PSDB sob pressão para desembarque do governo Temer

Uma reunião de emergência foi convocada ontem em São Paulo com a presença de vários tucanos de alta plumagem, governadores e parlamentares da bandada federal do partido

Postado em: 11-07-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: PSDB sob pressão para desembarque do governo Temer
Uma reunião de emergência foi convocada ontem em São Paulo com a presença de vários tucanos de alta plumagem, governadores e parlamentares da bandada federal do partido

Mardem Costa Jr. 

Historicamente conhecido por ficar “em cima do muro”, o PSDB deve decidir pelo desembarque da sigla da gestão do presidente Michel Temer, suspeito de corrupção passiva e denunciado pela Procuradoria Geral da República. Uma reunião de emergência foi convocada ontem em São Paulo com a presença de vários tucanos de alta plumagem, governadores e parlamentares da bandada federal do partido. Até o fechamento da edição, a reunião ainda não tinha acabado.

A saída embora não conte com o apoio de vários líderes da cúpula, é exigida pela bancada tucana na Câmara, que ameaçou rebelar-se contra a gestão partidária.Em entrevista no último fim de semana, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que não há “nenhuma razão” para que o PSDB permaneça na base do governo do presidente Michel Temer após a definição do andamento das reformas trabalhista, previdenciária e política.

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A votação da reforma trabalhista no Senado está prevista para hoje (11). A reforma da Previdência chegou a ser votada em comissão especial, mas travou depois do agravamento da crise política. Alckmin destacou que já havia dito anteriormente que o PSDB não deveria ter cargos no governo. Desta vez, o governador disse que o partido “deverá encerrar’ o período de permanência na base aliada.

Por sua vez, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), defende a permanência do tucanato no Palácio do Planalto. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Perillo criticou a condução dos rumos da legenda, provisoriamente feita pelo senador Tasso Jereissati (CE). “O PSDB não tinha que estar no centro da crise, a crise não é nossa”, afirmou.Marconi também questiona a indecisão da sigla em tomar um rumo. “O prejuízo é ficar dessa forma, vai ou não vai. Se vai sair, é preciso defender uma tese”, disse.

Reformas

Alckmin demonstrou preocupação quanto à manutenção do calendário de reformas. “Terça-feira [hoje] agora é a [votação da] reforma trabalhista, ela poderá ser aprovada no Senado. E aí vai à sanção presidencial. Também a reforma previdenciária a gente vai saber em pouco tempo se ela vai prosperar ou não. E a reforma política também tem data. Depois disso, eu vejo que não tem nenhuma razão para PSDB participar do governo”, declarou.

“Eu não mudei a minha posição. Eu entendo que o nosso compromisso não é com governo, muito menos com cargos. Aliás, lá atrás, eu já tinha defendido que nós deveríamos aprovar todas as medidas de interesse do Brasil, as reformas que levem ao aumento do emprego, a retomada do crescimento econômico, sem precisar participar com cargos no governo”, disse.

Marconi Perillo também atenta para a importância das reformas “Sem elas, o país vai quebrar e aí nós também vamos quebrar”, disse. Para Perillo, o partido deveria “deixar os deputados livres para votarem de acordo com suas consciências”.

Nos bastidores, outros caciques tucanos têm colocado a votação da reforma trabalhista como prazo-limite para o partido definir se permanece ou desembarca do governo.Nas mesma linha de Alckmin, Doria afirmou que a sigla precisa ter compromisso com o país, e não com o governo. 

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