Após prévias, PSDB foca em vencer bolsonarismo para se recuperar

Partido foi o principal prejudicado com a ascensão do presidente Jair Bolsonaro

Postado em: 30-11-2021 às 08h36
Por: Marcelo Mariano
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Partido foi o principal prejudicado com a ascensão do presidente Jair Bolsonaro | Foto: Reprodução

Depois de muita polêmica sobre as prévias, o PSDB finalmente definiu o nome do governador de São Paulo, João Doria, como o candidato do partido nas eleições presidenciais de 2022.

O resultado final das prévias tucanas registrou Doria com 53,99% de preferência, de acordo com uma metodologia específica utilizada na votação, enquanto o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, teve 44,66%. Azarão, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio ficou com 1,35%.

No Brasil, partidos políticos ainda não estão acostumados a realizar prévias. Em outros países, trata-se de algo mais frequente. Provavelmente o exemplo mais conhecido é o dos Estados Unidos. Lá, brigas internas são comuns durante esse processo. Nas eleições gerais, entretanto, a união tende a prevalecer, embora haja uma ou outra exceção.

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No caso do PSDB, é cedo para cravar se haverá harmonia, mas, até o momento, todos os indícios apontam para um racha dentro do partido. Afinal, os problemas em relação ao aplicativo da votação e as duras críticas entre os candidatos contribuem para um clima no mínimo de discordância, para não dizer de conflito.

A começar pela recusa de Leite para coordenar a campanha de Doria. Além disso, com a vitória do governador paulista, tucanos históricos devem deixar o partido devido a questões pessoais com o vencedor das prévias do PSDB.

São os casos do deputado federal por Minas Gerais Aécio Neves, que negocia sua ida ao Progressistas (PP), e do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que tem conversas com PSD e PSB e ainda não definiu se tentará governar seu estado mais uma vez ou se será candidato a vice na chapa do ex-presidente Lula (PT).

Há quem argumente que o caos das prévias a nível nacional tenha reflexo na motivação dos tucanos a nível estadual, inclusive Goiás. Por outro lado, alguns dos principais nomes do partido no estado, como o ex-governador Marconi Perillo e a deputada estadual Lêda Borges, ficaram ao lado de Doria, ou seja, do lado vencedor.

Bolsonarista nas eleições de 2018, Doria se afastou de Jair Bolsonaro (sem partido, mas a caminho do PL) a partir da pandemia de Covid-19 e agora abraça o discurso da terceira via contra Lula e o atual presidente.

A propósito, não dá para descartar uma eventual aliança entre o PSDB de Doria e outros partidos que também apoiam a terceira via, como Podemos, MDB e União Brasil. Vários sinais já foram emitidos nesse sentido.

Apesar de também fazer críticas ao PT, o PSDB tem, no fundo, o bolsonarismo como seu grande adversário, uma vez que foi a ascensão de Bolsonaro que resultou na queda de popularidade e competitividade dos tucanos.

Entre todos os partidos, o PSDB é, de longe, o que mais perdeu desde que Bolsonaro apareceu no cenário da política nacional, e o histórico das eleições brasileira não deixa mentir.

Em 1989, Mário Covas, do PSDB, ficou na quarta posição. Depois, entre 1994 e 2014, o partido sempre esteve em primeiro ou segundo. Foram duas vitórias (1994 e 1998) e quatro derrotas (2002, 2006, 2010 e 2014), todas elas contra o PT.

Em outras palavras, a tradição da democracia brasileira pós-ditadura militar é de polarização entre petistas e tucanos, mas, em 2018, Bolsonaro tomou o lugar do PSDB, quando Alckmin encerrou a corrida eleitoral na quarta colocação.

Para recuperar seu protagonismo, o foco do PSDB, portanto, deve ser derrotar o bolsonarismo, que tomou seus eleitores. Vontade de Doria não vai faltar. Contudo, a curto prazo, isto é, nas eleições de 2022, a possibilidade é considerada remota. (Especial para O Hoje)

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