“Esse negócio de ‘fique em casa’ deu uma abaixada no mundo”, afirma Luciano Carneiro

O programa Face do Poder, do O Hoje, entrevistou o diretor financeiro e ex vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH)

Postado em: 29-12-2021 às 08h14
Por: Felipe Cardoso
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O programa Face do Poder, do O Hoje, entrevistou o diretor financeiro e ex vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) | Foto: Reprodução

O programa Face do Poder, do O Hoje, entrevistou o diretor financeiro e ex vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Luciano Carneiro. Em pauta: os reflexos da pandemia para o setor de turismo, bem como os impactos da queda do poder aquisitivo do brasileiro para o segmento. 

Diante do amplo número de brasileiros já imunizados com as duas doses da vacina contra a Covid-19, e também com o alto valor de mercado das principais moedas internacionais, Carneiro enxerga o futuro do turismo no Brasil com otimismo.

A conversa, conduzida pelos jornalistas Wilson Silvestre e Edna Gomes, pode ser conferida através do canal do Jornal O Hoje no YouTube. Abaixo, você confere as perguntas feitas pelos jornalistas ao empresário, bem como as respostas para cada uma delas.

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Edna Gomes: O setor de turismo foi um dos mais afetados pela pandemia, mas existe uma expectativa de recuperação plena dos negócios, você compartilha desse otimismo?

“Temos um ditado de que a diária não vendida você não recupera. Amanhã é outra diária, outra oportunidade. Para recuperar esse setor, vamos demorar muito tempo. Mas já estamos bem melhor do que estávamos. No início da Pandemia, quando vários segmentos fecharam suas portas, nós mantivemos o nosso hotel aberto, com 10% do funcionamento, claro. E quem estava lá? O pessoal do agro, que nunca parou.

Wilson Silvestre: Agora, há uma nova ameaça denominada variante Ômicron. Ela pode atrapalhar os planos de recuperação econômica do setor de turismo e hotelaria? 

Depende do nível em que ela virá. Acho que o mundo todo já está escolarizado com isso. Mais de 70% já estão vacinados. Estive em Portugal recentemente e durante a viagem foi determinado que deveríamos fazer o teste de covid-19 de dois em dois dias. Claro que achei ruim, mas vejo como necessário, como algo correto. É uma maneira de prevenir. Vejo essa atitude como um decreto muito interessante. Vejo com bons olhos esse cuidado que o Governo tem.

Wilson Silvestre: É possível viajar de maneira segura mesmo com a possibilidade de ser infectado pela Ômicron? 

É claro. Eu mesmo sigo viajando. O hotel onde estou neste momento, na Bahia, está lotado, mas com toda a segurança: máscaras, luvas e distanciamento. Ninguém quer contrair o vírus, então todos precisam se cuidar. E nós estamos fazendo isso.

Edna Gomes: Restrições sanitárias em outros Países com demandas turísticas e Dólar alto, as pessoas vão preferir destinos brasileiros, mas existem reclamações de que é muito caro o turismo interno. Isso procede? 

Eu vejo isso como oferta e procura. Isso não acontece só com os hotéis. Isso acontece com todos os segmentos. Existem casos em que hotéis com uma ocupação não muito boa diminuem seus preços. Quando você tem uma procura grande, é o contrário. O que não acho errado, o pessoal está querendo recuperar o que perdeu. Mas mesmo assim fica mais barato do que viajar para fora com o Euro a quase R$ 7,00 e o Dólar a quase R$ 6,00.

O Norte, por exemplo, que não tem uma tradição de réveillon, em Belém temos 50% de ocupação. Já no Nordeste, todas as capitais estão excelentes, com forte acesso de turistas. O Sudeste nem se fala. O Sul, quem conhece Gramado, sabe de seu potencial. Lá, temos 100% de ocupação. Ou seja, o que vemos é o turismo retornando as atividades, com uma boa ocupação e sabendo receber com todas as determinações sanitárias. Não podemos ficar parados. Esse negócio de ‘fique em casa’ deu uma abaixada no mundo inteiro.

Wilson Silvestre: uma das retrações mais acentuadas na hotelaria foi a quase total queda nos eventos corporativos. Especialistas do setor preveem que só em 2023 essa atividade volta com maior intensidade. O senhor concorda? 

Quando falamos em turismo, as pessoas automaticamente pensam que estamos falando de lazer. Mas temos o turismo de eventos, de saúde, de negócios e vários outros. O turismo de eventos foi realmente o mais prejudicado. Quem trabalha com esse segmento está parado há quase dois anos. Mas já estamos vendo, como no Centro de Convenções de Goiânia, já alguns eventos acontecendo, eventos de igreja, concursos públicos que tivemos agora no final do ano em Goiânia também lotou os hotéis. Mas os eventos mesmo, vejo com muita tristeza o que tem sido enfrentado por esse segmento, muitos estão até mudando de segmento. A previsão realmente é de 2023.

Edna Gomes: O brasileiro, de um modo geral, com melhor poder aquisitivo prefere viajar para outros países, mas as restrições sanitárias, principalmente na Europa, são mais rígidas. O senhor acredita que o turismo interno será beneficiado por essas medidas? 

Já está sendo. O turismo de lazer já está muito bem em várias regiões, com preços das diárias normal. Todos nós trabalhamos para ter resultado, porém, o que vimos durante a pandemia é que todos estavam trabalhando para sobreviver. Agora nós voltamos a ter um procedimento que gera retorno financeiro.

Wilson Silvestre: Uma última pergunta, a geração de empregos no setor se recuperou ainda está longe daquilo que tínhamos nos anos anteriores? 

Longe ela está, mas está se recuperando. É um dos segmentos que mais deu emprego nesses últimos meses. Tivemos uma pesquisa da Federação de Hotéis e vimos que o turismo foi um dos setores que mais recuperou empregos no Brasil. E podemos crescer mais. Muitos deixaram de viajar e consumir o turismo externo. Ao meu ver não apenas pelas restrições, mas especialmente por conta do valor da moeda. Diante disso, o turismo de lazer cresceu aqui e ele mesmo foi o que mais recuperou em termos de emprego.

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