O que é pior: Bolsonaro com discurso de golpe ou alinhado com o centrão?
A resposta ideal seria: nenhuma das alternativas, porém a realidade é outra, já que, hoje, o centrão tem o presidente "nas mãos"
Por: Carlos Nathan Sampaio
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Depois de bradar diversas vezes, mesmo que em palavras disfarçadas, contra o Supremo Tribunal Federal, contestar as urnas eletrônicas por mais de dois anos, e tantas outras falas polêmicas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem sido mais ameno no seus discursos inclusive sobre o sistema eleitoral, dizendo, agora, que as chances de fraude em 2022 praticamente não existem.
O posicionamento, segundo análise da Folha de São Paulo, repetido aos mesmos apoiadores que, constantemente defendiam o voto impresso, é reflexo da costura política com o centrão para salvar o mandato de Bolsonaro. Ou seja, agora Bolsonaro não mais tem o poder de dizer o que pensa, graças, ou em consequência, de acordos e alinhamentos para continuar a tomada do poder.
Ainda de acordo com a Folha, lideranças e dirigentes dos partidos que integram o centrão e que “embarcaram” no governo, impuseram, como uma das condições para caminharem juntos em 2022, “amordaçar”, por assim dizer, Bolsonaro quanto ameaças de golpe e ao sistema eleitoral.
Histórico recente
Vale lembrar que nas manifestações do 7 de Setembro, acompanhado de ministros, o chefe do Executivo fez discurso com ameaças golpistas ao STF, xingou o ministro Alexandre de Moraes, cobrou o presidente da corte, Luiz Fux, e indicou que poderia não cumprir decisão judicial.
Nos dias seguintes, todos aguardavam de fato ações bradadas pelo presidente, mas nada a aconteceu, a não ser um encontro com o ex-presidente Michel Temer (MDB) que, intermediada por Bruno Bianco (AGU), com apoio de Flávia Arruda, Ciro Nogueira e do ministro do STF Dias Toffoli, fez com que o chefe do Executivo adotasse um tom desconhecido nesses três anos de governo e disse nunca ter tido intenção de agredir quaisquer dos Poderes e falou até em harmonia.
Apesar disso, o ideal é que Bolsonaro não desempenhasse nenhum dos papéis: que não atacasse a democracia, fomentasse dúvida entre as pessoas e instituições, e nem fosse comandado pelos partidos que formam o famoso centrão. Mas, infelizmente, não se pode ter tudo.