Federação de partidos de esquerda influencia alianças em Goiás

PT, PSB e PCdoB estão próximos de uma aliança a nível nacional que tende a impactar o cenário goiano

Postado em: 27-11-2021 às 08h27
Por: Marcelo Mariano
Imagem Ilustrando a Notícia: Federação de partidos de esquerda influencia alianças em Goiás
PT, PSB e PCdoB estão próximos de uma aliança a nível nacional que tende a impactar o cenário goiano.

O campo político da esquerda está prestes a firmar uma federação partidária entre PT, PSB e PCdoB. Também há negociações abertas com PV e Rede, e PDT e PSOL tendem a ficar de fora. Se confirmada essa aliança, haverá reflexos diretos nas alianças para as eleições de 2022 em Goiás.

Isso porque o mecanismo de federação partidária, cujo veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi derrubado pelo Congresso Nacional no final de setembro, prevê a verticalidade, ou seja, o que for definido a nível federal tem que ser cumprido também a nível estadual.

Os partidos precisam, ainda, permanecer unidos por pelo menos quatro anos, diferentemente das coligações proporcionais, em vigor apenas durante o período das eleições e hoje proibidas constitucionalmente. Além disso, são necessários estatuto e programas unificados, e legendas podem ser punidas caso deixem a união antes do prazo determinado.

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A princípio, as federações partidárias foram vistas como uma forma de ajudar os pequenos e nanicos a sobrevivem. Inclusive, o próprio PCdoB foi um dos maiores defensores. Não se pensava que partidos grandes, como o PT, e médios, como o PSB, fossem aderir à ideia, mas, aparentemente, o desejo de unificar a esquerda e o objetivo de eleger mais parlamentares estão falando mais alto.

Em Goiás, o ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) Wolmir Amado é a grande aposta do PT para o governo estadual. No entanto, antes da possibilidade da federação partidária, os petistas caminhavam para um cenário de isolamento, sem alianças com PSB e PCdoB.

Presidido no estado pelo deputado federal Elias Vaz, o PSB pretendia apoiar a candidatura do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), desde que não houvesse alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido, mas perto do PL), e até fez um convite formal para ele se filiar à legenda.

Enquanto isso, o PCdoB emitia sinais de insatisfação com o PT goiano por receber pouco em troca. Não é à toa que, nas eleições para a Prefeitura de Goiânia em 2020, o partido apoiou Maguito Vilela (MDB), mesmo com a candidatura da petista Adriana Accorsi.

A propósito, Tatiana Lemos, o principal nome do PCdoB em Goiás, é atualmente secretária de Políticas para as Mulheres do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), que concorreu a vice na chapa de Maguito e assumiu a gestão após a morte do emedebista, no início deste ano, em decorrência de complicações da Covid-19.

Dessa forma, com a possível federação partidária entre PT, PSB e PCdoB, todos eles terão que deixar de lado eventuais discordâncias em relação ao cenário goiano e estarem na mesma aliança.

Do ponto de vista da formação de chapa para deputado estadual e deputado federal, trata-se de algo positivo, uma vez que, juntos, terão mais votos e, portanto, uma condição mais favorável para eleger um maior número de parlamentares.

Por sua vez, a chapa majoritária ainda está aberta. Desses três partidos, o único que apresentou um nome para a disputa foi o PT, com Wolmir Amado, visando principalmente um palanque em Goiás para o ex-presidente Lula. Logo, PSB e PCdoB poderiam preencher os espaços abertos, a depender das negociações.

Convém destacar, por fim, que, se o PCdoB de Tatiana Lemos estiver mesmo em uma federação partidária com PT e PSB, ela será mais um integrante do primeiro escalão da equipe de Cruz a contrariar o prefeito e não acompanhá-lo no apoio à reeleição do governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil).

Como o jornal O Hoje já mostrou, o presidente da Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer, Valdery Júnior, o secretário de Desenvolvimento Humano e Social, Zé Antônio, a secretária de Relações Institucionais, Valéria Pettersen, e o secretário extraordinário de Assuntos Comunitários, Felizberto Tavares, devem todos estar no palanque de Mendanha. (Especial para O Hoje)

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