Vereadores destoam sobre aproximação de Caiado

Para evitar descompasso, Paulo Magalhães foi incumbido de traçar diagnóstico daqueles que estão mais, ou menos, “afinados” com o governo

Postado em: 19-10-2021 às 08h46
Por: Felipe Cardoso
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Para evitar descompasso, Paulo Magalhães foi incumbido de traçar diagnóstico daqueles que estão mais, ou menos, “afinados” com o governo | Foto: Reprodução

Cada vez mais ganha musculatura a ideia de que o governador Ronaldo Caiado (DEM) tem estudado, juntamente com seus auxiliares, uma maneira de se aproximar dos vereadores da capital. Nos bastidores, o comentário é de que o democrata teria se ‘incomodado’ após o prefeito de Aparecida e pré-candidato ao governo do Estado no ano que vem, Gustavo Mendanha, ter se movimentado neste sentido e estreitado diálogo com os legisladores municipais.

Um dos principais responsáveis por essa articulação seria o ex-vereador por Goiânia e atual assessor especial da governadoria, Paulo Magalhães com quem a reportagem tentou contato, porém não conseguiu até o fechamento desta edição. 

Se essa, de fato, é a intenção de Caiado, deve ser cumprida, sobretudo, com cautela. Isso porque, ao passo em que parte da Câmara encara de maneira amistosa essa tentativa de aproximação do governo, a outra metade da laranja tem se mostrado mais ácida do que doce.

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Na interpretação do vereador Henrique Alves (MDB), por exemplo, trata-se de um passo importante não apenas para o governo como para o Legislativo. Ele chama atenção ainda para o ‘bom trato’ dispensado em relação aos vereadores. “Sempre fomos muito bem atendidos pelos secretários e assessores do governador, mas é diferente quando falamos diretamente do chefe do Executivo, isso fortalece ainda mais nossa relação que já é positiva”. 

O parlamentar disse esperar que o gestor marque, já nos próximos dias, inclusive, um encontro com os membros da Casa. Alves não duvida que a aproximação possa, de fato, acontecer e justifica com base nas sinalizações deixadas pelo democrata desde o início de sua gestão. 

“Ele já nos deu uma sinalização muito positiva ao criar uma assessoria legislativa com essa finalidade, ou seja, já pensando em atender não apenas os vereadores de Goiânia, mas de tantas outras cidades do interior do estado, reconhecendo a importância dessas personalidades que se encontram mais próximas do povo”, disse o emedebista que finalizou enfatizando que o bom relacionamento poderá refletir na formação de muitos novos “aliados” na Câmara. 

Contraponto

No que diz respeito à promessa de atendimento aos vereadores no Palácio, nem todos enxergam o mesmo ‘mar de rosas’ que Henrique. Um deles é o vereador Cabo Sena (Patriota). “É um governador que não tem diálogo, que não abre discussão com ninguém, tudo é do jeito dele e acabou. Ele disse que faria, ao lado da sala dele, no 10° andar [do Palácio Pedro Ludovico Teixeira], uma sala para despachar diretamente com os vereadores e até ontem isso não aconteceu. O governador já mostrou a que veio, só pensa na cabeça dele e mais nada”.

Em outro trecho da entrevista, Sena rememorou, porém, a atitude dos vereadores em relação a Caiado ainda em 2018. “Na campanha, enquanto ele ainda era candidato ao governo do Estado, ele teve o apoio de 15 vereadores desta Casa. Até hoje sequer agradeceu esses votos [que obteve por meio dos governistas]. Ele percebeu que o boi está indo com as cordas, como diz o ditado, e agora quer se aproximar novamente. Acredito que haverá muita dificuldade para isso”, disparou.

Ele garantiu, ainda, que não houve qualquer movimentação do democrata no sentido de aproximação com a Casa e seus componentes. “Fora o [Anderson Sales] Bokão, que é da base dele, nenhum vereador recebeu sequer uma ligação. (…) Ele é político, nós também somos, ele tem que procurar apoio. Mas depois da resposta que já tivemos, tenho certeza que ele terá grandes dificuldades de ter novamente o apoio dos vereadores”. 

A afirmação foi confirmada por Sabrina Garcez (Republicanos). “É um tipo de movimentação válida. O governo precisa estar mais próximo das pautas municipais, mas por enquanto ainda não vi ou ouvi falar sobre qualquer ação nesse sentido. Nada chegou até mim. Conversando, inclusive, com os demais colegas, não pude sentir essa aproximação do governo”. 

Na contramão, Thialu Guiotti (Avante) diz que o governador já iniciou uma sequência de investidas através de seus auxiliares. “Ainda não há uma definição em relação a possíveis datas, mas a intenção é de que sejam realizados atendimentos individuais com os vereadores”. Para ele, a ação é assertiva e reflete o interesse natural do gestor em angariar apoio. “O Mendanha [Gustavo] saiu na frente, mas isso não quer dizer que o governo não possa se aproximar também em busca de apoio. Faz parte do jogo político”. 

Raio-X”

O ex-deputado estadual, Lívio Luciano (MDB), foi um dos emedebistas a caminhar com Caiado nas eleições de 2018. Hoje, o ex-parlamentar ocupa posição de destaque no governo auxiliando o governador em questões estratégicas. Em entrevista ao O Hoje, Lívio confirmou a intenção do governador e em seguida disparou: “O Paulo Magalhaes é que está cuidando de tudo. Ele está incumbido de fazer um apanhado de quem está mais afinado com o governo, uma espécie de raio x”.

Luciano acrescentou que não há um prazo definido para que Magalhães traga ‘respostas’ acerca dessa missão, mas disse acreditar que tudo tende a caminhar de maneira pacífica. “Estamos falando, acima de tudo, de uma agenda administrativa. Precisamos sentir as demandas da cidade e avaliar as possíveis parcerias que podem acontecer entre o governo e o Legislativo municipal. Precisamos entender o que o povo está sentindo”. 

O embarque do MDB no grupo de apoio à reeleição do governador no ano que vem tende, segundo ele, a facilitar ainda mais a construção de uma agenda mais próxima da Câmara. “Há uma quantidade expressiva de vereadores do partido no Legislativo”, rememorou.

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