Caiado venceu em 26 das 28 cidades com prefeito do MDB
Insatisfeitos com a aliança entre o governador e Daniel Vilela argumentam que o caiadismo já está consolidado em municípios administrados por emedebistas
Por: Marcelo Mariano
Em 2018, Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil), eleito governador em primeiro turno, venceu em quase todos os municípios goianos, inclusive em 26 dos 28 que, atualmente, têm prefeitos do MDB, partido presidido no estado por Daniel Vilela, pré-candidato a vice na chapa caiadista no próximo pleito.
A estrutura emedebista no interior é um dos principais argumentos usados por lideranças do partido para justificar a parceria entre Caiado e Daniel. Nos bastidores, contudo, aliados de alguns insatisfeitos com essa aliança afirmam que o governador já tem força consolidada nas cidades administradas pelo MDB.
Das 28, Caiado só não ganhou em Campos Verdes e Guarani de Goiás, cujos prefeitos são Haroldo Naves e Janézio, respectivamente. Só em uma delas, porém, o MDB saiu vitorioso nas eleições de 2018.
Em Campos Verdes, Daniel teve 1.182 votos (44,98%) contra 1.039 (39,54%) de Caiado e 201 (7,65%) de Zé Eliton (PSDB). Em Guarani de Goiás, os tucanos ficaram em primeiro lugar, com 1.488 votos (55,44%), seguidos pelo DEM, com 860 (32,04%). O MDB de Daniel ficou em terceiro, com 176 (6,56%), pouco à frente de Kátia Maria (PT), com 152 (5,66%).
Em todas as outras (Aloândia, Anhanguera, Barro Alto, Buriti Alegre, Cachoeira Dourada, Caçu, Castelândia, Estrela do Norte, Hidrolina, Itarumã, Jandaia, Jataí, Joviânia, Mineiros, Mutunópolis, Nova Aurora, Novo Planalto, Orizona, Ouvidor, Pontalina, Santa Rita do Novo Destino, Santa Terezinha de Goiás, Santo Antônio da Barra, São Patrício, Taquaral de Goiás e Valparaíso de Goiás), Caiado venceu com certa tranquilidade.
Há um outro fato que também chama a atenção dos insatisfeitos. Em 2018, Daniel foi o segundo mais votado em todo o estado, mas, nos 28 municípios hoje comandados por emedebistas, o presidente do partido em Goiás teve resultado inferior ao de Zé Eliton em quase a metade.
Ao todo, foram 13 cidades. São elas: Barro Alto, Buriti Alegre, Caçu, Castelândia, Estrela do Norte, Hidrolina, Mutunópolis, Pontalina, Santa Rita do Novo Destino, Santo Antônio da Barra, São Patrício e Valparaíso de Goiás, além da já citada Guarani de Goiás.
Em algumas delas, Daniel ficou em quarto lugar, perdendo até mesmo para a candidata do PT. São os casos de Barro Alto, Hidrolina, Mutunópolis e São Patrício, onde o emedebista obteve apenas 398, 152, 66 e 53 votos, respectivamente.
Pessoas próximas aos insatisfeitos argumentam, ainda, que a grande maioria desses municípios tem pouca expressão eleitoral. Nas eleições de 2020, na verdade, o MDB, atrás só de DEM e Progressistas, teve um dos melhores resultados nas urnas, especialmente devido às vitórias em Goiânia e Aparecida de Goiânia, as duas maiores cidades do estado, mas o cenário mudou a partir do ano seguinte.
Prefeito eleito de Goiânia, Maguito Vilela, pai de Daniel, não chegou a assumir o cargo porque faleceu em decorrência de complicações da Covid-19 no início do ano, dando lugar a Rogério Cruz (Republicanos). Em abril, vale lembrar, secretários emedebistas romperam com a atual gestão da capital.
Por sua vez, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, reeleito com mais de 95% dos votos, deixou o MDB no final de setembro por discordar da aliança entre Caiado e Daniel, e agora busca um novo partido para viabilizar sua candidatura ao governo estadual.
Assim, dos 14 municípios goianos com mais de 100 mil habitantes, de acordo com estimativa de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente Valparaíso de Goiás (7ª) e Jataí (14ª) contam com prefeitos do MDB (Pábio Mossoró e Humberto Machado, respectivamente).
Aliás, em Jataí, terra natal de Daniel, o desempenho de Caiado em 2018 (24.559 votos) foi melhor do que o de Humberto Machado em 2020 (23.546), o que reforça a avaliação, segundo os insatisfeitos com a aliança, de que o MDB não tem muito a acrescentar ao governador.
