Senado conclui aprovação e reforma trabalhista vai para sanção de Temer

A proposta altera mais de 100 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)

Postado em: 12-07-2017 às 07h30
Por: Toni Nascimento
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A proposta altera mais de 100 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)

Após
aprovar o texto principal, em uma sessão marcada por confusões e protestos, os
senadores concluíram há pouco a votação da reforma trabalhista. Enviado pelo
governo e aprovado no Senado da mesma forma como veio da Câmara dos Deputados,
o projeto de lei segue agora para sanção do presidente Michel Temer.

A
proposta altera mais de 100 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
permitindo mudanças como a prevalência do acordado entre patrões e empregados
sobre o legislado nas negociações trabalhistas. A sessão chegou a ser iniciada
às 11h de hoje (11), mas as senadoras da oposição ocuparam a Mesa do Senado e
impediram que o presidente da Casa, Eunício Oliveira, conduzisse os trabalhos,
que foram retomados apenas no início da noite.

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Por
mais de sete horas, as parlamentares permaneceram no Plenário, mesmo com as
luzes apagadas. Com críticas ao mérito da reforma e ao modo como ela seria
apreciada, as senadoras da oposição rejeitaram por diversas vezes sugestões de
acordo para que a votação fosse retomada.

De
acordo com o senador Jorge Viana (PT-AC), as parlamentares tomaram uma atitude
política e criticou o fato de o Senado não ter feito qualquer alteração para
melhorar a proposta vinda da Câmara, abrindo mão do papel de casa revisora.

Após
uma série de bate-bocas e tentativas de negociações, o presidente do Senado
voltou ao Plenário no início da noite e, com um microfone sem fio, anunciou que
retomaria o comando da sessão de qualquer jeito. Com duras críticas à posição
das senadoras, Eunício Oliveira disse que sempre buscou cumprir os acordos,
garantindo inclusive discussões da matéria para além das previsões regimentais.
“Nem a ditadura militar ousou ocupar a Mesa do Congresso Nacional. Isso não
existe no regime democrático”, reclamou.

Destaques

Com
50 votos favoráveis, 26 contrários e uma abstenção, o texto-base do projeto de
lei foi aprovado por volta das 19h50, mas os senadores continuaram a discussão
por mais duas horas e trinta minutos, enquanto analisavam três destaques que
buscavam alterar pontos específicos do projeto. As sugestões buscavam excluir
da reforma mudanças como a regulamentação do trabalho intermitente e a
obrigação de que mulheres grávidas e lactantes apresentem atestado médico para
que sejam afastadas de atividades insalubres.

Um
dos destaques buscava derrubar a possibilidade do trabalho intermitente, que
prevê a possibilidade de o empregador contratar e remunerar os trabalhadores
apenas durante o tempo da prestação de serviços, excluindo períodos de
inatividade. Outra proposta de mudança, também rejeitada pela maioria dos
senadores, visava a manter a legislação trabalhista acima das convenções e
acordos coletivos de trabalho.

Vetos

Para
que a proposta não voltasse a ser analisada pela Câmara dos Deputados, os
senadores governistas não aceitaram nenhuma mudança de mérito no texto e
rejeitaram também as emendas apresentadas de modo individual. No entanto, como
resposta aos pontos polêmicos da proposta, há um compromisso do presidente
Michel Temer de vetar seis pontos da reforma. A ideia é aperfeiçoar esses
pontos para que eles sejam reapresentados via medida provisória ou projeto de
lei.

Um desses
pontos é o que aborda o tratamento da gestante e do lactante em ambiente
insalubre. O texto prevê que a trabalhadora gestante deverá ser afastada
automaticamente, durante toda a gestação, apenas das atividades consideradas
insalubres em grau máximo. Para atividades insalubres de graus médio ou mínimo,
a trabalhadora só será afastada a pedido médico.

Em
relação ao trabalho intermitente, o relator recomenda veto aos dispositivos que
regulamentam a prática. Neste tipo de trabalho, são alternados períodos de
prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses,
independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador. Segundo os
relatores da matéria, o melhor seria regulamentar por medida provisória,
estabelecendo os setores em que a modalidade pode ocorrer.

Mudanças

A
proposta de reforma trabalhista prevê, além da supremacia do negociado sobre o
legislado, o fim da assistência obrigatória do sindicato na extinção e na
homologação do contrato de trabalho. Além disso, acaba com a contribuição
sindical obrigatória de um dia de salário dos trabalhadores. Há também mudanças
nas férias, que poderão ser parceladas em até três vezes no ano,  além de novas regras para o trabalho remoto,
também conhecido como home office. Para o patrão que não registrar o empregado,
a multa foi elevada e pode chegar a R$ 3 mil. Atualmente, a multa é de um
salário-mínimo regional.

(Agência
Brasil) 

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