PT se esforça para minimizar rupturas e convergir nomes com expectativa de uma aliança contra Bolsonaro

Por décadas, Lula e Alckmin não falaram a mesma língua. Agora, de olho no pleito de 2022, alimentam a expectativa de uma aliança contra Bolsonaro

Postado em: 17-01-2022 às 08h44
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: PT se esforça para minimizar rupturas e convergir nomes com expectativa de uma aliança contra Bolsonaro
Por décadas, Lula e Alckmin não falaram a mesma língua. Agora, de olho no pleito de 2022, alimentam a expectativa de uma aliança contra Bolsonaro

Figuras próximas ao ex-presidente Lula (PT) enxergam a construção de uma chapa com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (Sem partido), praticamente certa. No entanto, a aproximação de ambas as lideranças sempre foi enxergada com desconfiança pelo eleitorado, haja vista que o petista e o ex-tucano já protagonizaram inúmeros episódios de rivalidade no passado.

Por décadas, os dois seguiram sem falar a mesma língua. Mas agora, ainda que de maneira tímida, alimentam a expectativa de uma  aliança focada na disputa de 2022. Ao que tudo indica, Alckmin poderá figurar na vice de Lula. Políticos mais próximos asseguram que ambos estão completamente dispostos a “superar as diferenças” em prol de uma objetivo maior: afastar o presidente  Jair Bolsonaro (PL) do comando do País.

Sem chance

Continua após a publicidade

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, afirmou, em entrevista ao Correio Braziliense, que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (se partido) não tem “a menor chance de ser vice do Lula pelo PSD”. “Nós não vamos deixar uma pessoa do gabarito de Geraldo Alckmin se filiar sonhando com algo que possa não acontecer”, disse.

“O Geraldo Alckmin iniciou dizendo que seria candidato a governador, e nós acolhemos a sua candidatura”, declarou o presidente nacional do partido. “Em um determinado momento, ele nos procurou, desistindo de ser candidato a governador, o que eu entendo. Não existe nenhuma mágoa, nenhuma restrição à conduta.”

Enquanto o PSD ainda sonha com a candidatura ao Palácio do Planalto do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, Alckmin mantém conversas com PSB, Solidariedade e PV de olho na vice de Lula.

Indiferente

Apesar da dificuldade que algumas lideranças tem em engolir ambos os nomes do mesmo lado, o PCO sinalizou no último final de semana que, tendo ou não Alckmin na vice, Lula poderá contar com a sigla. Apesar de figurar como nanico e representar a ultraesquerda, um dirigente disparou em nome do partido: “Não vamos nos comprometer com o programa dele, mas Lula representa, bem ou mal, a vontade popular, o que pode resultar numa mobilização do povo”, disse Henrique Areas. 

Papel da ex

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) decidiu que não será candidata nas próximas eleições. A informação é da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, em entrevista ao portal Metrópoles.

“Dilma não será candidata e participará da campanha, sim. Quando começarmos a organizar a campanha, Dilma estará junto”, afirmou Gleisi, sem especificar o papel que a ex-presidente terá.

Apesar de ter sofrido impeachment em 2016, Dilma manteve seus direitos políticos e, inclusiva, foi candidata ao Senado por Minas Gerais em 2018, mas não conseguiu ser eleita.

Nas últimas semanas, repercutiu o fato de que uma ala do PT queria distanciamento de Dilma, evitando-a em aparições públicas e se esquivando de dados econômicos durante seu governo com o objetivo de não atrapalhar a campanha de Lula.

Em paralelo

O pré-candidato a presidente do Podemos, Sergio Moro, aprovou o domingo para fazer críticas ao modelo de “capitalismo de compadres” adotado durante os governos do PT, que, para ele, é “sinônimo de atraso”.

“Só os empresários amigos se davam bem”, escreveu nas redes sociais. “Precisamos de uma economia moderna, competitiva, com inovação e geração de empregos. Apenas um Governo comprometido com reformas e com a qualidade das instituições pode fazer isso.”

As declaraçõe do presidenciável vieram depois de um post realizado pelo jornalista investigativo e analista político, Cladio Dantas. No twitter, Dantas disparou, primeiro, que “foi a era do clube vip das empreiteiras, que viraram grupos econômicos com atuação em setores, como energia, construção civil, limpeza urbana, petroquímico, logística, comunicação, agro e até defesa nacional. Mas os ‘gigantes nacionais’ foram anabolizados na base da propina dizimando a concorrência, detendo a inovação, subtraindo empregos e solapando o empreendorismo. Leis, normas, licenças, MPs, decretos elaborados por encomenda. Isenções fiscais aos privilegiados reduziam a arrecadação e, em consequência, os investimentos públicos”. 

Em outro trecho, o jornalista disse que projetos eram hiperfaturados, financiamentos, muitas vezes subsidiados, liberados apenas aos membros do clube, que definiam o modelo de ‘desenvolvimento’ conforme seus interesses. Recursos de fundos de pensões eram direcionados a projetos fantasmas para, de fato, financiar campanhas e enriquecer seus operadores.

 “O volume de recursos ilícitos foi tamanho q bancos foram criados, assim como centenas de offshores, operadas por uma rede de doleiros e corretores. A riqueza gerada pelo esquema mafioso bancou muita festa, jatinhos, iates, esportivos de luxo, modelos, chatôs, viagens… movimentou a indústria do showbiz, mais festas exclusivas, criou celebridades, rendeu casamentos cinematográficos e separações conturbadas, jóias”, acrescentou.

Por fim, dandas também disse que a prática rompeu fronteiras, bancou novos esquemas em regimes amigos, financiou campanhas, criou mitos do marketing político, bancados via obras de infra e logística hiperfaturadas, e outras que nunca saíram do papel. Foi um tempo de orgia, de gozo inescrupuloso e interminável. De vício”, pontuou.

Veja Também