Ex-governador Marconi Perillo garante apoio a João Doria, mas defende diálogos com PT

Ex-governador teve encontro com Lula no momento em que cresce a pressão de uma ala do PSDB contrária ao presidenciável tucano

Postado em: 26-01-2022 às 09h00
Por: Marcelo Mariano
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Ex-governador teve encontro com Lula no momento em que cresce a pressão de uma ala do PSDB contrária ao presidenciável tucano | Foto: Reprodução

Depois de vir à tona o encontro que o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) esteve com o ex-presidente Lula (PT), que visa derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas próximas eleições, começam a ficar mais claras as reais chances de aliança entre os dois partidos.

Há, dentro do PSDB, uma ala que não tem resistência ao PT e vice-versa. No entanto, isso não significa que ambos juntarão forças já no primeiro turno, uma vez que eles possuem pré-candidatos tanto a presidente quanto a governador.

“O PSDB, no ano passado, inovou ao criar o instituto das prévias para escolha do candidato a presidente. Tivemos um processo democrático, intenso e de profundo debate interno com três bons nomes”, lembra Marconi ao jornal O Hoje.

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O tucano complementa: “[O governador de São Paulo, João] Doria ganhou as prévias e se legitimou como nosso candidato, e eu vou fazer nessa eleição o que eu sempre fiz, que é apoiar o candidato do meu partido. Tenho uma história no PSDB, com 27 anos de filiação, e dessa vez não vai ser diferente”.

Mesmo assim, o ex-governador defende as conversas com Lula, seu adversário pelo menos desde 2005. “Dialogar com as pessoas eu defendo radicalmente. É salutar para a democracia”, afirma. “Sou intransigente e radical na defesa do diálogo de todas as forças democráticas no Brasil.”

A reportagem também apurou, junto a um aliado de Marconi, que, por enquanto, o contato com os petistas não quer dizer que haja algum tipo de acordo. “O Lula quer se aproximar do PSDB histórico. Pode ser que, no futuro, aconteça uma aliança, mas não está em pauta agora.” 

As rusgas do passado entre Lula e Marconi, segundo esse tucano, foram totalmente resolvidas. “Os dois sofreram muito”, frisa, em referência a “perseguições”. Por isso, “acabam cedendo um pouco mais”.

Perguntado sobre a possibilidade de caminharem juntos em um eventual segundo turno, o aliado marconista não tem dúvidas: “Com certeza”. E diz mais: “O Marconi sempre foi alguém de centro-esquerda, e suas políticas sociais também sempre foram de centro-esquerda”.

De acordo com ele, o principal problema para uma aliança antes disso é justamente o fato de que o PSDB tem candidato a presidente. “Não vejo como o Marconi não apoiar o Doria”, declara.

O marconista se mostra, ainda, confiante no crescimento do governador paulista nas pesquisas de intenção de voto para presidente, apesar de uma parte do PSDB contrária a Doria ganhar cada vez mais força.

“As prévias deixaram sequelas, mas, a partir do momento em que o Doria sair do governo e colocar a campanha na rua, as coisas mudam. Na eleição para prefeito de São Paulo, em 2016, ele largou bem atrás, em uma situação semelhante com a atual, e venceu no primeiro turno. Não se pode menosprezar um candidato assim”, argumenta.

Marconi, por ora, não definiu se será mesmo candidato a governador. A única certeza é que será candidato a algo, preferencialmente a um cargo majoritário, como o de senador, mas uma cadeira de deputado federal ainda não está totalmente descartada.

Como o PT pretende lançar a candidatura ao Palácio das Esmeraldas do ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) Wolmir Amado com o objetivo de dar palanque a Lula no estado, abre-se uma vaga ao Senado na chapa petista. Diante desse cenário, porém, é pouco provável que ela seja preenchida por Marconi.

A única forma de uma aliança entre PT e PSDB prosperar é caso Doria não consiga viabilizar seu nome na disputa pelo Palácio do Planalto, fazendo com que os tucanos desistam de ter candidatura própria. Só será possível ter certeza em relação a isso apenas depois das convenções partidárias, entre o final de julho e o início de agosto.

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