Bolsonaro surfa no desastre das prévias do PSDB

Apesar de não citar partido, presidente não deixou de comentar “confusão” em São Paulo durante conversa com apoiares

Postado em: 23-11-2021 às 09h07
Por: Felipe Cardoso
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Apesar de não citar partido, presidente não deixou de comentar “confusão” em São Paulo durante conversa com apoiares | Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) disparou, mais uma vez, contra o sistema de voto eletrônico na última segunda-feira (22/11). Porém, desta vez, o presidente falou subsidiado pela tentativa frustrada do PSDB em escolher um candidato para as eleições do ano que vem. 

“Viu a confusão ontem?”, perguntou Bolsonaro para um dos apoiadores que o esperava em frente ao Palácio do Planalto na manhã de ontem. Depois, continuou: “Não vou falar nisso porque não tenho nada a ver com outro partido, mas deu uma confusão em São Paulo ontem. É o tal do voto eletrônico”.  

A pane no aplicativo do PSDB deu munição para uma pauta antiga defendida pelo chefe do Poder Executivo: a adoção do voto impresso para eleições diretas. A mudança, almejada pelo presidente especialmente no primeiro semestre do ano, ganhou ainda mais musculatura em meados de agosto quando esteve sob intensa discussão no Congresso.  

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O final da história todos conhecem. Apesar das articulações em prol do texto, a matéria terminou arquivada pelo Legislativo, não restando qualquer brecha para reversão do quadro e aprovação da mudança em tempo hábil para o próximo pleito.  

Vale lembrar que depois do resultado, o chefe do Executivo chegou a criticar duramente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na ocasião, Bolsonaro disse, inclusive, que as eleições do ano que vem não serão confiáveis. 

“Números redondos: 450 deputados votaram. Foi dividido, 229 a favor, 218 contra. É sinal que metade não acredita 100% na lisura dos trabalhos do TSE. Não acreditam que o resultado ali no final seja confiável”, declarou o presidente.  

O esperado é que, em eventuais situações do tipo, o presidente volte a reforçar seu discurso acerca da suposta ‘inconfiabilidade’ do sistema eletrônico. Assim como parte da oposição torce pelos deslizes do Governo, Bolsonaro também parece torcer por situações que comprovem sua tese. A carta do “eu avisei” está na manga de ambos os lados e será usada sempre que possível. 

Fica pra depois 

Assim que reveladas e diagnosticadas as falhas do sistema tucano, a briga entre Dória e Leite precisou ser adiada. Uma reunião na tarde de ontem chegou a ser convocada para tratar sobre o assunto, porém, nenhuma decisão foi anunciada.  

Conforme mostrado pela FolhaPres, o aplicativo custou à legenda um montante equivalente a R$ 1,3 milhões. A ideia é que o app fosse usado pelos filiados sem mandato. As urnas eletrônicas, por sua vez, estiveram disponíveis em Brasília e foram usadas por prefeitos e vices, governadores e vices, deputados federais e estaduais , senadores, além do presidente e ex-presidentes da sigla.  

Usuários do sistema reportaram que o problema estaria relacionado à checagem da identidade para a votação. Isso porquê o software demanda dupla autenticação, ou seja, verificação por SMS e reconhecimento facial. O erro teria ocorrido justamente no momento do reconhecimento, impedindo o usuário de prosseguir e registrar seu voto.  

De volta para o futuro

A PEC 135/19, que previa a instituição do voto impresso no Brasil, precisava de, no mínimo, 308 votos em dois turnos de votação para ser aprovada pela Câmara dos Deputados, em Brasília. Como rememorado, a matéria não alcançou o quantitativo mínimo e terminou arquivada. 

O projeto propunha a inclusão de um parágrafo na Constituição para definir a obrigatoriedade da impressão de cédulas físicas conferidas pelo eleitor nos processos de votação das eleições, dos plebiscitos e referendos.

 Ante ao resultado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse: “A democracia do plenário desta Casa deu uma resposta a esse assunto e, na Câmara, eu espero que esse assunto esteja definitivamente encerrado”.  Resta saber se estará, também, para além do Parlamento.

Vale lembrar que o presidente ameaçou jogar “fora das quatro linhas” da Constituição e considerou, inclusive, a possibilidade de não realização das eleições do ano que vem caso a matéria não terminasse aprovada pelo Legislativo, o que, como visto, não aconteceu.

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