Além do prefeito, mais de um terço dos secretários da Prefeitura de Goiânia não é de origem local

O último a assumir o cargo é Carlos Eduardo Merlim, da Secretaria de Administração

Postado em: 22-10-2021 às 08h46
Por: Marcelo Mariano
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O último a assumir o cargo é Carlos Eduardo Merlim, da Secretaria de Administração | Foto: Reprodução

Dos 20 órgãos da administração municipal que são considerados secretarias, de acordo com o site da Prefeitura de Goiânia, sete são ocupados por pessoas com trajetórias em outras cidades, o que equivale a 35%.

O último a assumir o cargo, conforme publicação no Diário Oficial com data de 20 de outubro, é Carlos Eduardo Merlim, que substitui Fabiano Bissoto na Secretaria de Administração (Semad).

Merlim é do Rio Grande do Sul e já teve passagem pela Prefeitura de Salvador. Antes de ser o titular da Semad, ele já estava nomeado na mesma secretaria como secretário-executivo, que, na prática, funciona como o número dois na hierarquia.

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Os outros secretários de fora de Goiânia são os seguintes (em ordem alfabética): André Rodrigues Martins (Inovação, Ciência e Tecnologia), Arthur Bernardes (Governo), Fabio Cammarota (Prioridades Estratégicas), Geraldo Lourenço (Finanças), Valéria Pettersen (Relações Institucionais) e Zé Antônio (Desenvolvimento Humano e Social).

Desses, alguns têm histórico na política em outras cidades goianas, como Zé Antônio, ex-prefeito de Itumbiara, e Valéria Pettersen, vereadora licenciada de Aparecida de Goiânia. Além disso, Fabio Cammarota teve uma rápida passagem pelo Palácio das Esmeraldas, como secretário de Governo de Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil).

Nos bastidores, é cada vez mais frequente ouvir comentários de insatisfeitos em relação ao grande número de “estrangeiros” entre os secretários da Prefeitura. Segundo afirmou um vereador em off, essa postura pode passar a imagem de que, em Goiânia, supostamente não haveria pessoas qualificadas para ocupar as funções.

Porém, esse mesmo vereador diz que um secretário ser de outra cidade não significa necessariamente que ele não tenha competência para estar no cargo. “Ser de fora pode atrapalhar um pouco no início da gestão, o que é algo natural, mas qualidade todos têm e isso se resolve rápido.” 

Primeiro escalão

Além das secretarias, há mais cargos de primeiro escalão, como presidentes de autarquias e institutos. Ao todo, são nove, dos quais apenas um é comandado por alguém com trajetória em outra cidade.

É o caso de Alex Gama, presidente da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). Tarcísio Abreu, presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), é cearense, mas vive em Goiânia há mais de dez anos.

Alex Gama é de Alagoas e está no cargo desde abril, época da ruptura entre o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) e Daniel Vilela (MDB), filho de Maguito Vilela, que faleceu em janeiro por causa de complicações da Covid-19. 

Brasília

A ruptura gerou uma debandada de secretários ligados ao MDB, insatisfeitos com a influência de Wanderley Tavares, presidente do Republicanos em Brasília, na Prefeitura de Goiânia.

Mais de seis meses depois, essa influência segue mexendo com as secretarias do Paço Municipal. A exoneração de Fabiano Bissoto da Semad ocorreu justamente devido a desentendimentos entre ele e Wanderley Tavares.

Prefeito

Durante a campanha eleitoral de 2020, quando concorreu a vice-prefeito na chapa de Maguito Vilela, o fato de Rogério Cruz ser do Rio de Janeiro foi explorado por seus adversários, mas também é fato que ele construiu uma trajetória política em Goiânia, embora curta, com dois mandatos de vereador, inclusive entre os mais votados.

Por outro lado, como já mostrado anteriormente pelo jornal O Hoje, Rogério Cruz ainda está em processo de montagem de seu próprio grupo político. E recorrer a “estrangeiros” para ocupar secretarias pode ser um sintoma disso. (Especial para O Hoje)

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