Grande maioria dos goianienses desconhece projeto de cidade inteligente da Prefeitura de Goiânia

A pesquisa ouviu 501 pessoas, distribuídas proporcionalmente em 163 bairros da capital, entre os dias 19 e 22 de outubro de 2021

Postado em: 08-11-2021 às 09h20
Por: Marcelo Mariano
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A pesquisa ouviu 501 pessoas, distribuídas proporcionalmente em 163 bairros da capital, entre os dias 19 e 22 de outubro de 2021 | Foto: Reprodução

Considerado pelo prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), como uma das prioridades de sua gestão, o projeto de cidade inteligente é desconhecido pela grande maioria da população goianiense.

Segundo levantamento Fox Mappin/O Hoje, apenas 17,8% sabem do que se trata. Portanto, 82,2% não têm conhecimento. A pesquisa ouviu 501 pessoas, distribuídas proporcionalmente em 163 bairros da capital e também de acordo com gênero, faixa etária e escolaridade, entre os dias 19 e 22 de outubro de 2021.

Plano de governo

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O projeto de cidade inteligente consta no plano de governo de Maguito Vilela, prefeito eleito no ano passado, mas morto em decorrência de complicações da Covid-19 no início de 2021.

Como vice, Rogério Cruz assumiu a Prefeitura e, mesmo após o rompimento, em abril, com o filho de Maguito e presidente do MDB em Goiás, Daniel Vilela, ele garantiu que cumpriria o plano de governo, que lista dez propostas para “tornar Goiânia uma cidade inteligente” e “promover a conectividade do cidadão goianiense”.

1. Desenvolvimento de redes de banda larga que possam suportar as aplicações digitais e garantir que a conectividade esteja presente em vários pontos da cidade para todos os cidadãos;

2. Ampliação da infraestrutura de rede de dados por meio de cabos, fibra óptica e redes sem fio (Wi-Fi, 3G, 4G ou rádio);

3. Instalação de módulos (usinas) fotovoltaicos nos equipamentos públicos sob administração municipal para geração de energia elétrica, com objetivo de gerar economia para administração municipal;

4. Implantação de painéis solares para produção e consumo de energia nas entidades de utilidade pública municipal (escolas, hospitais, centros esportivos etc.);

5. Substituição da iluminação pública e dos prédios sob administração municipal por lâmpadas LED de baixo consumo e implantação de sensores fotoelétricos e de presença para acender e apagar as luzes automaticamente e adaptar sua intensidade em função das necessidades do entorno;

6. Implantação do Centro de Operações de Goiânia (COG) para analisar, por exemplo, dados coletados por sensores espalhados em toda a cidade e visualizar imagens coletadas por câmeras para antecipar problemas e responder a emergências, com funcionamento 24 horas por dia e integração dos diversos departamentos do município: transporte, trânsito segurança pública, saúde, previsão do tempo, etc;

7. Aquisição de drones com Inteligência Artificial para monitoramento da cidade;

8. Institucionalização do cargo “Cientista de Dados” no município de Goiânia;

9. Implantação de espaços públicos para população ter acesso a computadores e internet;

10. Implantação de pontos de Wi-fi livre em praças e localidades públicas (terminais de transporte, centros culturais, museus, bibliotecas, centros comerciais e ruas de grande tráfego) no município de Goiânia, atendo todos os bairros da capital.

Goiânia Em Nova Ação

Em 3 de agosto deste ano, foi publicado, no Diário Oficial do Município, o decreto 3.730, que institui o Programa Goiânia Em Nova Ação, cujo objetivo é transformar a capital “em uma cidade inteligente, humana e igualitária utilizando diversos recursos de tecnologia e inovação, para propiciar maior eficiência e eficácia na gestão pública”.

O decreto diz, ainda, que o “programa constitui um projeto de modernização da administração municipal, baseado na utilização de tecnologias de informação e comunicação (TICs), buscando o aperfeiçoamento nas áreas de infraestrutura, economia, pessoas, governança, mobilidade, meio ambiente, segurança, saúde, educação, habitacional e turismo”.

Em outras palavras, este é o programa responsável por colocar em prática as propostas do plano de governo mencionadas anteriormente. Para coordenar as ações, também foi criado, por meio do mesmo decreto, o Comitê Gestor do Programa Goiânia em Nova Ação (CGENA).

A coordenação do CGENA está a cargo da Secretaria de Relações Institucionais, hoje sob o comando de Valéria Pettersen, e conta com outros sete órgãos da Prefeitura: Secretaria de Governo; Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia; Secretaria de Finanças; Secretaria de Administração; Secretaria de Planejamento Urbano e Habitação; Controladoria Geral do Município; e Procuradoria Geral do Município.

Ao todo, estão previstos R$ 2 bilhões em investimentos até 2025. “Temos que fortalecer as parcerias com a iniciativa privada e com os governos estadual e federal de modo que possamos tornar viáveis as ações e obras previstas neste programa com recursos do Tesouro Municipal, emendas parlamentares e recursos captados em ministérios no Governo Federal”, disse Valéria Pettersen à época.

Críticas

Conforme mostra a pesquisa Fox Mappin/O Hoje, o projeto de cidade inteligente, embora citado com frequência nos discursos e nas redes sociais de Rogério Cruz, que já viajou para conhecer exemplos em outros municípios, como Foz do Iguaçu, ainda está longe de se popularizar entre os cidadãos.

Além disso, nos corredores da Prefeitura de Goiânia, circulam pelo menos duas observações com tom crítico ao projeto. A primeira diz respeito à estrutura do próprio Paço Municipal, enquanto a outra trata de possíveis interferências externas.

Não existe um controle eficiente dos visitantes do Paço Municipal. Quando ocorre, não é feito por vias tecnológicas. Na entrada principal, as recepcionistas anotam, em cadernos, os nomes e dados à mão. Nas outras entradas, não há recepção. Em todas elas, não há nem sequer catracas.

Para muitos servidores, a Prefeitura quer fazer investimentos em tecnologia pela cidade, mas o edifício onde funcionam os principais órgãos ainda está preso ao passado, o que coloca os trabalhadores em risco. Houve um caso, registrado em fevereiro, de uma estagiária que denunciou abuso de um visitante no elevador.

Por fim, em relação a interferências externas, o comentário que se ouve é o de que pelo menos metade dos órgãos do CGENA (Governo; Inovação, Ciência e Tecnologia; Finanças; e Administração) tem influência direta do presidente do Republicanos no Distrito Federal, Wanderley Tavares, que supostamente exerce poder nos rumos da gestão municipal. Ele teria até nomeado uma pessoa de confiança na Prefeitura de Goiânia para cuidar especificamente do projeto de cidade inteligente.  (Especial para O Hoje)

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