Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Bolsonaro surfa no desastre das prévias do PSDB

Apesar de não citar partido, presidente não deixou de comentar “confusão” em São Paulo durante conversa com apoiares

Postado em: 23-11-2021 às 09h07
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: Bolsonaro surfa no desastre das prévias do PSDB
Apesar de não citar partido, presidente não deixou de comentar “confusão” em São Paulo durante conversa com apoiares | Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) disparou, mais uma vez, contra o sistema de voto eletrônico na última segunda-feira (22/11). Porém, desta vez, o presidente falou subsidiado pela tentativa frustrada do PSDB em escolher um candidato para as eleições do ano que vem. 

“Viu a confusão ontem?”, perguntou Bolsonaro para um dos apoiadores que o esperava em frente ao Palácio do Planalto na manhã de ontem. Depois, continuou: “Não vou falar nisso porque não tenho nada a ver com outro partido, mas deu uma confusão em São Paulo ontem. É o tal do voto eletrônico”.  

A pane no aplicativo do PSDB deu munição para uma pauta antiga defendida pelo chefe do Poder Executivo: a adoção do voto impresso para eleições diretas. A mudança, almejada pelo presidente especialmente no primeiro semestre do ano, ganhou ainda mais musculatura em meados de agosto quando esteve sob intensa discussão no Congresso.  

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O final da história todos conhecem. Apesar das articulações em prol do texto, a matéria terminou arquivada pelo Legislativo, não restando qualquer brecha para reversão do quadro e aprovação da mudança em tempo hábil para o próximo pleito.  

Vale lembrar que depois do resultado, o chefe do Executivo chegou a criticar duramente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na ocasião, Bolsonaro disse, inclusive, que as eleições do ano que vem não serão confiáveis. 

“Números redondos: 450 deputados votaram. Foi dividido, 229 a favor, 218 contra. É sinal que metade não acredita 100% na lisura dos trabalhos do TSE. Não acreditam que o resultado ali no final seja confiável”, declarou o presidente.  

O esperado é que, em eventuais situações do tipo, o presidente volte a reforçar seu discurso acerca da suposta ‘inconfiabilidade’ do sistema eletrônico. Assim como parte da oposição torce pelos deslizes do Governo, Bolsonaro também parece torcer por situações que comprovem sua tese. A carta do “eu avisei” está na manga de ambos os lados e será usada sempre que possível. 

Fica pra depois 

Assim que reveladas e diagnosticadas as falhas do sistema tucano, a briga entre Dória e Leite precisou ser adiada. Uma reunião na tarde de ontem chegou a ser convocada para tratar sobre o assunto, porém, nenhuma decisão foi anunciada.  

Conforme mostrado pela FolhaPres, o aplicativo custou à legenda um montante equivalente a R$ 1,3 milhões. A ideia é que o app fosse usado pelos filiados sem mandato. As urnas eletrônicas, por sua vez, estiveram disponíveis em Brasília e foram usadas por prefeitos e vices, governadores e vices, deputados federais e estaduais , senadores, além do presidente e ex-presidentes da sigla.  

Usuários do sistema reportaram que o problema estaria relacionado à checagem da identidade para a votação. Isso porquê o software demanda dupla autenticação, ou seja, verificação por SMS e reconhecimento facial. O erro teria ocorrido justamente no momento do reconhecimento, impedindo o usuário de prosseguir e registrar seu voto.  

De volta para o futuro

A PEC 135/19, que previa a instituição do voto impresso no Brasil, precisava de, no mínimo, 308 votos em dois turnos de votação para ser aprovada pela Câmara dos Deputados, em Brasília. Como rememorado, a matéria não alcançou o quantitativo mínimo e terminou arquivada. 

O projeto propunha a inclusão de um parágrafo na Constituição para definir a obrigatoriedade da impressão de cédulas físicas conferidas pelo eleitor nos processos de votação das eleições, dos plebiscitos e referendos.

 Ante ao resultado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse: “A democracia do plenário desta Casa deu uma resposta a esse assunto e, na Câmara, eu espero que esse assunto esteja definitivamente encerrado”.  Resta saber se estará, também, para além do Parlamento.

Vale lembrar que o presidente ameaçou jogar “fora das quatro linhas” da Constituição e considerou, inclusive, a possibilidade de não realização das eleições do ano que vem caso a matéria não terminasse aprovada pelo Legislativo, o que, como visto, não aconteceu.

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