Quase mil assinaturas: população cria abaixo-assinado contra condução de Plano Diretor

Documento questiona modus operandi de como a Câmara e prefeitura tenta aprovar o projeto

Postado em: 16-12-2021 às 05h20
Por: Redação
Imagem Ilustrando a Notícia: Quase mil assinaturas: população cria abaixo-assinado contra condução de Plano Diretor
Documento questiona modus operandi de como a Câmara e prefeitura tenta aprovar o projeto | Foto: reprodução

Por Yago Sales 

Nos últimos dias centenas de páginas analisadas do novo Plano Diretor de Goiânia tem causado discussões acaloradas pela Comissão Mista na Câmara Municipal. Além da falta de transparência de documentos, como os mapas, moradores e representantes da sociedade civil estão preocupados com os impactos do documento que deve reger, por dez anos, os rumos geográficos da cidade. Os arquivos ficaram indisponíveis nesta quarta-feira, o que causou alvoroço em grupos do WhatsApp criados para acompanhar sistematicamente os trabalhos, sobretudo das audiências públicas que discutem as novas regras. 

Vereadores regidos pelos interesses do setor imobiliário parecem não se interessar nos anseios de bairros da região com enorme apelo para a memória e, principalmente, qualidade de vida de seus moradores. Representantes de moradores procuram alguns parlamentares – embora poucos querem falar do assunto – e conseguem algum apoio. Dois deles

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Um abaixo-assinado denominado “Salve Goiânia: Por um Plano Diretor que melhore nossa cidade” foi criado por grupos contrários ao que se convencionou chamar de “tratorada”, como a forma conduzida pelos vereadores é tratada. 

No documento disponibilizado em um link compartilhado nas redes sociais, o texto diz que a proposta da Prefeitura para revisão do nosso Plano Diretor está sendo levada “como se fosse uma corrida de obstáculos a ser vencida no menor tempo possível, para atender ao calendário eleitoral e não aos interesses da população, mesmo sabendo do seu alcance e dos efeitos que o Plano tem na vida de todos os goianienses”. 

A rapidez com que o novo Plano Diretor tem sido discutido é adjetivado como “insano”, “anti-povo”, “antidemocrático” e “inconsequente”. A maior preocupação é a interferência do mercado imobiliário na discussão e no voto dos parlamentares. Embora bairros, como Setor Sul, Setor Marista e Setor Jaó estivessem há anos discutindo o Plano Diretor a ser votado, a toque de caixa, ainda este ano, moradores de outras regiões começaram a reagir, participando das audiências e em propostas por meio de mensagens de textos nas redes sociais. 

Alguns bairros, declarados abandonados pelas estratégias do Plano Diretor, são chamados à discussão. Alguns deles são o Bairro da Vitória, Jardim Guanabara, Monte Pascoal, Jardim Curitiba, Novo Planalto, Estrela Dalva, Solar Ville, Vera Cruz, Cândida de Morais, Residencial Mansões Paraíso, Novo Planalto, Alto do Vale, Cachoeira Dourada e Eldorado Oeste.

Outra preocupação é com o Instituto contratado para consultoria e das emendas dos vereadores, que, dizem pessoas ouvidas pelo jornal O Hoje, atendem a interesses “obscuros” do mercado imobiliário. Para eles, o setor pretende ocupar espaços que deveriam ser de preservação, tanto ambiental quanto arquitetonicamente. 

Segundo o texto do abaixo-assinado, “a forma pela qual a revisão foi conduzida pela Prefeitura e agora pela Câmara, não induz nem estimula à participação popular exigida pelo Estatuto da Cidade”. Segundo o texto, se em condições normais as audiências públicas já haviam sido insuficientes, feitas apenas para seguir o rito, imaginem durante o “período de maior crise epidêmica e econômica da nossa história, com tantos limites impostos especialmente as classes mais populares, que sofrem com o racismo institucional que lhes nega o acesso a uma digna infraestrutura urbana”.

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