Caiado está perto de apoiar Moro, mas ainda há dois pontos em jogo
Governador goiano é um dos poucos políticos sem resistência ao ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro
Por: Marcelo Mariano
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Ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o agora presidenciável Sergio Moro, recém- filiado ao Podemos, sofre resistência no meio político principalmente porque foi o responsável por julgar em primeira instância as denúncias de corrupção no âmbito da Operação Lava Jato em Curitiba.
Essa é uma das razões pela qual muitos acreditam que Moro, caso seja eleito presidente nas eleições de 2022, terá dificuldade em negociar com o Congresso a partir de 2023 e, dessa forma, garantir a tão sonhada governabilidade, ainda mais em razão de não possuir experiência política.
O governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil), porém, é um dos poucos políticos sem resistência a Moro, elogiado por ele não só na época da Lava Jato, mas também durante o período em que comandou o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Em 20 de janeiro de 2017, Caiado escreveu, nas redes sociais, que Moro é “um jurista de postura irretocável”. E complementou: “A história vai fazer jus a sua importância para o bem de nosso país”.
Quando Bolsonaro escolheu Moro como um de seus ministros, o governador goiano elogiou a decisão, que, segundo ele, fortaleceu “o combate à corrupção e violência em nosso País”. “O Brasil se enche de esperança por dias mais tranquilos e seguros.”
Caiado permaneceu ao lado de Moro também quando o ex-juiz decidiu pedir demissão do governo Bolsonaro. “Sergio Moro tem uma vida de grandes serviços prestados ao país na moralização e no combate à corrupção. Lamentável que essa situação tenha chegado a esse ponto”, disse.
Moro, por sua vez, retribuiu os afagos. Ainda como ministro da Justiça e Segurança Pública, ele esteve em Goiás para a inauguração da Unidade Prisional Especial de Planaltina e afirmou que “o governo de Ronaldo Caiado está na direção certa”.
Apoio em 2022
Esse histórico de declarações por si só já seria suficiente para vislumbrar um apoio de Caiado à candidatura de Moro nas eleições do ano que vem, mas uma decisão de seu partido, a União Brasil, resultado da fusão entre DEM e PSL, aumentou ainda mais a possibilidade.
Até o início desta semana, a União Brasil tinha o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta como pré-candidato a presidente. No entanto, diante das pesquisas de intenção de votos, que mostram Mandetta com poucas chances de crescimento, o partido concluiu que Moro é a melhor opção da terceira via contra Bolsonaro e o ex-presidente Lula (PT).
A propósito, o próprio Caiado participou da reunião, ao lado de outras lideranças da União Brasil, que definiu esse posicionamento. Contudo, para o governador realmente apoiar Moro já no primeiro turno, e não ficar neutro como em 2018, há pelo menos outras duas questões a serem resolvidas.
Primeiro, o Podemos de Moro não pode ser o destino do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), pré-candidato a governador em oposição a Caiado. Embora o assunto tenha esfriado nos últimos dias, ainda há negociações abertas, especialmente por meio do secretário de Relações Institucionais da gestão Mendanha, Felipe Cortez, que tem influência junto à executiva nacional da legenda.
Segundo o presidente do Podemos em Goiás, o deputado federal José Nelto, prefere apoiar Caiado no ano que vem, mas ainda está chateado com o governador devido à aliança com o MDB de Daniel Vilela, de quem se tornou adversário político em 2018.
Em resumo, se a União Brasil confirmar o apoio a Moro, Mendanha não for para o Podemos e José Nelto permanecer na base governista, Caiado tende a estar no mesmo palanque do ex-juiz e ex-ministro em 2022. (Especial para O Hoje)