“Suas chances de ser senador são as mesmas de virar Papa”, diz Kajuru sobre Marconi

Em entrevista ao O Hoje, o senador fala sobre eleições em 2022, Ronaldo Caiado, Sergio Moro e mais

Postado em: 27-11-2021 às 15h00
Por: Ícaro Gonçalves
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Em entrevista ao O Hoje, o senador fala sobre eleições em 2022, Ronaldo Caiado, Sergio Moro e mais | Foto: reprodução

Faltando pouco menos de um ano para as eleições de 2022, as disputas políticas se intensificam e a busca por apoios estratégicos fica cada vez maior. Dando sequência à série de entrevistas com autoridades políticas de Goiás sobre as futuras eleições, o jornal O Hoje apresenta nesta edição conversa realizada com o senador Jorge Kajuru (Podemos).

Atualmente no Podemos, Kajuru conquistou uma vaga no Senado Federal em 2018, quando ainda estava no Partido Republicano Progressista (PRP). Na ocasião, Kajuru foi o segundo mais votado para a eleição majoritária, recebendo 1.557.415 votos (28,23% do total).

Conhecido por seu ímpeto forte e críticas ácidas, Kajuru ganhou grande destaque como jornalista e radialista em Goiás – especialmente a partir de 1990 – cobrindo esportes, mas também assuntos variados como política e economia. Por suas críticas objetivas, Kajuru afirma já ter sido alvo de mais de 130 processos judiciais, sem nunca abandonar seu estilo “sem papas na língua”.

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Quando cobria política, talvez sua maior desavença tenha sido com o ex-governador de Goiás, Marconi Perillo. Em 2002, seu livro “Dôssie K” que continha denúncias de corrupção contra a gestão de Perillo chegou a sofrer censura, com cópias gratuitas sendo apreendidas por parte da Polícia Militar de Goiás.

Kajuru estreou na política em 2014, candidatando-se para uma vaga na Câmara dos Deputados, recebendo 106 mil votos, mas não se elegendo devido à falta de quociente eleitoral do partido. Dois anos depois, em 2016, conseguiu se eleger vereador por Goiânia com 37 mil votos e, em 2018, eleito senador da República.

Confira a seguir a entrevista na íntegra com o Jorge Kajuru (Podemos).

O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro se filiou recentemente ao seu partido, o Podemos, e deve ser lançado como candidato à presidência em 2022. Seu nome está fortemente ligado ao combate à corrupção, mas em 22 os temas economia e combate à inflação deverão ser os dominantes. Você acredita que a história de Moro na Lava Jato trará competitividade a seu nome nas eleições?

Moro não terá como fugir da bandeira anticorrupção. Ele veio dela e se consagrou nela. Tudo que aconteceu no Brasil desde 2014 teve participação dele e da Lava Jato. Ele colocou grandes políticos acusados de corrupção na cadeia. Portanto ele jamais se afastará desse tema. Mas ele tem avançado em outros temas, e também vai tratar da economia e do combate à inflação. Ele já entende que o debate sobre economia será o mais importante.

Ele é bom ouvinte, uma pessoa humilde, não é arrogante, e isso eu admiro muito nele. Tenho dado dicas a ele sobre esse tema. Disse a ele: “não fala povo, fala sociedade ou população brasileira, para não soar populista”. Também tenho aconselhado não falar de economia para economistas. É preciso falar de uma forma compreensível para a sociedade.

Além disso, ele está cercado de bons conselheiros do setor da economia. Inclusive já tem pensado em nomes como Affonso Pastore e Delfim Netto para compor seu governo.

Marconi Perillo tem sido apontado como um possível nome para disputar o Senado em 2022. O ex-governador chegou a ser preso em 2018 e ainda hoje possui investigação em curso por improbidade administrativa. Como o senhor avalia a imagem do tucano atualmente frente a população goiana? Você acha que ele pode voltar a ser senador?

Não acredito que isso seja verdade. Não acho que ele seja um nome forte para o Senado. Ele sabe muito bem que sua chance de se eleger senador é a mesma de se tornar Papa. Ele não pode mais andar nas ruas, andar a pé, frequentar um shopping, que já é reconhecido e vaiado. A população goiana já sabe as coisas que ele fez e não voltará a elege-lo, para senador não.

Agora para deputado federal talvez ele ganhe. Porque a de deputado não é majoritária, aí dá pra comprar votos. Aí ele pode fazer igual o Aécio Neves fez. São do mesmo tipo, e “gambá cheira gambá”. Talvez nem para federal ele consiga, só para deputado estadual.

Sobre o Governo de Goiás. A disputa entre Ronaldo Caiado e Gustavo Mendanha tem se acirrado cada vez mais. O senhor acredita que Gustavo oferece risco à reeleição de Caiado em Goiás? Quais devem ser as principais pautas do próximo governador?

Veja, o meu cotidiano é em Brasília. Eu respiro Brasília pensando em Goiás, de forma que eu não tenho me envolvido muito na disputa pelo governo do estado. O nome de Gustavo apareceu devido a votação que recebeu na reeleição como prefeito de Aparecida, mas seu nome não é tão conhecido como o de Caiado em Goiás. Caiado é conhecido quase que em 90% do estado, e Gustavo ainda não tem esse reconhecimento.

Caiado tem virtudes inquestionáveis em seu mandato. Eu tenho divergências políticas com ele, mas também tenho gratidão que não tem como tirar. Ele já “salvou minha vida” duas vezes quando precisei. De forma que meu coração é Caiado, mas minha razão indique que eu fique neutro. Não vou participar de campanha.

Fico entre meu coração e minha razão. Fiz minha campanha para senador sozinho. Não fui eleito pelo Bolsonaro, nem pelo Caiado. Portanto, prefiro não entrar na campanha.

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