Ex-ministro Sérgio Moro só deve vir a Goiás após Podemos definir lado no estado

Presidente do diretório goiano, José Nelto é da base caiadista, mas partido pode ser o destino do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha

Postado em: 04-01-2022 às 08h22
Por: Marcelo Mariano
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Presidente do diretório goiano, José Nelto é da base caiadista, mas partido pode ser o destino do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha | Foto: Reprodução

Para evitar constrangimentos, o pré-candidato a presidente pelo Podemos, Sergio Moro, dificilmente fará uma visita a Goiás enquanto a situação do partido no estado estiver indefinida, segundo um apoiador goiano do ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro (PL).

O deputado federal e presidente estadual do Podemos, José Nelto, faz parte da base do governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil), embora tenha demonstrado uma resistência inicial ao nome de Daniel Vilela, que comanda o diretório do MDB em Goiás, como candidato a vice na chapa caiadista para as eleições de 2022.

Nelto não é o único, mas, por ora, é quem mais fala sobre Moro em Goiás. Ele tem como objetivo organizar uma visita do presidenciável do Podemos ao estado em janeiro ou fevereiro para discutir suas propostas e lançar seu livro “Contra o sistema da corrupção”. A viagem, contudo, pode demorar um pouco mais.

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O parlamentar também quer que Caiado, ex-aliado de Bolsonaro, declare voto em Moro já no primeiro turno. Como o jornal O Hoje mostrou anteriormente, o governador goiano tem, de fato, uma afinidade com o ex-ministro desde quando ele ainda era o juiz responsável por julgar em primeira instância os casos da Operação Lava Jato em Curitiba.

Vale destacar, ainda, que, a nível nacional, o partido de Caiado, a União Brasil, resultado da fusão entre DEM e PSL, desistiu de lançar candidatura própria a presidente e discute uma possível aliança com Moro.

Tanto é que, diante desse cenário, Nelto costuma afirmar, quando questionado sobre a possibilidade de Caiado estar no mesmo palanque de Moro, que o governador não tem outra alternativa senão o pré-candidato a presidente de seu partido.

O problema é que o Podemos pode ser o destino do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, que desponta como o principal nome de oposição ao atual governo. Ele deixou o MDB depois da aliança entre Caiado e Daniel, e procura uma legenda para viabilizar sua candidatura ao Palácio das Esmeraldas.

Mendanha tem outras opções na mesa, como PL, Republicanos, Pros e PTC, mas as conversas com o Podemos começaram antes mesmo de Moro se filiar ao partido. O prazo final para bater o martelo é a janela partidária, que se encerra no início de abril.

Em dezembro, depois da filiação de Moro, a deputada federal por São Paulo e presidente nacional do partido, Renata Abreu, publicou uma foto nas redes sociais ao lado de Mendanha, com elogios à sua gestão como prefeito de Aparecida de Goiânia, confirmando os rumores de que as negociações continuam a todo vapor.

A conexão de Mendanha com o Podemos é feita por meio de seu secretário municipal de Relações Institucionais, Felipe Cortez, presidente do diretório metropolitano do partido e influente junto à executiva nacional.

Se a articulação de Cortez prevalecer, a tendência é a de que Nelto deixe o Podemos e leve com ele prefeitos do partido que o apoiam. Nesse caso, o secretário de Relações Institucionais de Aparecida de Goiânia é quem tomaria a frente da coordenação da campanha de Moro em Goiás.

Nos bastidores, aliados de Mendanha dizem que ele não gostaria de se envolver muito na disputa nacional. No máximo, sua preferência seria por um candidato de centro da terceira via. Moro é da terceira via, mas está mais para direitista do que centrista.

Porém, caso o prefeito de Aparecida de Goiânia se filie mesmo ao Podemos, ele terá necessariamente de estar ao lado do ex-juiz. Caiado, por sua vez, buscaria a neutralidade, assim como fez nas eleições de 2018.

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