Vereadores avaliam insatisfação de 74% dos goianienses com obras

Pesquisa do Instituto FoxMappin, do grupo O Hoje, mostrou que mais de 1 milhão de goianienses estão insatisfeitos com as diversas obras inacabadas espalhadas pela capital

Postado em: 11-11-2021 às 08h44
Por: Felipe Cardoso
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Pesquisa do Instituto FoxMappin, do grupo O Hoje, mostrou que mais de 1 milhão de goianienses estão insatisfeitos com as diversas obras inacabadas espalhadas pela capital | Foto: Reprodução

O Instituto Fox Mappin, do grupo O Hoje, mostrou que 74,1% dos goianienses estão totalmente insatisfeitos ou insatisfeitos com a quantidade e reflexos das obras na cidade. Para traçar o diagnóstico, os pesquisadores consultaram, entre os dias 19 e 22, 501 pessoas distribuídas por 163 bairros da capital. 

O resultado é que 55,5% dos entrevistados estão totalmente insatisfeitos, 18,6% insatisfeitos parcialmente. Por outro lado, 14,8% está satisfeito. Dos entrevistados, 2,4% não sabe e 1,6% não respondeu ao questionário

Conforme mostrado pela reportagem na edição da última segunda-feira, 8, algumas dessas obras causaram prejuízo que ultrapassam R$13 milhões. O resultado, além dos custos adicionais, também refletem em transtornos e queda de qualidade de vida dos goianienses, sobretudo em áreas onde antes havia alto fluxo. 

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Para o vereador Santana Gomes (PRTB) os números refletem exatamente o sentimento dos goianienses. “Se você vai mexer na sua casa, você precisa de uma programação, certo? Você vai precisar mudar sua situação de vida por um tempo. Eu vejo que os goianienses estão muito contrariados. Quanto isso tudo vai acabar? Agora, o que vemos são as pessoas todos os dias mudando seu percurso porque o prefeito acha que podemos ficar com isso o resto da vida. Desejo imensamente que o prefeito seja iluminado e resolva essa situação o quanto antes possível”, disse.

Já Anderson Sales Bokão (DEM) lembra que é dever do vereador fiscalizar a condução dessas obras e cobrar do Executivo a conclusão dos projetos. “Cabe a nós cobrar do Poder Público o cumprimento dessas obras que infelizmente causam, no início, uma repercussão tão bonita e grandiosa, mas com o decorrer do tempo o que se vê é insatisfação e revolta pela não conclusão das mesmas”, considerou antes de disparar: “Sou mais um que fica ao lado desses mais de um milhão”. 

Por outro lado, o líder do Governo no Legislativo municipal, Sandes Jr (PP) destacou que não há nenhuma obra parada na capital e que a prefeitura está trabalhando 24h para entregá-las o quanto antes. “É aquela placa que todos colocam: ‘os transtornos passam e os benefícios ficam’. Se não estivesse acontecendo o que está acontecendo, todos estariam falando mal dizendo que ele não deu prosseguimento às obras. Quem se lembra da campanha do ano passado onde todos os candidatos prometeram a continuidade e conclusão de todas as obras? É o que ele tem feito”, argumentou.

Outros dois vereadores consultados pela reportagem chamam atenção para o curto espaço de tempo em que o prefeito se encontra à frente da administração municipal. São eles: Cabo Sena (Patriota) e Thialu Guiotti (Avante). “Ele está trabalhando há alguns meses como prefeito, sendo que as obras já estavam iniciadas. O que ele poderia fazer como prefeito senão continuá-las?”, argumenta o primeiro deles. 

Sena ainda destaca o encarecimento dos insumos da construção civil em decorrência da chegada da pandemia. “O que era um valor antes da pandemia se tornou outro valor depois. Por exemplo, são necessários aditivos, um novo acordo em alguns casos, enfim, tudo isso demora. Mas quando essas mesmas obras ficarem prontas, essa insatisfação superior a 1 milhão de pessoas será mantida ou será revertida?”, indagou, por fim, o patriota. 

Guiotti, por sua vez, foi na esteira. “O prefeito pegou obras em andamento e que passaram por várias discussões. As obras terminaram paralisadas e a nova gestão, que é quem é responsável pelo pagamento e execução desse serviço, quer estar a par de todas elas. É um período normal, coisa de primeiro ano de mandato. Sem contar que iniciamos agora o período de chuvas, o que automaticamente fará com que muitas coisas fiquem para o ano que vem”. 

Canteiro de obras

Uma das obras que causam maior ansiedade entre a população é a obra do BRT Norte- Sul, que deverá mudar a forma de a cidade enxergar o transporte coletivo. Outra obra, Leste-Oeste – que depende de desapropriação de áreas. 

Sem prazo para entrega, o Viaduto Lauro Belchior, conhecido como “Viaduto da Enel”, também está atrasado. A obra traria enorme benefício à população, já que deve ligar o Setor Leste Universitário (Rua 117) ao Jardim Novo Mundo (Avenida Ribeirão Preto), passando sobre a BR-153.

Outras obras também influenciam no resultado da pesquisa, como o Complexo Viário Jamel Cecílio, a Marginal Cascavel (entre a t-9 e C-12). A do corredor da t-7 foi pensado para melhorar a mobilidade de todos os modais, principalmente faixa de ônibus exclusiva. E, uma das mais esperadas, a obra da Praça do trabalhador.

que começou em junho de 2019. A previsão era de ser entregue em setembro daquele ano, mas até hoje o goianiense continua esperando. Havia uma previsão de ser entregue no aniversário da capital, em outubro, mas foi adiada novamente. As obras atrasadas citadas acima tinham o valor orçado em R$ 459 milhões. Com atrasos e prejuízos, o valor pode ter ultrapassado R$ 472 milhões, um prejuízo que chega a R$ 13 milhões.

Metodologia

Os 501 entrevistados, distribuídos proporcionalmente entre as 7 regiões do município (central, sul, sudoeste, norte, noroeste, leste e oeste), foram estratificados em 163 bairros da Capital, representados em mais de 25% dos bairros que compõem as regiões. Para seleção da amostra, utilizou-se o método de amostragem estratificada proporcional por região, sendo auditada simultaneamente e de forma aleatória 10% das entrevistas, considerando se o entrevistado reside e vota em Goiânia, com mais de 16 anos, sexo e nível de escolaridade. Na pesquisa, 56% das entrevistas foram feitas com pessoas do sexo feminino e 44% masculino. Faixa etária: 70% encontram-se na faixa etária de 25 a 59 anos.

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