Estratégia do PT para montar chapa federal é exemplo para outras siglas

Nova regra eleitoral indica necessidade de pelo menos dois nomes competitivos, que, no caso dos petistas, serão Rubens Otoni e Delegada Adriana Accorsi

Postado em: 21-10-2021 às 08h12
Por: Marcelo Mariano
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Nova regra eleitoral indica necessidade de pelo menos dois nomes competitivos, que, no caso dos petistas, serão Rubens Otoni e Delegada Adriana Accorsi. | Foto: Reprodução/Internet

A deputada estadual Delegada Adriana Accorsi (PT) anunciou oficialmente que, nas eleições do ano que vem, buscará uma cadeira na Câmara dos Deputados, em Brasília.

“Delegada Adriana Accorsi confirmou que será candidata a deputada federal em 2022. A disputa por uma vaga na Câmara Federal é um pedido pessoal de Lula e de lideranças nacionais. Adriana colocou seu nome à disposição do partido e soma esforços para a eleição de Lula presidente em 2022”, afirmou, em nota, a sua assessoria de imprensa.

À parte da retórica sobre a eleição de Lula, que é a prioridade número um, dois e três do PT, a decisão de Adriana Accorsi é um sintoma das novas regras eleitorais e pode dar indícios de como outros partidos montarão suas chapas para deputado federal.

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Após a Câmara votar a favor das coligações partidárias, o Senado derrubou a medida. Na prática, isso quer dizer que os partidos não poderão mais fazer alianças para as eleições proporcionais, como a de deputado federal.

Em outras palavras, cada partido terá uma chapa própria, que, para eleger parlamentares, precisará ser forte, ou seja, ter candidatos competitivos.

Em 2018, Rubens Otoni foi o petista mais votado, com 83.063 votos. O segundo mais votado foi Professor Zé do Carmo, com 12.668. Porém, naquele ano, as coligações partidárias ainda existiam, e PT e PCdoB estavam na mesma chapa.

Isaura Lemos, do PCdoB, conquistou 24.258 votos. Apenas com o desempenho do PT, Otoni não conseguiria ter sido eleito, mas ele teve a ajuda de Isaura, que contribuiu para o fortalecimento da chapa.

O problema é que, em 2022, sem as coligações partidárias, o PT não poderá mais contar com os votos do PCdoB. Por isso, Adriana Accorsi entra em cena.

A estratégia parece arriscada porque, a princípio, pode haver divisão de votos, mas, sendo realista, faz sentido. Dificilmente, terá espaço para dois deputados federais petistas. A disputa, então, será entre Otoni e Adriana. Um ficará de fora. Por outro lado, se não fossem candidatos, seria alta a chance de o PT não eleger ninguém.

Esse é um cálculo que outros partidos também farão, principalmente aqueles que, hoje, têm apenas um deputado federal. Se mantiverem a mesma base de votos, alguns conseguirão ser eleitos sozinhos, como Flávia Morais (PDT) e Francisco Jr (PSD).

Outros, contudo, precisarão de pelo menos outro colega de partido com condições de ter cerca de 20 mil votos. São os casos, por exemplo, de Lucas Vergílio (Solidariedade), Elias Vaz (PSB) e Magda Mofatto (PL).

Nas últimas eleições, os três estavam no chamado chapão da base governista, que contava, ainda, com PSDB, PTB, PSD e PPS (atual Cidadania). Era, portanto, uma chapa forte.

Lucas Vergílio e Magda Mofatto, em 2018, foram os únicos candidatos de seus respectivos partidos, enquanto Elias Vaz teve a companhia de Fernando Contart, que conquistou apenas 325 votos.

Dessa forma, Solidariedade, PL e PSB, para permanecerem com pelo menos um parlamentar goiano na Câmara dos Deputados, tendem a seguir a estratégia adotada pelo PT de ter no mínimo dois candidatos competitivos.

O MDB, que, apesar da estrutura, ficou sem deputado federal, também deve ficar atento a essas movimentações, ainda mais porque a disputa no ano que vem provavelmente terá a presença de outros nomes de peso, como o presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (de saída do PSB e próximo de Progressistas e PSD), e o ex-governador Marconi Perillo (PSDB). (Especial para O Hoje)

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