Rogério Cruz encerra 2021 com dificuldade na articulação política

Ainda sem um grupo próprio formado, Prefeito de Goiânia não sabe de que lado estará nas eleições do ano que vem

Postado em: 15-12-2021 às 09h26
Por: Marcelo Mariano
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Ainda sem um grupo próprio formado, Prefeito de Goiânia não sabe de que lado estará nas eleições do ano que vem | Foto: Reprodução

Mesmo sem eleições, 2021 foi um dos anos mais movimentados da histórica recente da política em Goiás. As mortes de quatro ex-governadores (Maguito Vilela, Helenês Cândido, Ary Valadão e Iris Rezende), a aliança entre dois adversários (Ronaldo Caiado e Daniel Vilela), a saída de Gustavo Mendanha do MDB e as intensas articulações antecipadas dos pré-candidatos a senador são apenas alguns dos exemplos.

Este ano também colocou em destaque uma figura até então pouco conhecida do cenário goiano: o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), que concorreu a vice nas eleições de 2020, mas acabou assumindo a gestão da capital devido à morte de Maguito, em janeiro, por complicações da Covid-19.

Ex-vereador por dois mandatos, Cruz deu início ao seu trabalho como prefeito ainda com o peso da perda de Maguito que, inevitavelmente, foi o principal assunto nos corredores da da Prefeitura de Goiânia por muitas semanas.

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À época, a maioria dos secretários tinha mais a ver com Maguito do que com Cruz. Dessa forma, o prefeito não conseguia imprimir a sua própria marca na gestão. Outro comentário frequente no Paço era o de que, em algum momento, o prefeito trocaria os titulares de determinadas secretarias. Porém, poucos imaginavam que isso seria tão rápido e que afetaria tantas pastas.

Apesar de tentativas iniciais de manter uma boa relação com o filho de Maguito e presidente do MDB em Goiás, Daniel Vilela, Cruz não teve como se segurar como aliado do emedebista.

Em março, o prefeito trocou o comando de algumas secretarias importantes, como a de Governo e a de Comunicação. Então, Daniel, vendo que perdia espaço, decidiu romper com Cruz e, no início de abril, 14 nomes ligados ao presidente estadual do MDB deixaram seus cargos em uma debandada.

Um dos argumentos de maior força para esse rompimento foi a influência exercida pelo presidente do Republicanos no Distrito Federal, Wanderley Tavares, nos rumos da Prefeitura de Goiânia. Esse é um assunto que acompanha Cruz até hoje.

Conforme mostrado pelo jornal O Hoje, Wanderley tem poder de decisão em relação ao projeto de cidade inteligente, uma das prioridades de Cruz, e até mesmo às agendas do prefeito durante visitas a outros municípios.

De acordo com ex-secretários ouvidos em off, essa situação, ou seja, a interferência externa, ajuda a ilustrar o fato de que Cruz ainda não tem seu próprio grupo político formado, algo que também impacta o posicionamento que o prefeito terá nas eleições do ano que vem.

Para 2022, o prefeito esboçou publicamente o desejo de apoiar a reeleição do governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil), mesmo com Daniel, seu desafeto político, como pré-candidato a vice-governador.

Porém, ele não teve condições de bancar essa posição por conta própria e precisou recuar. A tendência é a de que se mantenha neutro, já que não disputará cargo algum no próximo pleito e está focado em sua reeleição em 2024, mas existe a possibilidade de estar ao lado do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), que desponta como o principal nome de oposição a Caiado.

O Republicanos, vale lembrar, busca a candidatura ao Senado do deputado federal e presidente estadual do partido, João Campos, que, embora mantenha diálogo com todos os governadoriáveis, têm mais afinidade com Mendanha. Além disso, a decisão da legenda de apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), que não quer conversa com Caiado, deve respingar na articulação local.

Em outras palavras, Cruz caminha para encerrar 2022 de uma forma muito parecida com a qual começou: com dificuldade de articulação política. Seu desafio para o ano novo será mudar essa realidade. (Especial para O Hoje)

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