Chapa de Gustavo Mendanha deve ser preenchida por pelo menos um “bolsonarista raíz”

Se o prefeito de Aparecida de Goiânia confirmar aliança com Bolsonaro, estarão em jogo as vagas de vice e senador para o grupo mais fiel ao presidente

Postado em: 28-01-2022 às 10h25
Por: Marcelo Mariano
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Se o prefeito de Aparecida de Goiânia confirmar aliança com Bolsonaro, estarão em jogo as vagas de vice e senador para o grupo mais fiel ao presidente | Foto: Reprodução

O prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (ainda sem partido), está namorando Jair Bolsonaro (PL) e o casamento tende a se concretizar em breve, para usar uma analogia comum no repertório do presidente.

No entanto, Mendanha não é considerado um “bolsonarista raiz” e, de acordo com um apoiador do presidente em Goiás, aliados mais fiéis a Bolsonaro tendem a se articular para preencher as vagas de vice e senador na chapa mendanhista.

É possível que os bolsonaristas goianos reivindiquem as duas vagas, mas, por enquanto, é mais provável que conquistem apenas a do Senado. O prefeito de Aparecida de Goiânia gostaria de ter autonomia para escolher seu candidato a vice, preferencialmente uma pessoa que o ajude a se tornar mais conhecido no interior.

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Dos nomes que, até agora, se colocam como senadoriáveis, Wilder Morais (PSC) e Luiz Carlos do Carmo (MDB), que podem trocar de partido, são alguns dos mais ligados a Bolsonaro. A propósito, eles fizeram um acordo no final do ano passado: se um for candidato, o outro não será.

O deputado federal João Campos (Republicanos) é mais uma possibilidade. O parlamentar tem afinidade com Mendanha, seu partido está na base do presidente e, assim como Bolsonaro, ele é ligado aos setores evangélico e de segurança pública.

Há, ainda, o caso do presidente do Progressistas (PP) em Goiás, Alexandre Baldy. Apesar de também não ser um bolsonarista de primeira hora e ter sido vetado para ocupar um cargo no Ministério da Economia, ele tem proximidade com o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, um dos homens mais fortes do Palácio do Planalto.

Além disso, o PP é uma sigla de influência no chamado centrão, importante base de apoio de Bolsonaro no Congresso, e já entrou no radar de Mendanha, que se reuniu com Baldy nesta semana. Aqui, a dificuldade, além de o dirigente pepista não agradar ao bolsonarismo raiz, é que ele faz parte da base do governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil).

Aliás, Luiz do Carmo, convém lembrar, também esteve com o prefeito de Aparecida de Goiânia nos últimos dias, e foi em seu gabinete que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e outros aliados acompanharam a aprovação de André Mendonça como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em último caso, não dá para descartar a indicação de alguém que ainda não tenha se apresentado como pré-candidato ao Senado, como o influenciador Gustavo Gayer (Democracia Cristã), que, em 2020, teve um desempenho surpreendente na eleição para a Prefeitura de Goiânia e preenche todos os requisitos de fidelidade a Bolsonaro.

O deputado federal Vitor Hugo (de saída do PSL), tido como o principal defensor do presidente no estado, segue na articulação para viabilizar sua candidatura a governador pelo PL, mas, com a iminente filiação de Mendanha à legenda, sua missão ficou mais difícil.

Chegou-se a cogitá-lo como vice na chapa de Mendanha, algo que, aparentemente, não passou de rumor, segundo o presidente estadual do PL, Flávio Canedo. O plano ‘B’ de Vitor Hugo seria mesmo tentar a reeleição, uma alternativa vista como mais segura do ponto de vista eleitoral.

Por fim, vale registrar que a pesquisa Serpes, encomendada pela Associação Comercial, Industrial e Serviços de Goiás (Acieg), com Mendanha na terceira posição, atrás de Caiado e do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), e o ex-presidente Lula (PT) à frente de Bolsonaro nas intenções de voto em Goiás, jogou um balde de água fria naqueles que lutam pela união de forças entre o bolsonarismo e o mendanhismo.

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