentar. (Especial para O Hoje)

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