Melhor estratégia de Bolsonaro em Goiás seria apoiar Mendanha

Apesar de o prefeito de Aparecida de Goiânia não rechaçar o bolsonarismo, presidente cogitar lançar a candidatura do deputado federal Vitor Hugo

Postado em: 29-11-2021 às 08h47
Por: Marcelo Mariano
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Apesar de o prefeito de Aparecida de Goiânia não rechaçar o bolsonarismo, presidente cogitar lançar a candidatura do deputado federal Vitor Hugo | Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro, ainda sem partido, está a poucos dias de se filiar ao PL, presidido nacionalmente por Valdemar da Costa Neto, ex-deputado federal e condenado no escândalo do mensalão em 2012.

Em Goiás, o PL já havia declarado apoio publicamente ao prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, também sem partido, que, até agora, se apresenta como o principal candidato de oposição ao governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil).

O PL, aliás, está entre as opções de Mendanha para se filiar, depois de ter deixado o MDB devido à aliança entre Caiado e Daniel Vilela, que comanda o diretório estadual emedebista e é pré-candidato a vice-governador na chapa caiadista.

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O presidente do PL em Goiás, Flávio Canedo, marido de Magda Mofatto, deputada federal e o nome de maior destaque da legenda no estado, não esconde de ninguém o desejo de contar com o prefeito de Aparecida de Goiânia nas fileiras do partido.

A iminente filiação de Bolsonaro ao PL, contudo, pode mudar os rumos do jogo, já que o presidente tem dado sinais de que pretende lançar como candidato um de seus mais fiéis aliados, o deputado federal Vitor Hugo (de saída do PSL).

O parlamentar argumenta que existe espaço para uma candidatura de essência bolsonarista em Goiás e, por lealdade a Bolsonaro, nunca descartou a possibilidade de concorrer ao governo estadual.

Em 2018, Vitor Hugo disputou a sua primeira eleição. Entre os deputados federais eleitos, foi o menos votado. Porém, à época, não era muito conhecido e, embora Bolsonaro apresente rejeição cada vez mais alta, Goiás ainda é um estado conservador e o bolsonarismo por si só seria capaz de tornar a sua candidatura competitiva.

Por sua vez, o casal Flávio e Magda, apesar de preferir Mendanha, diz que, se Vitor Hugo realmente apresentar bons números, ele não enfrentaria resistência por parte da cúpula do PL goiano para ser o candidato do partido.

Realisticamente, no entanto, a melhor estratégia para Bolsonaro em Goiás seria apoiar o prefeito de Aparecida de Goiânia. Há pelo menos dois fatores que ajudam a sustentar essa teoria.

Primeiro, a candidatura de Vitor Hugo, mesmo considerada competitiva, não é a favorita. Logo, no atual momento, que, claro, ainda é cedo, existe mais chance de perder do que de vencer. E, se ele for derrotado, Bolsonaro deixaria de contar com um parlamentar importante, tido como uma das cabeças mais pensantes do bolsonarismo no Congresso Nacional.

Em segundo lugar, caso Bolsonaro e Caiado sejam reeleitos, a tendência é a de que a relação entre ambos permaneça conflituosa. Portanto, o principal objetivo do presidente nas eleições de 2022 em Goiás deveria ser ganhar do governador, seu aliado no passado, mas adversário no presente e provavelmente no futuro.

Essa não será uma tarefa fácil. Caiado tende a enfrentar uma disputa mais complicada do que a de 2018. Entretanto, de acordo com levantamentos internos, ele aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto e, por isso, ainda é o favorito.

No atual estágio do cenário político em Goiás, Mendanha, que surge em segundo lugar nessas mesmas pesquisas, é o candidato de oposição mais competitivo. E, diferentemente de Caiado, ele nunca fechou as portas para o bolsonarismo.

É verdade que o prefeito de Aparecida de Goiânia prefere apoiar um presidenciável de centro. Além disso, os bolsonaristas, como Vitor Hugo, o criticam por ter feito alianças com partidos de esquerda, como PT e PSB, nas eleições municipais de 2020.

Por outro lado, também é verdade que Mendanha tem bom trânsito entre diferentes forças políticas e, se for o caso, não teria problema em estar no mesmo palanque de Bolsonaro, cujos aliados em Goiás parecem cobrar um purismo ideológico, mas não se importam em se filiar ao PL, partido que indicou José Alencar como vice do ex-presidente Lula (PT) em 2002. (Especial para O Hoje)

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