Pré-candidato à presidência Sergio Moro faz críticas a corrupção de Lula, mas alivia para Bolsonaro

Em pré-campanha pelo Podemos, Moro reforçou seu discurso de combate a corrupção

Postado em: 26-01-2022 às 09h24
Por: Raphael Bezerra
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Em pré-campanha pelo Podemos, Moro reforçou seu discurso de combate a corrupção | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

O pré-candidato à presidência e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) fez duro discurso ao apontar as contradições da condenação do ex-presidente e líder nas pesquisas, Lula (PT). Além das críticas à corrupção nos governos petistas, o ex-juíz da Operação Lava-Jato apontou o uso da máquina do governo federal para barrar investigações contra o filho do presidente Jair Bolsonaro na investigação das “rachadinhas”.

Em pré-campanha pelo Podemos, Moro reforçou seu discurso de combate a corrupção, mas se esquivou das perguntas sobre legalização das drogas, vacinação infantil e a investigação sobre os ganhos do ex-juiz quando ele assumiu uma consultoria na empresa Alvarez & Marsal. A apuração dos rendimentos de Moro na empresa americana foi pedida por um ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar “prejuízos ocasionados aos cofres públicos pelas operações supostamente ilegais dos membros da Lava Jato de Curitiba e do ex-Juiz Sergio Moro, mediante práticas ilegítimas de revolving door, afetando a empresa Odebrecht S.A., e lawfare, conduzido contra pessoas investigadas nas operações efetivadas no âmbito da chamada Operação Lava Jato. (…)”.

Sem revelar seus rendimentos, o lavajatista apontou que a Operação foi a principal responsável pela prisão de importantes líderes políticos e de organizações criminosas. “Tem esse sentimento de indignação que não era só meu, era do Ministério Público também. Quando vimos as coisas acontecerem, nós pensamos que poderíamos mudar o país, de uma forma positiva. Projeto de poder nada. A gente queria a lei sendo aplicada para ter satisfação de ver um país diferente”, argumentou.

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Segundo Moro, a Operação trouxe um sentimento de justiça para o brasileiro que passou a conviver com a condenação de criminosos do chamado colarinho branco. “Aqui a gente vê um bando de bandido e nada acontecendo. Teve a Laja-Jato que mudou isso e eles começaram a cumprir (pena), e agora tem gente que não quer mais isso”, alertou.

Segundo a empresa Alvarez & Marsal, que abrigou Moro após a saída do governo Bolsonaro, 75% de todos os honorários que recebe no Brasil são provenientes de empresas investigadas pela “lava jato”. Nos últimos anos, a empresa teria recebido, segundo reportagem da Revista Veja, quase R$ 42,5 milhões de empresas pilhadas pela atuação de Sergio Moro e do Ministério Público Federal: R$ 1 milhão por mês da Odebrecht e da Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial); R$ 150 mil da Galvão Engenharia; R$ 115 mil do Estaleiro Enseada (que tem como sócias Odebrecht, OAS e UTC); e R$ 97 mil da OAS.

Recuperação de valores com a Lava-Jato

Segundo um comunicado veiculado pela Petrobrás em dezembro do ano passado, a estatal chegou a um total de R$ 6,17 bilhões em recursos recuperados dentro dos crimes investigados na operação. Questionado pela dupla de apresentadores do Flow, Igor e Monark, Moro apontou que há ainda uma previsão de devolução de outros R$ 14 bilhões.

Perdeu em audiência para Lula

A entrevista ao vivo ao programa Flow teve um pico de 82 mil visualizações em tempo real. Sergio Moro apontou que sua pré-campanha deve focar em veículos de comunicação não tradicionais e o uso da internet como principal ferramenta para se aproximar do público. O pré-candidato à presidência busca o público mais jovem e ligado nas redes sociais e canais de entretenimento. No final de dezembro, o ex-presidente Lula visitou o Podpah e o programa atingiu 292 mil espectadores em tempo real.

A Operação Lava-jato

A Operação Lava Jato, uma das maiores iniciativas de combate à corrupção e lavagem de dinheiro da história recente do Brasil, teve início em março de 2014. Na época, quatro organizações criminosas que teriam a participação de agentes públicos, empresários e doleiros passaram a ser investigadas perante a Justiça Federal em Curitiba. A operação apontou irregularidades na Petrobras, maior estatal do país, e contratos vultosos, como o da construção da usina nuclear Angra 3. 

Por causa da complexidade do esquema, políticos e econômicos, novas frentes de investigação foram abertas em vários estados como Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal. Também resultou na instauração de inquéritos criminais junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ) para apurar fatos atribuídos a pessoas com prerrogativa de função.

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