Paulo Guedes culpa política e doença pelo dólar acima de R$ 5

Ele se defendeu dizendo que não trabalhou para elevar o dólar para lucrar através da offshore que ele mantém nas Ilhas Virgens Britânicas

Postado em: 24-11-2021 às 08h47
Por: Raphael Bezerra
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Ele se defendeu dizendo que não trabalhou para elevar o dólar para lucrar através da offshore que ele mantém nas Ilhas Virgens Britânicas | Foto: Reprodução

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a culpa pela alta do dólar, que superou a  casa dos R$ 5 se deu pela política ou pela doença, se referindo a Covid-19. Ele se defendeu dizendo que não trabalhou para elevar o dólar para lucrar através da offshore que ele mantém nas Ilhas Virgens Britânicas. “Mandei ver o que aconteceu, nos últimos 3 anos, quando o dólar subiu mais do que 2%. Foi sempre política ou doença. Nada pela economia”, afirmou.

A declaração foi dada durante audiência na Câmara dos Deputados para explicar sua participação em paraíso fiscal, ele culpou a pandemia da Covid-19 e as tensões políticas pela alta da moeda norte-americana e tentou justificar a declaração de que, se fizesse muita besteira, o dólar iria a R$ 5.

Ele não quis explicar o patrimônio que tem no exterior nem a rentabilidade desses investimentos. Segundo ele, essas informações são particulares e repassadas às instâncias de fiscalização do governo. 

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Guedes disse que tomou uma “decisão pessoal” em 2014 de abrir a empresa para ter uma parte dos recursos da família no exterior e que isso é “absolutamente legal”. “Por razões sucessórias, se você quiser investir alguma coisa, por exemplo, nos Estados Unidos; se você tiver uma conta em nome de pessoa física, se você falecer, 46 ou 47% é expropriado pelo governo americano. Todo o seu trabalho de vida, em vez de você deixar para um herdeiro ou para algum familiar, vira imposto sobre herança. Então, o melhor é usar uma offshore”, afirmou.

Guedes afirmou que não acompanha a rentabilidade dos investimentos e que as informações não devem ser públicas por uma questão de segurança. “Eu resolvi esse problema financeiro meu. Então, eu não me preocupo se eu estou assim, se estou assado. Se eu melhorei, se eu piorei. Eu faço as declarações, entreguei tudo para os órgãos. Está tudo entregue para a Comissão de Ética da Presidência da República, para a Receita Federal, para o Banco Central”, disse.

Comissão de ética

Os deputados da oposição também questionaram o ministro sobre quando ele saiu da direção da empresa, entregando a administração para terceiros, e sobre a permanência da filha dele na diretoria. Também perguntaram quanto deixou de ser pago em impostos no Brasil.

Guedes reforçou que entregou as informações para a Comissão de Ética do governo. Ele rebateu as acusações de que tenha tomado decisões que favorecessem as aplicações em outras moedas. Disse que as oscilações mais altas do dólar estão ligadas a fatos políticos ou à evolução da pandemia. E negou que tenha negociado a retirada da taxação das empresas em paraísos fiscais da reforma do Imposto de Renda.

Investimento ilegal

Para o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), os investimentos do ministro podem ser considerados ilegais. “Eu também manteria meu patrimônio fora se eu fosse um multimilionário num país em que o ministro da Economia é o ministro Paulo Guedes. O que a lei diz é que é vedado o investimento em bens cujo valor possa ser afetado por decisão ou política governamental. É vedado o investimento, o mero investimento. Não a gestão do patrimônio em si”, disse. (Com informações da Agência Câmara)

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