Candidatura de Sérgio Moro tem apoio de grupo anticorrupção fundado por político ficha suja

Grupos que já iniciaram a campanha por #Moro2022 se dizem ‘espontâneos’, mas fazem parte de um movimento orquestrado lavajatistas

Postado em: 30-10-2021 às 18h12
Por: Giovana Andrade
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Grupos que já iniciaram a campanha por #Moro2022 se dizem ‘espontâneos’, mas fazem parte de um movimento orquestrado lavajatistas. | Foto: Reprodução

A candidatura de Sérgio Moro à Presidência da República ainda não está confirmada, mas já existe uma movimentação que aponta nessa direção. Conforme informado pelo jornal Folha de São Paulo, o ex-ministro da Justiça e ex-juiz deve se filiar ao Podemos em evento marcado para o próximo dia 10 de novembro, em um centro de convenções de Brasília. 

Embora o ex-ministro bolsonarista ainda cogite outras possibilidades, como disputar uma vaga ao Senado por São Paulo ou Paraná, ou continuar na iniciativa privada, partidos, políticos e movimentos anticorrupção já trabalham para a construção da candidatura presidencial de Moro. Durante esta semana a hashtag #MoroPresidente2022 apareceu entre os assuntos mais comentados do Twitter. 

Entretanto, segundo matéria publicada pelo Intercept, a campanha nas redes sociais não é espontânea, mas sim organizada e articulada pelo Podemos e por dois perfis, ainda pouco conhecidos, de movimentos chamados “Brasil Consciente” e o “Movimento Grita!”. As contas em questão estão articuladas com os perfis do Podemos e do senador Álvaro Dias, costumando compartilhar os mesmos conteúdos, além de impulsionarem hashtags defendendo pautas lavajatistas e exaltando a figura de Sérgio Moro.

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O chamado Movimento Grita! se define como um “movimento que inspira os eleitores a levantarem sua voz e unirem esforços para eleger um Congresso Nacional que verdadeiramente represente a população”. Em seu site, o Grita! informa que o grupo foi “fundado a partir da indignação de 4 engenheiros do ITA, formados em 1964, que resolveram fazer de sua indignação uma Plano de Ação de Cidadania”.

O discurso anticorrupção, no entanto, entra em contradição com o histórico de escândalos em que Cassio Taniguchi, um dos engenheiros fundadores do grupo em questão, se envolveu. O político, que já foi prefeito de Curitiba por duas vezes e deputado federal pelo Paraná uma vez, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2010, a seis meses de prisão em regime fechado por mau uso do dinheiro público enquanto ocupava a prefeitura de Curitiba, entre 1997 e 2000.

O ex-prefeito também foi condenado pelo Tribunal de Justiça a pagar multa por ter usado recursos públicos para fazer campanha eleitoral em 2000, quando conseguiu sua reeleição. A sentença também determinou a inelegibilidade do paranaense por oito anos.

Apesar de estar inelegível, Taniguchi continuou próximo dos políticos lavajatistas. No ano passado, o delegado bolsonarista e lavajatista Fernando Francischini anunciou Taniguchi como o criador dos seu plano de governo para a disputa da prefeitura da capital paranaense. Ele perdeu a eleição e continuou como deputado estadual. Nesta semana, Francischini teve o mandato cassado pelo TSE por mentir sobre a existência de fraudes nas urnas eletrônicas.

Em seu site, o movimento Grita! diz que só aceita políticos ficha limpa, o que torna curioso o fato de Taniguchi fazer parte da bancada do grupo que fundou, já que é ficha suja.

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