Entenda o caso do vereador que ameaçou bater em colega no plenário

"Você vai queimar no fogo do inferno", diz vereador a colega da Câmara

Postado em: 21-10-2021 às 07h43
Por: Felipe Cardoso
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"Você vai queimar no fogo do inferno", diz vereador a colega da Câmara. | Foto: Reprodução/Internet

Mais uma vez o clima esquentou na Câmara Municipal de Goiânia. Acontece que durante encontro da última quarta-feira (20/10), o vereador Sargento Novandir (Republicanos) pediu a palavra para rechaçar uma suposta articulação do colega de Parlamento, vereador Geverson Abel (Avante). Isso porquê Abel teria, segundo ele, trabalhado pelo arquivamento de uma matéria a qual Novandir lutava para aprovar há quatro anos. 

O projeto de lei em questão diz respeito a reativação da creche comunitária “Menino Jesus” e tramitava pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ). Para que isso acontecesse, buscava-se, por meio do projeto, revogar o uso da área, atualmente concedido à Associação de Moradores do Jardim Guanabara, e conceder a permissão ao Instituto de Especialidades Conceito.

A acusação do vereador republicano é de que Abel teria articulado, com base em interesses eleitorais, o arquivamento do texto. Isso porque, na interpretação de Novandir, a “conquista” para a região Norte poderia significar um “resultado positivo” para seu nome em meio àquela parcela do eleitorado goianiense. 

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Ao falar sobre o assunto na tribuna, Novandir não apenas subiu o tom como chegou a tirar o cinto para expressar sua vontade de “educar” o colega. “Algumas vezes eu já bati em moleque na rua, em bandido, quando alguns tentaram me agredir. Mas em você vereador, vou ser sincero, eu tinha vontade de tirar esse cinto aqui e te dar um couro. Sabe quando a gente pega um moleque covarde na rua e o pai e a mãe educa? Eu queria te educar com uma cintada no lombo, infelizmente não posso, mas o senhor merecia isso”, disparou.

“Se o senhor não pagar isso aqui na terra, o senhor vai ter que explicar para Deus um dia, a quem o senhor não vai saber enganar. (…) o senhor não teve coragem de ser relator e pediu para outro, isso não é postura de vereador. Hoje o senhor vai pedir a palavra e mentir aqui de todas as formas. Isso é uma covardia, uma maldade. (…) Continue trabalhando dessa forma que, como falei, talvez o senhor tenha sucesso aqui na terra, mas vai queimar no fogo do inferno”, disse antes de deixar a tribuna. 

Em entrevista à reportagem do jornal O Hoje, o parlamentar reconheceu ter se exaltado e acrescentou, porém, que certas coisas “não dá para engolir”. “Conversei com o vereador relator da matéria e ele me falou que realmente foi pedido, mas que não iria confessar publicamente que o fez atendendo um pedido do vereador Geverson Abel”, completou. 

Em outro trecho, Novandir disse que o cinto, obviamente, não seria usado, mas que expressa a vontade de todo povo goianiense. “Quem sabe o que está acontecendo diria que é mais que legítimo. Um vereador desse merecia levar um couro. Mais de 300 crianças agora estão nas ruas, quem sabe se envolvendo no mundo do crime, aprendendo a usar drogas”, desabafou o parlamentar que atribuiu à atitude de Abel a uma prática “100%” eleitoreira.

“Papel de menino”

Geverson Abel também foi ouvido. Ao comentar o episódio disse não entender a atitude do colega, haja vista que possui um único voto em meio a outros dez na CCJ. “Não tenho força de onze votos. O próprio relator disse ter constatado em sua apuração que já existe uma associação lá, de forma que não faria sentido tirá-la para colocar outra. As acusações do vereador são levianas”. 

Quanto à atitude de retirar o cinto na tribuna, disparou: “O vereador mostrou seu despreparo. Ninguém joga pedra em árvore que dá fruto. Isso é sinal que estamos no caminho certo”. Em outro trecho da entrevista, acrescentou que não é o primeiro a passar por esse tipo de ataque e rememorou confusões do vereador com outras personalidades como Edgar Duarte (PMB), Pedro Azulão Jr (PSB) e Santana Gomes (PRTB). 

“Esse é o perfil dele quando se sente ameaçado, querendo amedrontar e ameaçar as pessoas pelo seu perfil militar. Mas aqui ele tem que respeitar, existem 35 vereadores que legislam por Goiânia com a mesma autonomia. Eu me conheço. As palavras relacionadas à minha pessoa foram jogadas ao vento. (…) Por ser alguém vindo da polícia, acha que aqui é a polícia, onde se grita e se resolve da forma que quer. O vereador fez papel de menino”, finalizou.

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