Joesley Batista e Ricardo Saud entregam-se à PF em São Paulo

A prisão temporária foi autorizada pelo ministro do STF Edson Fachin a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot

Postado em: 10-09-2017 às 14h30
Por: Lucas de Godoi
Imagem Ilustrando a Notícia: Joesley Batista e Ricardo Saud entregam-se à PF em São Paulo
A prisão temporária foi autorizada pelo ministro do STF Edson Fachin a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot

O empresário Joesley Batista e o ex-executivo da J&F
Ricardo Saud se entregaram por volta das 14h15 à Polícia Federal (PF), em São
Paulo. A informação foi confirmada pela assessoria da companhia. A prisão
temporária foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson
Fachin a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

O pedido de prisão foi feito depois de Janot concluir que os
colaboradores esconderam do Ministério Público fatos criminosos que deveriam
ter sido contados nos depoimentos. A conclusão de que os delatores omitiram
informações passou a ser investigada pela PGR a partir de gravações entregues
pelos próprios delatores como complemento do acordo.

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A PGR também pediu a prisão do ex-procurador da República
Marcelo Miller, mas Fachin disse que não há elemento indiciário com a
consistência necessária à decretação da prisão temporária.

Fachin havia determinado que o cumprimento dos mandados
ocorressem com a “máxima discrição e com a menor ostensividade”, evitando o uso
de algemas, pois não se trata de pessoas perigosas. “Deverá a autoridade
policial responsável pelo cumprimento das medidas tomar as cautelas
apropriadas, especialmente para preservar a imagem dos presos, evitando
qualquer exposição pública”, diz a decisão.

No sábado (9), a defesa do grupo J&F colocou à
disposição os passaportes do empresário Joesley Batista e do ex-diretor de
Relações Institucionais da holding Ricardo Saud. A defesa do ex-procurador
Marcelo Miller também colocou os documentos dele à disposição.

Defesa

A defesa do empresário Joesley Batista e do ex-executivo do
grupo J&F Ricardo Saud contestou, por meio de nota, que eles tenham mentido
ou omitido informações no processo que levou ao acordo de delação premiada.

“Em todos os processos de colaboração, os colaboradores
entregam os anexos e as provas à Procuradoria [Geral da República] e depois são
chamados a depor. Nesse caso, Joesley Batista e Ricardo Saud ainda não foram
ouvidos”, diz a nota.

A defesa relembra que, no dia 31 de agosto, cumprindo o
prazo do acordo, foi entregue à PGR, além dos áudios, anexos complementares
para compor a delação. Os advogados apontam ainda que eles aguardam para serem
ouvidos.

“O empresário e o executivo enfatizam a robustez de sua
colaboração e seguem, com interesse total e absoluto, dispostos a contribuir
com a Justiça”, afirma a defesa.

Advogado

O advogado de Joesley e Saud, Antônio Carlos de Almeida
Castro, conhecido como Kakay, divulgou uma nota afirmando que os delatores
cumpriram rigorosamente tudo o que lhes era imposto ao assinarem o acordo de
delação premiada.

“Não pode o Dr. Janot [Rodrigo Janot, procurador-geral da
República] agir com falta de lealdade e, insinuar que o acordo de delação foi
descumprido. Os clientes prestaram declarações e se colocaram sempre à
disposição da Justiça. Este é mais um elemento forte que levara a descrença e a
falta de credibilidade do instituto da delação”, disse o advogado, em defesa da
revisão do uso do instituto de delação premiada.

Agência Brasil 
Foto: Estadão

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