Oposição se levanta contra venda do Hospital do Servidor

Proposta, que despertou forte reação nos deputados contrários à gestão Caiado na Alego, deverá voltar ao centro do debate já no início da próxima semana

Postado em: 11-12-2021 às 08h52
Por: Felipe Cardoso
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Proposta, que despertou forte reação nos deputados contrários à gestão Caiado na Alego, deverá voltar ao centro do debate já no início da próxima semana | Foto: Hellen Reis

Deputados que compõem a oposição na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) demonstraram, no último encontro dos parlamentares, que as próximas reuniões serão pautadas por longas discussões em Plenário.  

Conforme já anunciado pelo presidente do Legislativo, deputado Lissauer Vieira (PSB), os deputados contarão com reuniões ao longo de toda a próxima semana; de segunda a sexta-feira.

A intenção é esgotar a pauta pendente antes do início do recesso parlamentar. Mas um projeto, específico, assinado pela governadoria do Estado, tem gerado incômodo e deve prolongar ainda mais as discussões da semana que vem. 

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Isso porque tramita na Casa de Leis uma matéria que autoriza o Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo) a alienar para o Estado, na modalidade de venda ou permuta, o Hospital do Servidor Público (HPS). 

Apesar da extensa discussão já iniciada ao longo da última semana, o texto avançou no Legislativo. Na última quinta-feira, (09/12), quando os deputados se reuniram pela última vez naquela semana em Plenário, o texto passou pelas comissões de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) e Mista. 

Na última delas, a propositura, relatada favoravelmente pelo deputado Dr. Antonio (DEM), foi aprovada com os votos contrários dos deputados: Helio de Sousa (PSDB), Delegada Adriana Accorsi (PT), Antônio Gomide (PT), Major Araújo (sem partido), Sérgio Bravo (Pros), Karlos Cabral (PDT) e Delegado Eduardo Prado (DC).

Ainda na mesma tarde, a matéria chegou, em sessão extraordinária, ao Plenário. Porém, a votação terminou comprometida após receber emenda dos deputados Delegada Adriana Accorsi (PT), Antônio Gomide (PT) e Delegado Eduardo Prado (DC). 

Porém, ao chegar, novamente, na CCJ, todas elas foram rejeitadas pelo relator da matéria no grupo, deputado Wilde Cambão (PSD). Pela deliberação, o texto original acabou mantido e, neste caso, a matéria retornará ao Plenário para avaliação dos pares nos próximos encontros.

Insatisfação

Durante toda a fase de tramitação, o projeto movimentou o debate entre parlamentares da base e da oposição. Porém, a oposição levou a melhor ao protagonizar os debates timidamente rebatidos pela base do governo na Casa de Leis. 

O deputado Delegado Eduardo Prado (DC), por exemplo, pediu a palavra para manifestar sua posição contrária à intenção do projeto. “O Hospital dos Servidores, que é do Ipasgo, está sendo vendido de forma atropelada e de forma vexatória aos servidores. Quero ver os deputados da base tentarem convencer as pessoas que essa venda é benéfica”, pontuou.

Na esteira, Antônio Gomide (PT) endossou: “Não podemos ficar nos escondendo. Estou aqui com um documento onde diversos sindicatos e categorias, que são os verdadeiros donos do hospital, são contrários, por exemplo. Nós queremos audiência pública para esse debate, queremos que o servidor possa falar”, disse na tribuna. 

“É um absurdo estarmos repetindo equívocos do passado. Espero que todos aqui assumam suas posturas. Mas vamos lutar para que os servidores, que já perderam muito, não percam ainda mais”, finalizou o petista. 

Em outro momento ele lembrou que o hospital foi inaugurado em 2018, depois de oito anos de espera, com funcionamento parcial, e menos de dois anos depois é colocado à venda. 

“O dono do hospital não é o Estado. É o Ipasgo. Mas é o servidor público quem alimenta o Ipasgo. Existe uma dívida de mais de 200 milhões do Estado com o Ipasgo. O governador deveria estar preocupado em como pagar o órgão para fortalecê-lo. Se ele quer verdadeiramente comprar, que pergunte aos sindicatos, os verdadeiros donos”.

Presente de Natal 

Ao pedir a palavra, a deputada Delegada Adriana Accorsi (PT) fez coro aos colegas. “Mais uma vez, perto do Natal, quando se espera a retribuição do Governo do Estado aos servidores públicos, por um ano todo trabalhado, não estamos vendo o reconhecimento merecido. Esse ano, os servidores já sofreram muito com o Ipasgo, com restrição aos atendimentos, por exemplo. Não podemos ficar conhecidos como a Legislatura que vendeu esse hospital”, declarou.  

A parlamentar lembrou que o estado de Goiás está superavitário e em pleno desenvolvimento, o que, na perspectiva dela, faz com que a venda do hospital não seja necessária. “Vamos arrumar esse recurso de outra forma”, pediu. E continuou: “Não podemos vender esse patrimônio dos servidores públicos, que foi conquistado com muita luta. Caso contrário, entraremos para a história. Essa situação é lamentável”, disse Adriana.  

Major Araújo (Sem partido) e Lêda Borges (PSDB) também criticaram a matéria. O primeiro, disse que esse assunto já foi discutido e acrescentou: “sabemos que essa venda  viola dispositivos da lei quanto à avaliação do imóvel e da estrutura material”.  A tucana, por sua vez, chamou atenção também para a presença dos servidores na Alego. 

“Esses trabalhadores estão aqui tentando nos sensibilizar, no sentido de pedir a nós que não aprovemos essa autorização. Um hospital como esse é construído com recursos dos servidores, por meio das contribuições de impostos feitas por eles. Nós que somos servidores públicos sabemos como é caro para nós”. A parlamentar também disse considerar a atitude insensível e desrespeitosa.

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